A Pestilência Nefasta da Tribo Ka'yngua

A última surpresa

Deus de fato me abandonou. Toda sorte que havia comigo se mostra cada vez mais distante, sinto que toda a maldição que seria passada as minhas gerações serão acometidas acumuladamente a mim por não ter gerado uma prole, sinto me como um homem fadado a maldição e condenado a vagar perdidamente pela terra.

Após três dias vagando perdidamente na mata na esperança de finalmente encontrar a maldita vila que deixamos devastada, quando finalmente consigo observá-la ao longe, qual não foi minha surpresa de encontrá-la repleta das mesmas criaturas que achamos na aldeia perdida. De início achei que os gemidos soturnos que ouvia quando me aproximava faziam parte da minha imaginação, já debilitada pela falta de sono e o cansaço de vagar perdidamente na mata.

Quase fui cercado novamente pelas feras hediondas, o braço que me foi arranhado já quase não tem mais movimentos então não poderia lutar pela minha vida mesmo se as feras não tivessem sua misteriosa força descomunal. Corri com a maior força que tive nas pernas, elas agora doem como se milhares de pregos a perfurassem constantemente, as vezes sinto um puxão como se meus músculos fossem fisgados por um pesado gancho de açougueiro.

O que mais me amedronta é que parece que algumas dessas feras me seguiram pela mata, não tenho certeza, nunca estive tão incerto como neste momento de minha vida. Escuto vozes que não estão lá, as vezes perco a audição e não escuto nada mesmo quando o vento torce os galhos das árvores com sua força. Animais aparecem e somem com a mesma facilidade de minhas vistas. Não posso mais confiar nos meus sentidos, não posso confiar mais na minha mente.

Como poderei chegar na Vila de São Paulo neste estado? Como explicarei o que aconteceu? O diário, devo proteger o diário!