Prólogo

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San Diego, E.U.A , 1979

    Era uma família perfeita, pai, mãe e elas. Cinco anos de irmandade e amizade. Cinco anos correndo na praia, inalando o ar úmido do oceano Pacifico, sentindo a areia quente da Califórnia abaixo de seus pés. Os piqueniques feitos no jardim da casa amarela, o som das dos pássaros cantando e das ondas do mar batendo contra o penhasco.

    A voz doce da mãe chamando para comer os waffers – seu café preferido. Seria uma vida perfeita – se tudo não passasse de uma lembrança trazida por uma lagrima enquanto entreva no avião com seu "novo pai".

–Mamãe! Papai! Hellena! – gritava a menina enquanto tentava sair correndo dali, mas era inútil.

–Pare com isso Carolline! –disse o homem - Não seja mal criada!

–Me solta! Eu quero a minha mãe!

–Sua mãe não está aqui! –ele se exaltou-Quantas vezes vou ter que explicar que sua família esta morta?

–É mentira! –ela sabia disso, os pais talvez até poderiam mesmo estar, mas a irmã jamais– Eles estão vivos!

–Carolline, minha querida– a voz da loira soou tão confortante que acalmou o coração da garotinha– olha, eu sei que não sou sua mãe, mas vou fazer o possível para te fazer feliz. Eu só preciso de um pouco de paciência, eu nunca tive filhos então não tenho experiência. Você vai ser minha filha, e se sua irmã tivesse sido encontrada, também seria..

      Carolline sabia que ela não havia sido encontra, mas também sabia que ela estava viva. Sabia que no dia do acidente ela não estava presente, mas se calou, fechou a boca e ficou apenas com os pensamentos que no futuro a atormentariam tanto.

      A loira pegou a menina no colo, acariciou seus cabelos negros e entrou no avião. Ali começava a nova vida da menina Carolline, a menina que acredita ter perdido a família em naufrágio duas semanas antes – mas nem toda a família. Tinha sido adotada por uma famosa cantora , mas o preço seria morar em Londres...

     "Não foi tão difícil esquecer tudo, ainda mais quando se podia ter tudo. Eu era só uma criança..." Pensou ela 34 anos depois enquanto olhava para a foto da família, reativando todas as memórias possíveis, boas ou ruins...

        Um novo flashback passou por sua cabeça, o momento exato em que ela havia recebido aquela carta. Jamais iria esquecer. Véspera de natal, a campainha toca e a garota hoje com quinze anos corre para atender. O carteiro entrega uma caixa e um envelope com seu nome escrito, sem remetente. Primeiro abriu a caixa e qual não foi seu choque quando se deparou com sua boneca preferida da infância? Seria uma coisa tola, se não fosse justo a boneca que ela havia deixado com a irmã tantos anos antes.

        Abriu o envelope assustada, só podia ser uma brincadeira–ela realmente queria que fosse. Havia um bilhete que fez seu coração palpitar:

     ""Finalmente te encontrei. Pensou que eu fosse esquecer de você? Não minha querida, esse é apenas o primeiro presente. Temos coisas para acertar. Estou de volta. Aproveite o feriado, será o ultimo que passará feliz..."

      Saiu correndo pela casa  a fora, tentando se livrar das assombrações que a perseguiam. Estava ficando louca com certeza, era a única explicação, a não ser que ela realmente a tivesse encontrado e com sede de vingança. "Vingança por que? Talvez porque eu tenha a abandonado..." – se culpava incessantemente.

      Não foi um natal como ela esperava, não conseguiu aproveitar nenhum dos presentes ou saborear algum dos deliciosos pratos da seia. A cada toque da campainha seu coração disparava em um medo súbito do que poderia acontecer, de quem poderia ser..

Fugitivos da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora