6-Uma mão lava a outra

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Steve Pov's

Só quem já encarou a morte de frente entende o quão agonizante é, eu pensava que depois da queda nada me assustaria mais, então um projetil foi disparado em minha direção, aquela coisa ficou a centímetros da minha cabeça , e quando atingiu a árvore e incendiou tudo, foi impossível não pensar que poderia ter sido eu.

As vezes paro para pensar no que já fiz na vida, será que fiz algo tão ruim a ponto de merecer isso? Duas quase mortes não são fáceis, e não vou falar que depois fica tudo bem, porque não fica, as cenas ficam se repetindo e repetindo na cabeça, dormir é impossível.

Naquela tarde Cariba tentou o máximo possível me acalmar, durante a janta o silencio reinava, Kiara estava distante e encolhida em um canto, sempre que alguém se aproximava ela sorria e falava que tava ok, mas não parecia muito bem, Cameron encarava a todos com um olhar assassino, Luke parecia furioso e não deixou ele se aproximar da fogueira ou da comida, mas ao cair da noite com todos dormindo no avião eu vi Cassandra roubando algumas frutas e levando para garoto.

Eu não tentei dormir, não queria correr o risco de ter outro sonho ruim, ao meu lado eu pude ouvir murmúrios vindos da Cariba, ela se debatia um pouco, talvez fosse outro pesadelo, eu ia acordá-la, mas Daniel que eu nem sabia que estava acordado me pediu para deixar, disse que ela não havia dormido noite passada e que logo o sonho acabaria.

Sem conseguir dormir ou relaxar deixei o avião, o vento frio da madrugada bateu forte contra meu corpo, o mar parecia mais violento que o normal, vaguei meio sem rumo abraçando meu próprio corpo na tentativa de manter o calor,  ouvi um resmungo vindo da fogueira e achei melhor checar.

-Kiara?- A loira estava agachada na areia com o kit de primeiros socorros no colo, tinham algumas coisas ao seu redor e seus olhos pareciam marejados.

-Ah, oi, você tá de pé, eu não sabia- Ela limpou um lagrima que escorreu pela lateral de seu rosto e se levantou deixando tudo de lado, seu braço direito estava grudado contra o tronco- Tudo bem?-

-Na medida do possível- dou de ombros- O que está fazendo, precisa de alguma coisa do kit?- 

-Nã...- Ela tentou reprimir uma careta assim que mexeu o braço muito rápido- Você arrumou esse kit não é? Além da pomada contra infecção e das aspirinas, tem alguma coisa pra dor?- 

-Dor?-

-É , analgésico, qualquer coisa- mais uma lágrima escapou de seu rosto.

-Eu tinha visto uma caixinha com analgésico, mas não sei se são muito bons-

-Serve- Ela parecia meio desesperada- Onde tá?-

-Kiara porque quer isso? É seu braço? Me deixa ver- ela negou de imediato.

-Não precisa, sério, eu to legal- 

-Tão legal que está desesperada atrás de um analgésico, me deixa ver seu braço- me aproximo estendendo a mão, a garota recua, mas logo suspira e volta a se aproximar.

Ela estica o braço devagar e mesmo sem retirar a tala que imobilizava seu pulso eu pude notar o inchasso.

-Desde de quando está assim?-

-Eu achei que tinha melhorado, não tava sentindo tanta dor, ontem durante o acidente com o sinalizador eu acabei caindo encima dele, acho que com o sangue quente devido ao acontecimento eu não senti nada, mas agora começou a doer e...- ela fungou e respirou fundo- ta difícil de aguentar-

-Porque não avisou?-

-Já temos brigas e problemas demais, fora que quero poder ajudar nas tarefas-

Resgate voo 29Onde histórias criam vida. Descubra agora