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Ao chegar em casa, vou direto para o meu quarto e deito, fitando o teto.

Que tédio. O que vou fazer agora? Não sei se ligo para os meus amigos, se como alguma coisa.. Desculpa! Mas é que amo comer. (Como se isso não fosse notável.) Quem não ama comer?
São seis horas da tarde. E não tenho absolutamente nada para fazer. Argh. Não sei se escrevo, se desenho, se leio alguma coisa.. Não é como se eu tivesse algum talento, não - a vida não me proporcionou nada de bom- mas.. Acho que ler não seria tão mal assim. Nem ver um filme. Ótimo! Posso convidar meus amigos para vermos um filme em minha casa.
Ao menos sirvo para algo,  penso.

Imediatamente pego meu telefone e ligo para todos eles. Como hoje é sexta, não há problema para eles.

Em uma hora eles chegam e eu faço uma tonelada de pipoca. Literalmente, uma tonelada. Tá, exagerei, mas..

Argh. Me lamento por ser uma pessoa.. triste. Com um vazio no coração. Um vazio nos meus olhos, um vazio no meu dia a dia, sem ter ninguém para conversar, nada de gratificante e interessante para ler..

Minha vida é uma droga. Não tem nada de bom nela. Não sei tocar um instrumento, não sei desenhar um vestido, um rosto, uma pessoa, mal sei fazer comida, não tenho uma mãe presente, não sei quem é minha família ou melhor dizendo, nos vemos muito raramente. Mesmo, é até difícil nos vermos no final de ano e Natal. Coisas assim. Tenho meus amigos que são muito importantes pra mim mas.. Eles não preenchem o meu vazio.

Com meu telefone no bolso, sinto-o vibrar. É mensagem da Tamar Collins, a menina mais popular do colégio.

Tamar  Collins me mandando mensagem? Que houve com essa garota,  minha gente?!

Leio a mensagem.

TC: Olá Naara! Gostaria de te convidar para uma festa, será na minha casa, hoje!

Ahn..

Naara: Olá, Tamar! Aceito sim, que horas será a festa?

TC: Às oito. Te espero, viu!? Beijocas!

A proposta é tentadora. Bem, eu vou, afinal de contas, não devo satisfação e não tenho compromisso com ninguém. Acho que será bom se eu for, talvez encontre algo para o meu vazio.

-Posso saber com quem tanto conversava, dona Grace? - diz Pri, em um tom desconfiante mas sei que está ironizando.

-Com Tamar. Tamar Collins. Ela mesma, acredita? Me chamou para ir em uma festa que terá em sua casa. Que tal vocês irem comigo, depois do filme? Creio que será ótimo! - falo meio entusiasmada mas Rute e Pri dizem que não e um "obrigada." Começam a falar que eu não devia ir neste tipo de festa e blá, blá, blá.

-Aff gente, só acho que vocês deveriam curtir mais a vida. Vão dizer que não gostam de festas?

-Eu vou com você, amiga! - Ester se pronuncia.

-Ao menos uma. E você, Daniel?

-Hoje não vai dar, estou muito cansado e ainda tenho que dar uma mãozinha ao meu tio no trabalho. Desculpe.

Rute chega perto de mim e sussurra em meu ouvido.

"Não é lá que você vai encontrar a Fortaleza e preencher seu vazio."

Ignore esta garota, Naara. Não passa de uma careta vivendo cheia de regras. Quer ficar como ela? Se fosse você, iria à festa.

Mas uma outra voz me diz:

Não vá querida. Escute Rute, ela é sua amiga. Só quer seu bem. Assim como Eu também sou seu amigo, mesmo que você ainda não aceite, e por isso estou te avisando. Ouça-me, Naara, filha minha. Só quero o seu bem. Não vai Me encontrar lá.  Não vá..

Antes de qualquer coisa, eu tapo minhas orelhas e começo a gritar. Todos os meus amigos já haviam ido embora. Passou tão rápido que eu nem vi e não me recordo do filme que assistimos.

Sete e meia é o horário que aponta no meu telefone e vou me arrumar em seguida.

♡\♡

Chego pronta na festa. Nunca fui o tipo de pessoa muito vulgar mas confesso, hoje resolvi dar uma.. escapadinha. Estou com uma saia preta pouco acima do joelho bem justa e uma blusa vinho por dentro. Meu cabelo está solto e virado para um lado só, deixando a mostra o meu grande brinco prata. Hoje, possivelmente,  eu arranjo alguém que me faça feliz e preencha o meu vazio.

Mas aquela voz ainda falava comigo.

Você não Me encontrará lá.

Meneio a cabeça negativamente e sigo para a festa. Abrindo a porta, não demora alguns olhares para mim e eu gosto daquilo, ao menos algo bom há em mim. As minhas vestes. Será ou estou uma oferecida?  Argh, não importa! Hoje eu vou me divertir e ninguém vai me impedir. Vou beber umas poucas - ou muitas.. opa :*  - e boas.

Saia daí, Naara.

Aquela voz ainda me atormentava. Que saco!

Finalmente encontro Tamar e ela vem correndo até mim. Não sei como consegue de salto alto.

-Naara! Que bom que veio! Está uma gata, amiga! - Ela diz sorrido e mesmo que não sejamos amigas tento dar um sorriso amigável. Pouco a pouco, ela me apresenta seus amigos completamente empolgada. Um me chama atenção. Ele é  - segundo Tamar - um dos seus amigos. Seus olhos têm uma cor do cinza para o cristal; seu cabelo desajeitado dá um toque mais charmoso e a sua mão  grande segura o copo. Antes que alguém perceba que estou ali parada olhando para alguém completamente gato mas desconhecido, decido me movimentar e pego uma bebida no caminho, sentando num sofá vazio. Para a minha infelicidade, o garoto dos olhos cinza para o cristal  que não lembro mais o nome senta ao meu lado.

Era só o que me faltava.

__________♥__________

Oi gente! Me perdoem por este capítulo pequeno, mas é que no próximo capítulo terá um novo personagem que narrará.

Beijos de pipoca, Isa ♥




"O Amor, amou." (3:16)♥ (Concluído) Primeira TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora