Megan não queria ir àquela festa. Preferia nem ter viajado. Tinha acabado de se formar em psicologia. Acabado de ficar noiva. E estava tão feliz que nada poderia mudar isso...
Mas uma armadilha do destino fez com que seu caminho se cruzasse com o de...
Estava sendo extremamente difícil, pra não falar quase impossível, trabalhar com o Zac. Toda hora discutíamos, nos estranhávamos e Ike tinha que acalmar os ânimos para manter o mínimo de profissionalismo entre nós. Zac tinha adorado Save me antes e agora que sabia que a música falava sobre a Megan, começou a implicar. Não queria nem gravar a demo. Mas eu bati o pé, fazia questão da música no novo álbum. Todos esses conflitos e ainda nem tínhamos iniciado os trabalhos no estúdio, me dava nos nervos pensar como seriam os próximos meses de trabalho em Los Angeles.
- Vocês dois tratem de parar com isso! – Ike nos interrompeu no meio de mais uma das infinitas discussões - Daqui a pouco voltaremos a lidar com a imprensa e vocês querem mesmo que percebam o que está acontecendo aqui? Chega! Mas que inferno! Save me fica! Nós três sabemos que será uma das músicas de trabalho do álbum. Enquanto vocês dois não se acertarem, quem vai tomar as decisões importantes sou eu. Ponto final.
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Ike estava certo, nem eu e muito menos o Zac conseguiríamos tomar decisões sensatas sem tentar provocar um ao outro. Ele sentia raiva de mim por ter roubado o amor de Megan, eu sentia raiva dele por fazer com que ela se afastasse.
- Amanhã o Ezra quer vir assistir ao ensaio da banda e não quero vocês dois discutindo perto dele, entenderam? – eu fiquei feliz em saber que veria meu filho novamente. Com toda a reviravolta que aconteceu depois que o conheci, não tive chance de reencontrá-lo.
No dia seguinte, pela primeira vez, o ensaio ocorreu sem nenhum percalço. A presença de Ezra acalmou o ambiente e conseguimos nos concentrar no trabalho e até começar a compor juntos de novo.
- Eu quero muito assistir o show no pub! Posso? – Ezra pedia permissão ao Ike e parecia maravilhado com o que via. Estava na cara que o garoto queria ser músico também e fiquei orgulhoso disso.
- Sua mãe não vai gostar nada dessa ideia. – Ike olhou para mim, deixando transparecer preocupação no olhar. Fiquei imaginando a cena de ter o Ezra e a Natalie assistindo aos shows daqui pra frente, acompanhando a turnê. Era ótimo ter meu filho por perto, mas a mãe dele me dava arrepios e não no bom sentido.
Terminado o ensaio, fiquei um bom tempo com o Ezra no teclado, nos dávamos tão bem que tive a impressão de que nos conhecíamos a vida inteira tamanha a afinidade entre nós. Ficou claro que ele era apaixonado pelo piano, que estudava e tinha real interesse em aprender a tocar. E quando fui me despedir, ele me surpreendeu com um pedido.
- Tay, será que posso ir com você? Quero aprender mais. Se você não tiver compromisso é claro. – olhei para o Ike, buscando a sua aprovação e quando ele suspirou e assentiu eu abri um enorme sorriso e levei meu filho pra casa comigo.
Durante o resto da semana, convivi com o Ezra diariamente e a nossa relação melhorava a cada dia. Ele saia da aula e nos encontrava no pub e depois eu o levava para casa onde conversávamos sobre tudo e tocávamos juntos. Ele não mudaria para Los Angeles por causa da escola, então aproveitava cada minuto que podia para curtir o meu filho antes de viajar.
O show no pub foi um sucesso e o público reagiu bem às novas composições, o que foi importante para nós. Sabíamos que estávamos no caminho certo.
Eu me surpreendi de verdade ao ver que a garota que Zac estava saindo era a Lucy. Isso fez meu sangue ferver. Ele estava sendo hipócrita ao me julgar enquanto se envolvia com a melhor amiga da Megan.
Mesmo sabendo que Megan jamais apareceria por lá, não consegui evitar procurá-la em meio à multidão. Queria tanto que ela acreditasse no amor que eu sentia, na intensidade da nossa história e parasse de uma vez por todas de fugir de mim. Nós partiríamos amanhã para Los Angeles e não queria ir sem antes ao menos conversar com ela, olhar nos seus olhos e saber que, de alguma forma, vamos ficar bem.
Acabei bebendo demais e o assédio das mulheres após o show estava me incomodando. Fui grosseiro com algumas, inclusive com Haley que insistia em tentar algo comigo. Eu só queria a minha linda. Estava atormentado de saudade.
Deixei o carro no pub e resolvi ir caminhando pra casa que ficava apenas a alguns quarteirões dali. Precisa espairecer, sentir o ar fresco da noite e pensar um pouco. Peguei meu celular e liguei para a Megan repetidas vezes, mas só dava caixa postal. Andava pelas ruas observando as pessoas nos bares e restaurantes da cidade. Ouvia as risadas altas, os grupos de amigos se divertindo, os casais apaixonados se beijando. Meu coração ficou apertado ao me lembrar dos nossos momentos no Brasil, de quando vivemos dias intensos como um verdadeiro casal e de toda paixão que sentíamos um pelo outro. Eu queria aquela mulher pra mim... pra sempre.
De tanto que a buscava em cada garota que olhava, pensei que estivesse tendo uma alucinação quando a vi ali... Olhei de relance e meu coração disparou, olhei novamente pelo vidro do restaurante para me certificar de que era mesmo ela. Por um momento, desejei que não fosse... Megan estava sorrindo pra ele e vi quando a mão do cara ao seu lado tocou despretensiosamente o seu braço em cima da mesa. Quem era aquele homem com ela? Senti o sangue subir, meu rosto queimar. Fiquei até sóbrio de novo. Mas que merda era aquela?
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