"Words like violence
Break the silence
Come crashing in
Into my little world"
Enjoy the Silence – Depeche Mode
POV TaylorNatalie me olhava com desconfiança, claramente se perguntando o que eu estava fazendo ali, ao lado de Ezra, na sala de sua casa. Eu nunca tinha entrado lá antes. Procurava respeitar o espaço dela. Além disso, sabia que jamais seria bem-vindo ali.
Ike também me observava, procurando por respostas. Ele era meu irmão. Eu o amava. A gente se entendia. Balancei a cabeça negativamente, respondendo a pergunta implícita em seu olhar. Não. Ezra não sabia a verdade.
Mas estava prestes a descobrir.
Meu coração disparou. Eu me sentia um hipócrita. Um verdadeiro cretino. Todo esse tempo sem dizer uma palavra, e a verdade me atingiu como um raio em meio à tempestade. Eu era um covarde. Era isso. Eu me justificava dizendo que queria protegê-lo, quando na realidade estava morrendo de medo de que ele descobrisse quem eu era de verdade.
Ele começou a falar. Minha concentração fixou-se na expressão do rosto de Natalie. Eu mal conseguia ouvir o que Ezra falava. A respiração descontrolada se alinhou à batida frenética do meu coração, silenciando tudo ao meu redor.
Meu passado insólito insistia em me derrubar. Era mais que isso. Os pensamentos me espancavam. Quando ela levou as mãos à boca e seus olhos inundados com as lágrimas se voltaram para mim, sabia exatamente o que ela carregava no coração. Ódio.
Ela me odiava. Eu me odiava. E ele com certeza me odiaria.
- Mãe, me desculpa! Eu sei que você sempre conversou comigo sobre isso, mas está tudo bem! Eu e a Cindy estamos enfrentando tudo isso juntos e com a ajuda do Taylor, por isso pedi que ele estivesse aqui comigo. - ela soltou um riso debochado e arregalou os olhos em minha direção.
- Ajuda do Taylor? Você deve estar de brincadeira comigo! – o riso nervoso aumentava ainda mais a tensão. Meu corpo pesava tanto ao ponto de não conseguir me mexer. – Isso é algum tipo de piada doentia? – eu sabia que a pergunta era direcionada a mim, mesmo assim, não conseguia mover os lábios. As palavras simplesmente não saíam.
- Eu não entendo porque está agindo assim! – Ezra continuou - Pensei que fosse me entender! Você e o meu pai passaram por isso também!
- Seu pai? - ela olhou pra mim e soltou uma risada irônica. Desesperada.
Natalie andava de um lado para o outro da sala, passando as mãos pelo cabelo. Ike tentou tocá-la, confortá-la de alguma forma, mas ela recuou.
- Calma, Natalie! Você precisa se acalmar! – ele estava tão preocupado com os sentimentos da esposa. Tão angustiado. Era a mulher que ele amava. Era o seu filho também. A sua família. E ele estava prestes a ver tudo que construiu desmoronar bem ali, por minha causa.
- Eu sei que posso ter decepcionado vocês, mas estou aqui para deixar claro que vou assumir a responsabilidade e criar o meu filho. – Ezra pareceu irritado, mas logo abrandou o tom de voz - Vou seguir o exemplo de vocês, porque sei que são felizes até hoje!
- Você não sabe de nada! Você não faz ideia do que eu passei quando engravidei de você! Não faz a menor ideia!!! – Natalie perdeu completamente o controle. Eu parei de respirar.
- Você está querendo dizer o quê? Que meu pai não te apoiou desde o início? É isso? É isso, pai? Alguém me responde!
- Por que você mesmo não pergunta a ele? Pergunta para o seu pai o que ele fez! Pergunta para o seu pai o que ele me pediu pra fazer quando descobriu que eu estava grávida de você!! - gritava. Seus olhos apontaram para mim.
- Natalie, por favor, se acalma! Agora não é o momento. - Ike tentava racionalizar.
Não adiantou.
O inferno dentro dela refletia no seu olhar. O inferno que eu causei. Natalie me olhava com desprezo e só o que enxergava era aquele adolescente irresponsável e egoísta que jogou na sua cara que aquele filho não era dele. Que falou que o melhor seria que ela tirasse a criança! Que gritou aos quatro ventos que jamais assumiria a responsabilidade! O garoto que a deixou sozinha no momento que mais precisava. Que fugiu e a deixou para trás. Que preferiu uma vida vazia e sem sentido a ter que conviver com ela e a criança.
- Do que você está falando, mãe? Você está me assustando! Meu pai sempre esteve ao seu lado! Você mesma falava que sem ele não sabia o que teria feito!
- Chega dessa história!! CHEGA!! Você conseguiu o que queria, Taylor! Agora conta a verdade pra ele! Faça ele me odiar. Faça ele te odiar!
- Me perdoa, filho. - minha garganta estava seca e as palavras saíram demasiadamente baixas, mas foi o suficiente para que Ezra voltasse a sua atenção para mim.
- Perdão? Pelo quê? Do que é que vocês estão falando? Parecem loucos! Eu estou aqui contando que vou ser pai e vocês ficam agindo desse jeito! Qual é o problema de vocês?
- Eu devia ter imaginado que uma coisa assim podia acontecer!!! A culpa é sua, Taylor! De todas as coisas que ele podia ter puxado de você, por que justo a irresponsabilidade? Isso é um castigo! - eu me perguntava se naquele momento ele já havia compreendido o que Natalie falava. Sua expressão era confusa. Atordoada. - E agora, Ezra? Vai abandonar a garota também? Vai seguir mais esse exemplo do seu pai?
- Ezra, sua mãe está nervosa demais! Eu posso explicar! - Ike tentava manter a calma, mas a sua voz saiu embargada pelas lágrimas que se esforçava para conter.
- Ike, por favor... Eu preciso contar. - eu precisava contar. Ele tinha que ouvir de mim.
- Tay... - não faço ideia do que se passava na cabeça dele, mas meu nome escapou como uma súplica de seus lábios. Ele estava assustado. Eu também. – Me fala que isso não é verdade...
Ele se afastou de mim. Ele sabia. Ele entendeu.
Eu queria poder voltar no tempo e consertar todas as merdas que fiz. Eu queria poder voltar no tempo e me certificar que ele nunca passaria por isso. Que nunca sentiria a dor que estava refletida em seus olhos agora.
- Eu sou o seu pai, Ezra. – falei, abandonando os braços ao redor do corpo.
Derrotado. Era assim que eu me sentia. Completamente derrotado, como se tivesse perdido a batalha mais importante que já travei na vida. A batalha pelo amor do meu filho. Eu perdi. Naquele momento, eu perdi.
A montanha russa estava de ponta cabeça de novo.
Tradução da música
"Palavras agem com violência
Rompem o silêncio
Chegam destruindo
O meu mundinho"
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DEPOIS DAQUELE BEIJO... (CONCLUÍDA)
Chick-LitMegan não queria ir àquela festa. Preferia nem ter viajado. Tinha acabado de se formar em psicologia. Acabado de ficar noiva. E estava tão feliz que nada poderia mudar isso... Mas uma armadilha do destino fez com que seu caminho se cruzasse com o de...