56 - UNDERNEATH

2.1K 195 55
                                    

"If only you could feel what I dream

Maybe you could hear what I mean

There is nothing gone

But there's something missing"

Underneath - Hanson

POV Megan

Maldita hora que aceitei aquela proposta! Estava no banheiro escovando os dentes para dormir, e o fazia com tanta força que minha gengiva chegou a sangrar. Lá estava eu, apavorada com a ideia de voltar para o quarto. E estava assim porque, em razão do nosso acordo, iria partilhar a mesma cama com Taylor. Não sei o que me deu na cabeça de aceitar uma coisa dessas!

- Merda! — disse em voz alta. Nunca poderia imaginar que um inocente "não me exclua da sua vida" incluísse dormir juntos. A verdade é que ele sempre me colocava contra a parede e eu acabava cedendo. 

E por falar em ser colocada contra a parede, fechei os olhos e me lembrei da sua declaração no hospital, seguida do beijo apaixonado. Recordei cada sensação de ter aquelas mãos enormes tocando meu corpo. Deus, eu tinha algum tipo de fixação por aquelas mãos.

"Controle-se, Megan!"

Olhei-me no espelho. Estava corada e os lábios tremiam ligeiramente. Meus olhos estavam assustados. Não estava acostumada a me sentir assim. Pelo menos, não me lembrava de me sentir tão vulnerável a um homem. Lembrei-me dele, do seu rosto, dos seus olhos azuis, da sua boca, do seu cabelo... Droga! Por que tenho essa vontade absurda de tocar o cabelo dele?

Olhei para baixo e reparei que minhas mãos agarravam a pia com tanta força que estavam ficando brancas. Soltei-as bruscamente. Como um raio, uma compreensão inquestionável me atingiu. Eu não tinha medo do Taylor, tinha medo das reações que ele provocava em mim. Eu tinha medo de mim mesma.

Olhei mais uma vez minha imagem no espelho, analisando a roupa que tinha escolhido para dormir: um pijama preto e demasiadamente curto. O tecido de seda dançava sobre a minha pele e o toque gelado era agradável, já que fazia muito calor. No fundo, eu sabia que escolhi para provocá-lo, mas preferia ignorar as minhas próprias razões.

Não ia continuar adiando aquilo. Ao abrir a porta e olhar para a cama, paralisei. O quarto estava iluminado apenas por um abajur que ficava numa mesa de cabeceira ao lado dele. Taylor lia um livro, deitado confortavelmente, um braço dobrado atrás da cabeça, parecendo concentrado. Usava uma cueca boxer preta e... mais nada. Iluminados pela luz amarelada, os pelos daquele peito nu ganhavam um brilho acobreado. Não consegui mais tirar os olhos.

- Está tudo bem? — perguntou parando de ler e olhando pra mim. Seu olhar fez uma longa viagem por cada centímetro do meu corpo e eu logo me arrependi da escolha que fiz. Desviei imediatamente os olhos e caminhei em direção à cama olhando para o chão.

- Tudo bem. — respondi. Dei a volta, indo para o lado oposto ao dele, grata por aquela cama enorme proporcionar uma distância razoável entre nós. Mesmo assim, deitei toda dura, bem na pontinha, puxando a coberta até o pescoço.

- Frio? — ele perguntou irônico, segurando o riso. Aquilo me irritou.

- Sim, estou com frio. — respondi fazendo o meu melhor para aparentar naturalidade.

- Você quer que eu aumente a temperatura? – sua voz maliciosa estava perto demais do meu ouvido.

- Como é? – respondi, me virando para encará-lo. Se ele tentasse alguma gracinha, ia ser a desculpa perfeita para expulsá-lo dali.

DEPOIS DAQUELE BEIJO... (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora