04. 껴 안고

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Chegamos no campus e estacionei o carro próximo da antiga vaga, então fomos para o interior do dormitório, nos despedindo de Jin e Park.

— Você deve achar que somos um bando de malucos e bêbados. — Yoongi comentou, enquanto permitia o álcool o alcançar cada vez mais, encostando a lateral de seu corpo na parede próxima da porta naquele corredor largo e vazio do dormitório. Ele observava com muita atenção a forma que eu pegava a chave e colocava sobre a fechadura, rodando-a, então.

— Mas foi divertido. — Ri, adentrando o quarto. — Amei ouvir os podres de vocês.

Pedi para Yoongi ir tomar banho para amenizar o álcool e esperei-o do lado de fora, distraindo-me com um jogo de celular. Assim que ele terminou, foi a minha vez de ir até o banheiro, então, depois de limpos, deitamos nas camas separadas.

Yoongi aproveitou o momento para perguntar sobre minha família, rumos, desejos e eu fiz o mesmo. Descobri que ele perdeu a mãe cedo e que seu sonho era ser um grande produtor musical.

Eu acabei entrando em assuntos relacionados à arte e comprarei-o com um quadro de um amigo meu, o que o deixou mais sorridente quando eu disse que era um dos mais belos que já havia vivenciado — e olha que eu sempre estou em museus e galerias, então fui sincero com ele. Eu falei sobre a minha câmera analógica e disse o que me agradava; eu amava o rústico que ela carregava, aquele mistério da foto tirada — já que não podemos ver antes de revelar — e também a decepção que é quando queimo o filme assim que abro sem pensar a parte de trás do objeto ou quando eu não escolho a lente correta. Yoongi parecia tão fascinado e atento a tudo que eu falava, que me deu até um orgulho mínimo de ser quem eu escolhi ser.

— Posso deitar com você? — perguntou.

— Pode sim. — Levantei o meu cobertor e ele encaixou o corpo contra o meu. — Você e Jimin têm alguma coisa?

— Ele é um babaca. Nunca teria algo com ele. — Abracei-o e colei meu rosto no seu cabelo, sentindo cheiro daquela floresta mais cedo, uma mistura estranha de verde molhado e maconha.

Antes de fechar as pálpebras, vi algo se mexer para trás e para frente rapidamente entre os fios de cabelo do menor. Eu pensei que fosse alguma alucinação ou apenas a sombra de algum objeto ou talvez algum bicho, então, movimentei minha mão da sua cintura até sua cabeça e apertei aquele negócio, o que o fez dobrar como um reflexo. Passei a mão novamente, sentindo algo felpudo e, aparentemente, com uma textura de pelo de animal.

Que porra...? — murmurei comigo mesmo. Yoongi moveu seu corpo e balançou a cabeça, fazendo-me parar meus movimentos.

Isso estava ficando estranho demais.

Coloquei de volta a minha mão entre os fios do seu cabelo, procurando sua orelha, mas apenas encontrei mais fios, deixando-me preocupado pra caralho. Então, para piorar mais ainda, senti algo de mover dentro de sua calça de moletom e eu tinha quase certeza absoluta que não se tratava de seu pênis, porque era grande, muito grande, e caminhava desde sua coxa até sua parte traseira. Levantei o cobertor e observei algo preto e peludo envolver a minha perna, então, pulei da cama desesperado, fazendo o encontro do meu corpo com o chão. Yoongi também deu um pulo no colchão e caiu sobre seus joelhos, parecia tão desesperado — barra — assustado quanto eu.

— Yoo-yo-yoongi! — Comecei a arrastar-me pelo chão para me afastar e tentar levantar-me.

— O que foi? — Ele entrou embaixo da cama quase como um reflexo.

— Por que não me disse que tinha um rabo? –– Com minha pergunta, vi sua expressão mudar de uma de completo desespero para uma de “agora eu entendi o que está acontecendo”, arqueando as sobrancelhas e entreabrindo a boca. — Eu quase morri!

Yoongi saiu debaixo da cama com seu rabo arrepiado e abaixado, juntou as mãos à frente de seu corpo e evitou lançar seu olhar para mim.

E eu me arrependi amargamente de ter gritado.

Puxei o ar e soltei-o a fim de me acalmar, então, levantei-me e fui em sua direção. Suas bochechas rechonchudas estavam levemente avermelhadas, porém sua expressão era de indiferença, como desde que o conheci.

— Olha... — Comecei a falar. — Se você estivesse me contado antes, eu não me assustaria assim.

— Desculpa. Normalmente eu conto, mas já mudei tanto de colega de quarto que desisti. — Sua voz ficou mais rouca que o normal pelo tom baixo que adquiriu para falar.

Seus olhos cores de mel eram iluminados pelos raios lunares que adentravam o cômodo pela janela descoberta pela cortina, deixando-o com tonalidades amarelas e com suas pupilas felinas finas como linhas, que apenas pude reparar naquele momento. Não sou muito observado, não me culpe.

— Eu não tenho problemas com isso, foi só... De repente. — Aproximei-me mais de si, colocando minhas duas grandes mãos sobre suas bochechas. — Não precisa ter vergonha, ok? Quer deitar e fingir que nada aconteceu?

Ele assentiu e voltamos para a cama na mesma posição de antes.

— Quando eu durmo, não consigo controlar... — falou, já deitado e de costas para mim. Conseguia sentir através das vibrações de suas cordas vocais que o mesmo se encontrava envergonhado, talvez um pouco retido em falar algo um pouco constrangedor.

— O seu rabo?

— Não fala rabo! — Comecei a rir com sua exclamação. — É estranho.

— Vou chamar de que? “Continuação da sua coluna vertebral”? — Agora, ele começou a rir. — Não precisa se esforçar para controlar.

— Tem certeza?

— Tenho. — Com minha resposta, ele virou sua frente para a minha, fazendo com que nossas respirações se misturassem e lábios roçassem.

Olhei-o nos olhos de forma profunda pela primeira vez naquele dia, encontrando seus olhos castanhos de pupilas extremamente dilatadas, que moviam-se rapidamente para qualquer estalo que escutasse do lado de fora da janela ou até mesmo no corredor. Seus instintos felinos eram à flor da pele, ainda mais de noite, onde pode chegar a ser mais energizado que o normal.

Yoongi apoiou a mão sobre meu rosto e caminhou-a até meus lábios, então, moveram-se, em questão de segundos, para entre os fios de meu cabelo castanho. Eu pensei que aquele fosse o momento que beijaríamos, mas estava enganado; Yoongi simplesmente virou-se e permaneceu calado.

Seu rabo, digo, continuação da sua coluna vertebral, começou a enroscar em volta de minha perna e, as vezes, entrava na minha blusa, mas rapidamente saía.

Eu caí no sono com seu ronronado fraco e com a carícia esquisitamente boa sobre meu corpo.

honeykitten ➛ taegi ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora