COLISÃO

BIRRA

att 2020:

oi, nenéns. cês tão bem? 

tava lendo alguns comentários de vocês e me bateu uma curiosidade doida aqui.

TEM ALGUÉM LENDO COLISÃO PELA PRIMEIRA VEZ?????? 

VITÓRIA

— Mama, Ana pode vir jantar com a gente?    

A pergunta de Luna me atingiu em cheio e eu não consegui responder. Olhei pra Julia como um pedido de socorro silencioso e ela entendeu o recado, se aproximando da pequena e a pegando no colo.

— Ei, hoje será uma noite diferente, tudo bem? Só nós três, pra matar a saudade, amanhã a Ana vem, pode ser? — Luna assentiu com a cabeça, enquanto eu agradecia a minha melhor amiga por me salvar mais uma vez. Eu e Ana certamente brigaríamos se ela viesse aqui e Luna não merecia presenciar essa situação, ela tinha razão, Luna não tem nada a ver com isso e nós precisávamos agir como adultas e resolver sem que a nossa filha fosse afetada.

***

Levantar com a sensação de que poderia ser trocada a qualquer momento fez meu mundo inteiro pesar. Ainda não estava na hora de acordar Luna, então aproveitei pra tomar um banho quente e permitir que a água levasse pelo menos um pouco das sensações ruins que estavam me tomando naquele momento.

Cheguei até a porta do quarto dela, que dormia tranquila e comecei a dar beijos em seu rosto para que ela acordasse.

— Bom dia.  — Ela disse ainda com os olhinhos fechados e a voz sonolenta. — Hoje minha mãe vem?

Sua pergunta me trouxe de volta o nó na garganta. Apenas assenti com a cabeça e disse que iríamos tomar nosso café da manhã. Ela levantou animada e se arrumou em tempo recorde.

Chegamos no café e Ana já estava em nossa mesa habitual com nossos pedidos. Fiquei imaginando se Mike apareceria ali novamente, mas fui tirada dos meus devaneios por ela puxando conversa.

— Bom dia, amo... Vi. — Ela corrigiu rapidamente e eu pude ver em seus olhos que a sua noite não tinha sido muito diferente da minha.

— Bom dia.— Respondi com a voz baixa, dando um gole no café. Depois daquilo não consegui comer e nem beber mais nada, Luna conversava animadamente com Ana, que fazia o seu máximo pra dar atenção à pequena. 

— Vitória, a gente precisa conversar. —  Ela disse segurando minha mão quando saímos da cafeteria. Ana me olhava nos olhos e por alguns segundos me perdi no universo que ela carregava. Luna me despertou do transe enquanto puxava meu braço e dizia algo sobre chegar atrasada.  

— Outra hora. —Nos despedimos rapidamente e levei o leãozinho até o colégio antes de ir pro trabalho.

Precisei de foco pra conseguir atender meus pacientes da melhor maneira, mas ainda assim o dia passou arrastado e eu podia jurar que minha cabeça iria explodir. Esperei que desse o horário de buscar Luna e ela ficou o caminho todo contando sobre seu dia e fazendo perguntas de quando Ana iria chegar, o que iríamos fazer a noite e se poderia dormir na cama com nós duas de novo. Essa sua última pergunta me trouxe memórias incríveis e senti meu coração apertar de saudade.

— Filha, você sabe que Ana também tem a vida dela, certo? — Perguntei ainda receosa.

— Sei, e a vida dela também é com nós duas, somos uma família, certo? — Luna falou com tanta naturalidade que me limitei a um sorriso fraco.