ANA
— Depois que você foi embora, o humor dela voltou ao que estava antes. — Vitória falou baixo enquanto tomávamos o nosso café da manhã. Luna tomava seu chocolate quente parecendo estar em um universo paralelo.
— Você tentou falar com ela?
— Eu perguntei mais uma vez se algo aconteceu e ela negou. Não posso forçá-la a dizer, mas sei que tem alguma coisa.
— Luna. — A chamei e ela desviou seu olhar das outras pessoas para mim. — O que acha de ir numa obra comigo na semana que vem?
— Legal. — Ela sorriu, mas não era o sorriso de sempre, não foi a comemoração que eu esperava. Seu olhar voltou para as outras pessoas e parou em um menino um pouco menor que ela que entrou na cafeteria de mãos dadas entre o pai e a mãe. Vitória acompanhou seu olhar e vi sua expressão mudar.
— Amor... — Falei segurando sua mão e ela me olhou balançando a cabeça negativamente.
— Vou levá-la ao colégio. A gente se vê mais tarde. — Ela me deu um selinho e se levantou. Luna se levantou em seguida.
— Ei, e meu tchau? — Ela veio até mim e me deu um beijo na bochecha.
— Tchau, mãe.
— Tchau, princesa. — Dei um beijo em sua testa e ela voltou a segurar a mão de Vi. Observei as duas saírem da cafeteria enquanto acabava o meu café.
Partia meu coração minha filha daquele jeito, com certeza tinha algo a ver com esse assunto de ter um pai, ela não perguntaria do nada sobre e nunca tinha olhado dessa forma pra alguém acompanhado de um pai. E eu também odiava saber que Vitória ficava chateada com o assunto e não poder fazer nada pra ajudar.
Saí da cafeteria alguns minutos depois e Luana estava parada na porta do prédio olhando pro celular e sorrindo sozinha.
— Olha quem acordou de bom humor. — Falei chamando sua atenção.
— Bom dia, sis. — Ela me deu um beijo no rosto ainda sorrindo.
— Posso saber o motivo? Ou posso adivinhar?
— Você vai começar a me encher logo cedo?
— Quando vai ser o primeiro encontro?
— Dá licença, Ana Clara. — Ela me empurrou devagar entrando no prédio. Eu a segui e ela não tirava os olhos do celular. Decidi não incomodar mais por hoje, Luana irritada não era tão legal assim.
LUNA
— Se cuida, amor. Eu te amo.
— Eu também te amo.
Minha mãe me deu um beijo na testa e me esperou entrar no colégio pra ir trabalhar. Malu me esperava sentada num dos bancos como todos os dias. Me juntei a ela e aqueles garotos que riram de mim ontem estavam vindo na nossa direção.
— Olha lá, a garotinha que tem duas mães. — Um deles apontou pra mim e gargalhou. Malu me puxou de novo pela mão, o sinal tocou e nós fomos até a sala de aula.
— Bom dia, princesas. — A professora disse quando fomos as primeiras a entrar na sala.
— Bom dia, professora. — Respondemos juntas.
Os outros alunos entraram na sala e a professora passou olhando nossa lição de casa. Estava tudo certo, ainda bem que mamãe me ajudou. Lembrei do garoto do outro ano rindo de mim e abaixei a cabeça tentando pensar em outra coisa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
COLISÃO
FanfictionAna Caetano, engenheira civil e uma das herdeiras da empresa da sua família, faz o mesmo caminho todos os dias pro trabalho, encontrando sempre as mesmas pessoas e alguns turistas admirados com São Paulo, sem mudanças tão notórias. O que ela não esp...