Capítulo 21

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Passou-se uma semana do ocorrido e tive, como imaginei que ocorreria, que realizar alguns exames. Meus pais, obviamente, acionaram a polícia e descobri que a mulher que esteve no meu quarto é uma detetive, aliás, amiga de minha tia Lu, que veio me ver no final de semana junto com Dani e Luizinho.

Fui interrogada sobre o que ocorreu e não falei absolutamente nada, afinal, não tenho provas e nem quero falar sobre o assunto. A única coisa que disse foi que não conhecia a pessoa.

Tenho pesadelos constantes com a situação que passei e vejo minha família quebrada. Meus irmãos ficam comigo o tempo inteiro e meus pais se revezam para cuidar de mim. Cada dia me sinto mais inválida para todos, pois suas vidas estão girando à meu entorno e isso é pesado e me fere.

Não vi Bárbara durante todo esse tempo e, para meu alívio, ninguém me perguntou sobre o que aconteceu entre nós. Sei que terá um momento em que terei que abrir o jogo e falar o motivo do nosso afastamento, mas não é o momento e, sinceramente, agradeço por eles respeitarem.

Desfiz minhas redes sociais e consegui convencer minha mãe de pegar um número de celular novo para mim, afinal o antigo permitiria ela entrar em contato comigo e não quero. Estamos na quinta-feira e preciso me preparar psicologicamente para voltar as aulas. Meus pais conseguiram uma psicóloga e ontem foi minha primeira consulta com ela, que me falou que seria necessário voltar a minha rotina, gradativamente, para poder superar esse "problema".

"Como vou superar isso se ela estará lá?", mas por sorte, meus pais aceitaram que Alexandre fique comigo o tempo todo e, aproveitando o parecer médico de que estaria me sentindo abalada e ameaçada o tempo todo, decidiram que ele me levasse e trouxesse todos os dias, algo que ele não reclamou e até falou que pediria ajuda a seus amigos para me escoltar.

Estou em meu quarto, lendo um livro qualquer, onde a história somente serve como fuga para meus pensamentos, quando meu irmão toca a porta me chamando.

- O que foi?! - Questiono o olhando.

- Você tem visitas. - Ale fala sorrindo.

Ao ouvir essa frase, meu corpo fica tenso e o suor começa a brotar de todos os orifícios de minha pele. "Será que é ela?! Não quero vê-la." penso desesperada, afinal, Laura já fez isso antes.

- Quem é? - Pergunto receosa o encarando com os olhos chorosos.

- Calma mana. - Ale se aproxima segurando minhas mãos. - São só seus amigos. - Ao ouvir sua resposta, sinto um alívio tomar conta de minha alma e a felicidade, que não sinto há um tempinho, me golpear. "Alessandro e Dani!" - Se não quiser... se não se sentir preparada, não tem problema, falo com eles e...

- Não! - O corto ansiosa. - Eu quero vê-los! Pede para eles esperarem, vou me trocar. - Falo esboçando um sorriso, o que faz o semblante do meu irmão iluminar.

- Tudo bem! Vou falar com eles. - Fala sorrindo e me abraça apertando. - Leve o tempo que precisar. - Dá um beijo em minha testa e sai para falar com meus amigos.

Corro para o banheiro e, ao me olhar no espelho, vejo a carcaça que me transformei. Por um segundo sinto um vazio ao tomar conhecimento do meu semblante abatido. Olheiras profundas, devido às poucas horas de sono, rosto pálido devido a me alimentar mal, lábios ressecados e cabelos emaranhados. "Não sou nem sombra de quem era antes disso tudo." penso desanimada, mas trato logo de tentar me arrumar o máximo que posso. Lavo o rosto, passo uma base e um pó compacto, além de um brilho labial. Penteio meus cabelos e pego uma roupa casual, mas que me ajuda a me ver bem.

Enquanto estava buscando uma blusa, acabo esbarrando com o "brinquedo" que ganhei de Laura há tempos. Olho para ele e sinto um enjoo forte, lembrando do que ela me fez. "Não posso ter isso em minhas coisas" penso com dor de cabeça. Pego a bala vibratória e, determinada, a jogo no lixo do banheiro. Preciso me livrar de tudo que tem a ver com ela.

Doce Obsessão (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora