- ALICE! MEU DEUS... ALICE! - Amanda gritava tentando me chamar de volta do meu pranto.
Eu chorava descompassadamente encolhida no chão. "A culpa é minha... eu não deveria ter feito nada disso" pensava desesperada, tomada pelo pranto. Meu pai, que havia ido até seu escritório, voltou correndo e logo senti uma picada em meu braço. Estava tão aturdida e chorando tanto que nem percebi quando meus pais decidiram me sedar. Comecei a sentir meu corpo pesado e as pálpebras, tomada pelas lágrimas, começarem a se fechar. Diante de meu desespero eu adormeci com a angústia de saber que, agora, Bárbara estava nas mãos de Laura.
Não sei quanto tempo fiquei adormecida, quando abri os olhos minha cabeça doía muito. Tentei sentar na cama e logo senti a mão de alguém segurar meus ombros.
- Alice?! Como você está? - Era Amanda me olhando com os olhos vermelhos, provavelmente de chorar.
- Onde... - Balbuciei com dificuldade, olhando em volta e pude notar que estava em meu quarto. - Bárbara?! - Falei lembrando de Bárbara e a aflição de saber que minha professora e ex-amante agora está com ela voltou como um tiro, me atingindo em cheio.
Sentei correndo na cama e tentei me levantar, mas Amanda me segurou e começou a chamar pela minha mãe, que veio correndo, seguida de meu pai e Alexandre, me abraçando forte.
- Minha filha... - Mamãe chorava agarrada em mim.
Olhei em volta e os olhos de todos me fitavam com dor, Amanda, Ale, meu pai, todos demonstravam preocupação comigo. Porém a memória do que aconteceu na noite passada entre eu e Bárbara e a voz de Laura do outro lado da linha me machucavam. Preciso fazer algo para ajudar Bárbara, só Deus sabe o que ela está passando nas mãos de Laura.
- Amanda. - Chamei por minha irmã que veio e se sentou do meu lado, segurando minha mão com preocupação.
- O que foi, Alice? Precisa de algo?! - Perguntou preocupada.
- Quero saber de Bárbara. Por favor! - Falei chorando.
- Bárbara está bem irmã... ela agora está em aula...
- ELA NÃO ESTÁ EM AULA! - Cortei Amanda com um grito que chamou a atenção de todos. - Por favor... liga para a polícia, ela está em perigo. - Falei agarrando as mãos de minha irmã e implorando entre lágrimas. - Eu não posso perder ela... - Disse em um sussurro.
Minha família me olhou interrogativa, porém meu desespero já era aparente. Não quero nem pensar, porém é inevitável imaginar tudo que Laura possa fazer com Bárbara. Afinal, se ela espancou Juliana só por se aproximar de mim, imagina o que ela não fará com uma pessoa que é minha namorada.
Amanda se levanta e sai do quarto, me deixando desolada chorando. Alexandre se aproxima e tenta me abraçar, porém me desvencilho de seus braços com raiva, não raiva por ele, mas raiva por mim, por ter sido tão inconsequente e mimada, por ter brincando com as pessoas. Meus pais sempre me disseram para ser o mais honesta e honrada com as pessoas e eu fiz tudo ao contrário. Brinquei com quem não merecia e agora elas estão pagando por minha imaturidade.
Meu pai tentou se aproximar, mas também rechacei seu contato e minha mãe tentava se controlar diante do meu desespero e choro constante. Estava vendo a hora que eles ministrariam mais uma dose desse calmante "derruba elefante" que eles me deram antes. Mas não me importava mais, estou preocupada quanto a meu amor.
Tentei me levantar e comecei a pedir o meu celular desesperadamente, já que ninguém faria nada, eu faria. Iria ligar para a polícia e contar toda a verdade, sei que estou arriscando meu futuro, que isso seria um escândalo e, sei até mesmo, que, ao saber tudo, perderia Bárbara, mas não vou conseguir conviver em saber que ela se feriu por minha culpa. Porém minha tentativa de me levantar foi frustrada por dois motivos: Primeiro – ainda estou sobre o efeito do sedativo e meu corpo está mole; e segundo – minha mãe me impediu, me segurando na cama.
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Doce Obsessão (Romance Lésbico)
RomanceAlice e sua família se mudam do Rio Grande do Sul para o Rio de Janeiro por causa do trabalho de seu pai. Tímida, caseira e totalmente focada em seus estudos, Alice é carinhosa e muito ligada a sua família e demora um pouco a se adaptar a nova cidad...