Rogo milagres

42 5 4
                                    

Quem voou sem ser pego,
Com asas quebradas,
Ainda resiste,
Depois de rasgos e choros,
Não aceita corpo trancado em gaiolas,
Tem vacina de anti-dor.
Se você bater nesse rosto,
Pode até sangrar, pode até doer,
Massacre-me.
Que já não revido.
Levando em conta que fui feito a algum fel e pureza,
Humilhe-me.
Levando em conta a queda bruta sem sessões de açúcar.
Que me resta?
O corpo é mole em terra dura, bate tanto até que lama,
bate até que movediça.
De alguma luz que não se apaga,
Aos que virão depois de nós,
Rogo milagres,
Rogo muitos milhares e milhares de anjos.
Que voam, com a velocidade da própria luz.
Quando voou
E capturado,
No mundo agreste nada restava, senão a raiz de uma semente que não germinada,
Parecia nunca nascer.
Mas tinha nela o tempo das estrelas.

A poesia está vivaOnde histórias criam vida. Descubra agora