Senzala

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Ainda podemos ouvir os gritos,

Sentir o sofrimento,

Ver a tortura,

Gravada no sentimento.

O ódio é controlado,

Palavras e olhares são escolhidos,

O tronco la parado,

É lembrete de tanto sangue escorrido.

A chibata canta.

Quase ao ritmo do atabaque.

São os males que não se espanta,

Nem ajudam a agüentar o baque.

Acorda cedo, dorme tarde,

Varre a casa do patrão,

Sofre o assédio e todo tipo mais de agressão,

É a rotina diária que quase não para.

Comemora quando pode repousar na senzala.

Hoje pagam com cota, acham muito,

Mas ignoram o nosso rancor.

Reclamamos e não nos calamos,

Por que através dos séculos ainda sentimos a dor.

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