Rima Popular Periférica

1... 2... 3... TeXtando!

Esse vai para os deslocados,

Que só quer andar com sua lupa, boné ou penteado. Suave.

Que curte o rap, o funk, o samba,

Só por que na quebrada todo mundo é bamba.

Sem ramelar, sem pisar na bola,

Se orgulhando da mulecada que prefere a escola.

Praqueles do churrasco de sabadão,

Do sagrado fut na domingueira,

Pra quem não sabe o que é diversão,

Ela é num dia quente o banho de mangueira.

Aos ostentadores de sorrisos que criaram seus próprios paraísos para dibrar tanta injustiça e discriminação,

Que sabem o preço dum abraço ou energia de um aperto de mão.

É pros tios do dominó ou do carteado,

Pros mano da sonzeira com carro tacando musica pra todo lado.

Aos moloqueiros, motoqueiros, marceneiros, pedreiros...

As domésticas, diaristas, passadeiras e lavadeiras do passado...

E aos doutores do hoje e amanhã, saidos daqui pra deixar o mundo contrariado. FUDIDO!

Em dia quente,

É a inveja dos pinguim de gravata da paulista,

Ao ver bermuda e chinelo em quem é julgado esquisito.

Vai pra Maria, José,

Pra Julieta e o Barnabé.

É pro preto que nunca teve aula,

Mas já nasceu com a ginga no pé,

Pronto pra ensinar.

Pros que desempenham seu papel todo santo dia sem direito a ensaiar.

Aos que ousam desafiar os grandes, publicando livros...

E não fazendo o que aque ou outro disse...

Avisem a elite puta da vida que isso é crise de "invejisse".

Nunca vão entender o que é ter de trabalhar pra comer e ainda sim, ser mais safo....

Em questão de intelegência nós descemos o sarrafo.

Do Elisa a Rocinha,

Da Maré a Cachoeirinha,

Fazemos da nossa favela uma dama vivinha,

Negra que ilumina a noite...

É rima da margem,

Pra quem está à margem,

Mas nunca de passagem.

Viemos marcar,

Só não pense que é com uma simples pegada.

Pobre elite, com medo e despreparada.

Da o poder pra nós que resolvemos a parada...

Somos a tatuagem,

Saída direta pro papel de uma ponta esférica,

E isso aqui?

Isso aqui é RIMA POPULAR PERIFÉRICA.