O segundo dia no casarão herdado por Christopher começou agradável. Café da manhã generoso seguido de um passeio pelos arredores. A intenção de Stephen era de deixá-la afastada dos seus familiares a maior tempo possível. Porém, após o almoço a perdeu de vista quando uma de suas cunhadas a arrastou para um canto qualquer. Com isso sentiu-se na obrigação de socializar com os homens daquela casa, mesmo que isso lhe causasse enjoos.
— Stephen!
Aquela palavra dançou pelos lábios do homem que a pronunciava. Era mais que uma provocação ou uma afronta. Era demonstração de poder, de deixar evidente que ele conseguia tudo o que queria, ao contrário do seu opositor.
— Christopher. — a resposta de Stephen veio como sempre. Sem entusiasmo ou mesmo repulsa, era neutra.
— Sente-se e jogue conosco. — Christopher apontou a cadeira vaga ao seu lado. — Prometo que deixo você vencer uma partida.
— Por que deixaria isso acontecer? — Stephen sentou no lugar indicado, confuso quanto ao que o primo insinuou.
Christopher passava as cartas de uma mão para outra com um sorriso sarcástico no rosto enquanto que os irmãos de Stephen mantinham o silêncio.
— Estou apenas zombando de você, e convenhamos, você nunca foi bom com as cartas.
— Stephen sempre foi bom no puzzle. — Sebastian riu. — Quem é que joga isso afinal?
— Seu irmão! — Christopher deu um tapa nas costas de Stephen e começou a soltar as cartas. — Talvez essa garota tenha lhe ensinado algo. — Christopher parou por um momento olhando para Steve que estava a sua frente como se trocassem algum código. — Talvez não, certamente que sim! Não é Stephen?
— O que quer que eu responda? — Stephen segurou as cartas em suas mãos observando uma por uma.
— Comece dizendo de qual classificado a tirou.
Dizendo isso, Christopher começou ambos os jogos, mas o que ele se divertiria seria o de desestabilizar o seu primo. Stephen segurou com força as cartas em suas mãos chegando a amassá-las nesse ato. Ajeitou os óculos no rosto e jogou as cartas danificadas sobre a mesa. No ato de se levantar acabou sendo impedido pelo irmão Steve.
— Christopher está te provocando, não vê? Senta aqui e jogue conosco.
— Isso não é uma provocação, é um insinuamento infundado.
— Querido primo, sejamos práticos, ela é gostosinha demais para ser só uma enfermeira e não é assim tão novinha, apesar de enganar, para ser uma estudante daquela universidade.
— Gostaria que não se dirigisse a ela dessa forma. — Stephen, ainda de forma pacifica, se levantou.
— Precisa parar com toda essa sensibilidade. Não tenho culpa se a mulher com que você está não tem na nossa classe. — Christopher encarava Stephen com diversão. — E não nego que é bem gostosa. — completou.
O esperado por todos ali presentes era de Stephen socar o primo com todas as forças que lhe eram cabíveis. Porém, todos ali sabiam que ele não faria nada daquilo e foi exatamente o que aconteceu. Seguiu cabisbaixo como nas tantas outras vezes para dentro do casarão, se escondendo em seu quarto.
Era isso que acontecia. Stephen ia todos os anos passar o natal com aquelas pessoas e em todos esses anos ficava confinado naquele quarto. Só que dessa vez não estava sozinho. Não queria que ela visse a forma como ele deixava ser tratado, ou muito menos que ela soubesse o que estavam dizendo sobre ela.
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O Professor [Completo]
ChickLitStephen Weber é um prestigiado professor de literatura inglesa em uma universidade tradicionalista. Sua vida transcorre em um rotina nunca quebrada, até o dia em que uma jovem estrangeira surge e, com ela, decide abandonar seus padrões, fugir dos se...