We were born sick; You heard them say it
Essa será a primeira vez que escrevo sobre isso. Me propuseram a oportunidade de publicar uma autobiografia em meus plenos vinte e quatro anos.
"Talvez você consiga ajudar alguém, transmitir uma mensagem."
"Talvez você mostre o mapa com o caminho certo para quem está perdido."
"Talvez você 'abrace' outras realidades com tudo o que viveu."
Bastaram três frases para que eu concordasse em contar a "minha história" à diferente pessoas, de diferente nacionalidades, diferentes raças, diferentes ideais, diferentes realidades.
Antes de lhes contar a minha realidade, o meu pretérito imperfeito, preciso citar o que consegui aprender com o tudo o que tive de sobreviver.
Em primeiro lugar, aprendi que todo ser humano possuí o direito de amar. Porém, não só isso. Infelizmente, assim como possuí o direito de amar, ele possuí o direito de odiar. De sentir nojo. Raiva. Ou violência, se isso for um sentimento. Mas o ser humano não deveria/tem o direito de expressar isso com violência contra pessoas inocentes. Entretanto – isso não é algo que aprendi, é simplesmente um fato – o ser humano não se importa com isso; ele é violento.
Em segundo lugar, aprendi que vivo em um país onde gozar no pescoço de um(a) desconhecido(a) é menos preocupante do que um casal "gay" expressar amor. O interessante é que o "país" ainda se atreve a passar uma imagem de um "país" nada preconceituoso para o resto do mundo. Estranho.
Em terceiro lugar – talvez complemente o segundo, aprendi que se você vive em um país que é o primeiro em consumir pornografia transexual e o primeiro a matar mais transexuais no mundo, você perde quase todas as suas esperanças de que o amor prevalece o ódio.
Em quarto lugar, aprendi que se você quer mostrar quem você realmente é, em hipótese alguma você ter medo. Se temer, você não sobreviverá em um lugar que tenta maquiar a realidade.
Em quinto e último lugar – não que eu não tenha aprendido mais coisas, não é culpa de Deus, Jesus, Alá, Jeová, ou seja lá qual for o nome que sua religião "adota". – podemos dizer assim? Se eu falar errado será desrespeitoso? Perdão se eu me expressei incorretamente. – Aprendi que a culpa das pessoas. Talvez você não concorde, eu também não concordava antes de passar por tudo o que passei. Mas... São as pessoas. Simplesmente não é culpa do "seu deus". São as pessoas. Pelo menos eu prefiro pensar assim.
Enfim, foram inúmeros aprendizados e lições. Acho que já está na hora de começar a contar a "minha luta" – acho que não vão publicar meu livro se eu não tirar essa "piada".
Podemos começar por 1994, o ano que eu nasci. Ou podemos pular para 2009, exatamente no dia em que eu, Kim Namjoon, completei dezesseis anos em meu país natal e quinze anos aqui no Brasil, ou o dia em que assumi para mim mesmo que eu estava extremamente apaixonado por um outro menino.
Alerta de spoiler: ele está aqui ao meu lado, com uma aliança linda no dedo anelar, eu quem a colocou. Isso é só mais uma prova de que, apesar de eu ter quase perdido as esperanças de que o amor prevalece o ódio, o amor... prevaleceu o ódio e apagou toda a dor.
Wewere born sick; You heard them say it
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.take me to church
RandomUm lástimo retrato de uma história prevalente de amor. Kim Namjoon transforma sua dor em arte, rasga-lhe a alma e lhe escorrem as lembranças. +18 | Cenas violentas | Crítica | Yaoi | Yuri | MinJoon | YoonSeok