That looks tasty; that looks plenty
Jeongguk e eu nos obrigamos a limpar os cacos de uma xícara de chá azul clara outra vez. O silêncio entre nós dois era mortal. Eu odiava seu silêncio assim como ele odiava o meu jeito estabanado.
Deixei os cacos no lixo de meu quarto, andei até minha cama e me sentei. Observei o moreno escorado na porta. Eu tinha perguntas, ele provavelmente também tinha.
A vida está bem mais complicada do que fora antes, e eu não sei como reagir a isto.
–Namjoon. – O menor me chamou com as bochechas rubras. – O que você fez? – Indagou com a voz baixa.
–O que você ouviu? – O menino desviou o olhar.
–Eu cheguei um pouco antes de ligarem da delegacia, disseram para o seu pai o que você fez mas eu não ouvi. – Mexeu nas mangas de sua blusa – E depois eu só ouvi seus gritos com a sua mãe. – Fiquei cabisbaixo. – Por que não me contou que era gay?
–Eu não sei. – Murmurei. – Talvez estivesse com medo de não ser aceito. Afinal, nem eu me aceito por que você aceitaria? – Jeon suspirou.
–Porque eu sou um ser humano. – Ele se aproximou. – Eu tenho raciocínio. – Disse, parecia ofendido.
–Você é religioso. – Como se isso fosse um argumento plausível...
–Deus nunca me ensinou a desrespeitar os outros só porque são diferentes. Se a sua igreja prega isso ela está errada. – O garoto se sentou à minha frente. – Jesus nunca julgou alguém, e isso me fez aprender que não se deve julgar as pessoas. – O menino levantou minha cabeça pelo queixo. – Jesus Cristo pregou amor e respeito, ele foi um homem comum até os 33 anos e cometeu erros neste pequeno tempo, porque ele era humano, mas ele nunca desrespeitou alguém por discordar de seu estilo de vida. Porque ele sabia que todos os humanos pecavam, nem que seja um pouco. Ele pregou a palavra de Deus da maneira correta, basta a nós interpretar e conviver com isso.
–Mas a bíblia, Jungkook... – Meu timbre quase foi inexistente, fato que fez o moreno rir.
–O que ela diz? – Seus dedos tocaram os meus. Seu toque me obrigou a olhá-lo fixamente. – São meras passagens que repetem sobre atos pagãs, certo?! – Assenti. O menino sorriu fracamente, voltando suas mãos para o meu pescoço. – Tem certas palavras escritas ali que não devem ser levadas com tanta seried- Eu tive de o interromper.
–Jeon eu bati em dois garotos hoje. – Seus dedos se afastaram de meu pescoço imediatamente, o mais novo arregalou os olhos. – Um casal homossexual.
Jungkook se encolheu, levantando-se com rapidez de minha cama. Abaixei a cabeça mais uma vez, estava com vergonha do que fiz. Me arrependia amargamente dos meus atos, mas eu não possuía uma borracha para apagar toda aquela confusão.
Não queria que seus olhos passassem a me enxergar como viam Rafael, porém naquele momento, as suas orbes escuras entregavam que o mesmo estava assustado. Eu não iria suportar vê-lo se afastar de mim por medo que eu agisse igual aquele imbecil.
–E-eu... – Sussurrou.
–Depois eu chamei a polícia e me entreguei. – Ouvi um suspiro de sua parte. – Chegou a ouvir que eu era um hipócrita? Porque eu sou, e odeio isso. – Uma lágrima desceu pela minha bochecha esquerda.
–Você precisa de ajuda... – Falou com a voz baixa.
–Ajuda médica? Se eu pedir para a minha mãe me levar para a terapia de novo, acho bem provável aquele médico imbecil apoiar a minha violência. – O garoto me encarou perdido.
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.take me to church
De TodoUm lástimo retrato de uma história prevalente de amor. Kim Namjoon transforma sua dor em arte, rasga-lhe a alma e lhe escorrem as lembranças. +18 | Cenas violentas | Crítica | Yaoi | Yuri | MinJoon | YoonSeok