07) O amor jovem

11.8K 1.2K 2.2K
                                    

   Faz dias que estamos na estrada, meu corpo todo dói e estou faminta, não lembro mais da sensação de sentir a boca úmida, que droga de mundo é esse que não chove? Tive que me afastar do grupo para caçar pela floresta, sozinha, como seria bom não voltar de mãos vazias, ao menos Carl não está mais no meu pé. Nos últimos dias ele tem estado bem próximo mesmo que só como amigo, tê-lo como amigo não é tão ruim, assim ele não sofre tanto caso eu não volte pra casa algum dia, penso muito sobre minha morte, por mais que passe sede e fome a morte parece estar tão longe e ainda sim tão perto...

 Avistei um esquilo, não muito longe, fazendo-me esquecer de tudo que estava pensando antes, caminhei silenciosamente na direção do roedor pensando em como faria Daryl orgulhoso em voltar para casa com o nosso jantar. Afinal, ele me ensinou muito de rastrear e caçar mas eu ainda estava aprendendo. Puxei minha faca do cinto em minha perna e me aproximei, até que o som de um galho quebrando ecoou pela floresta, TRACK! Era um maldito cadáver grunhindo em minha direção, a faca antes direcionada ao esquilo agora estava na cabeça do morto, quando voltei a procurar o roedor ele já estava longe.

— Melhor fugir mesmo seu merdinha! Aposto que seu gosto era péssimo! — Gritei sem me importar com a entonação, queria muito atrair uma horda pra me matar logo, não ia aguentar nem mais um dia sem comer ou beber. 

 Ouvi risadas vindo de minhas costas, Daryl havia escutado tudo, praguejei internamente envergonhada, ele se aproximou e deu dois tapinhas em minhas costas.

— Está aprendendo.

— Era meu jantar. — Disse chateada.

— Vamos logo pirralha — bagunçou meu cabelo como sempre fazia, eu odiava.

 Voltei pisando forte no chão, Maggie e Sasha nos encontraram no caminho e voltamos juntos. O resto do grupo estava na estrada, todos no mesmo estado que eu, com sede e famintos, minhas pernas doíam, não tinha nem forças para chorar, pela primeira vez me senti um cadáver. Fazia dias que não tomávamos banho.

— Logo vai chover. — Carl disse ao meu lado tentando me reconfortar, fazia horas que estávamos na estrada caminhando sem rumo em baixo de um Sol fervente.

— É sério? — Ele preferiu ficar quieto ao notar que estava brava.

 O mortos nos alcançaram, mas ninguém parecia preocupado, afinal, estávamos quase mortos como eles.  A estrada era longe e olhar diretamente para ela sem ter um fim me deixava tonta, quase que podia sentir meus olhos fechando, ela ia e voltava ficando grande e pequena.

— Você está bem? — Carl perguntou-me ao notar que algo não estava certo.

— A-acho que sim. — Coloquei a mão na cabeça, estava fervendo.

 Paramos para descansar, Rick fez um plano para nos livrarmos dos mortos, Carl, Judith e eu fomos deixados de fora para nossa segurança, o chão estava fervendo mal conseguia ficar em pé mas era melhor que me entregar ao calor do chão. Não demorou muito para se livrar dos mortos, voltamos ao grupo e continuamos a caminhar até encontrar carros bloqueando a estrada. 

— Espera. — Rick pôs a mão em minha frente me impedindo de continuar, ele notou que havia algo errado.

 Passamos devagar pelos carros, não havia nada de útil, nem mesmo uma garrafa de água, enquanto o grupo buscava por suprimentos pensei ter visto movimento na floresta, puxei minha arma e nem notei que havia me afastado do grupo, se havia algo ou alguém nos seguindo devia saber para avisá-los o quanto antes. Senti uma mão em meu ombro, o puxei e empurrei contra o carro torcendo seu braço.

 — Ai. — Carl resmungou, o soltei aliviada.

— Carl! Que droga! Não me assusta assim!

— O que aconteceu? Você parece ter visto algo. — Respondeu olhando para a floresta.

SOLITÁRIA IV, The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora