II

94 14 10
                                    

Uma grande penumbra ocupava o quarto. Os cobertores estavam emaranhados na cama, cobrindo a cabeça e os pés da pessoa deitada.

Harry estava acabado.

Despertou-se de maneira lenta, esfregando os olhos com a palma da mão. Caminhou em direção ao closet, pegando um de seus ternos de uma marca famosa, no qual não se lembrava o nome. Vestiu-se rapidamente, escovando os dentes, e por fim, indo tomar café da manhã.
A mesa estava repleta de alimentos, mesmo que não fossem consumir a metade de tudo ali presente.

- Bom dia, querido.- Simon cumprimentou o filho.- No Jornal Oficial de hoje, vamos anunciar A Seleção. Preciso que ajude sua irmã preparar o discurso. Sabe como nossa princesa está muito ansiosa, por isso creio que não conseguirá prepara-lo.

- Claro, papai.- respondeu já imaginando o discurso que sua querida irmã faria:

"Olá Meus queridos súditos. Eu, como toda formosura e personalidade horripilante que tenho, venho chamar os rapazes para arrancar a coroa de meu irmão e enlouquece-lo. Vou escolher um marido, e também, um cunhado irritante para irritar meu irritado irmão".

Harry amava Eleanor. Na verdade, só amava porque ela era sua irmã. Ele preferia dizer que o seu "ódio" era coisa de irmãos. Confuso.

Terminou seu café e subiu os degraus dourados da escada. Passava pelos guardas que estavam de prontidão em todos os pontos possíveis. Andou apressadamente pelo longo corredor de paredes lisas em tons pastéis, abrindo a porta da esquerda, dando de cara com sua irmã com o ninho na cabeça, qual ela preferia chamar de cabelo, o rosto todo amaçado, anunciando que o sono foi ótimo.

O quarto era um lindo rosa bebê, com uma cama de casal e uma cortina, deixando tudo mais delicado. O carpete felpudo rosa cobria o centro do quarto, com pantufas de coelhos da princesa. A grande janela de vidro iluminava o quarto de princesa.

- Bom dia, Princesa furacão.- Harry cumprimentou em tom de brincadeira a irmã que estava no banheiro da suíte se trocando.

- Muito bom, Harold Cachinhos castanhos.- respondeu com um risinho no final da frase.

- Papai pediu para te ajudar. Você está pronta para isso?- questionou verdadeiramente preocupado com a irmã.

- Hazz, eu não sei. Eu vou me casar com um estranho. Tenho dezenove anos e terei que comandar um país.

E eu com dezessete, comandaria o mundo, pensou Harry.

Talvez ele fosse convencido. Só talvez. Uma pequena suposição.

- Tudo vai dar certo, você verá. Eu estarei aqui para o que precisar.

- Eu agradeço ao céus por ter um caçula como você!- a futura rainha apertou fortemente as bochechas do mais alto.- Eu te amo muito, maninho.

- E eu te aturo muito, maninha. Eu vou te ajudar com tudo isso, você se sairá muito bem.

***

- Eu sou um irresponsável. Me desculpe mãe, você não merecia colocar essa coisa que eu sou no mundo. Eu fui demitido. Não me mate.- Louis ensaiava as palavras que diria para sua mãe em frente ao espelho, que chegaria do trabalho logo logo.

No dia anterior, quando chegou do trabalho, teve a sorte de ver as irmãs dormindo e uma ligação de sua mãe, avisando que se atrasaria.

Alívio. Por um momento cogitou a ideia de voltar ao "Beer and Beer" e fritar um ovo na careca oleosa de Gordon, colocar o suor do homem em um copo e servi-lo.

Louis era uma criança estranha.

Quando se preparava para repetir o texto decorado, Johannah chegou.

As paredes mal pintadas pareciam sugar todo o ar em seus pulmões. Os quadros pareciam rir de seu desespero. Ele poderia morrer ali mesmo.

- Meu amor, você está bem?- a voz calma de Jay soa pelo ouvido do menino.

- Mãe, eu preciso te contar algo.- apertou as mãos em volta do pulso, tentamos manter a calma.

- Louis, me diga que não roubou.

- Eu não roubei, mamãe.

-Diga que não usou drogas.

- Eu não usei drogas, mamãe.- Louis uniu forças e soltou de vez.- Eu fui demitido. Mas mãe, desculpaaquelevelhopegoumeuviolaoeeutenhoci-

- Louis. Fique calmo. Não tem problema. Você deve ter um bom motivo. Vamos assistir o Jornal Oficial, e você vai me contar o que aconteceu.- Jay transmitia uma calma tão grande, que, logo depois, Louis já estava se aninhando no sofá, ligando a TV, no qual a introdução do programa já soava pelos áudios da TV de tubo. Jay ajeitou a antena, obtendo uma imagem mais nítida de Fadayle.

Louis olhou sua humilde casa. Paredes cinzas com pequenos quadros da família, desenhos de Daisy e Phoebe. No sofá, casacos de Lottie e um brinco de Fizzy. A casa possuía seis cômodos, sendo um quarto para as gêmeas que dividiam com Fizzy, outro para Johannah e Lottie, e o quarto de Louis.

Era tudo simples, mas muito agradável.

- Boa noite cidadãos de Illea! Eu sou Gavril Fadaye e estamos começando mais um Jornal Oficial! Nós estamos aqui com a família Styles, nossos queridos soberanos!- o aplauso da plateia presente no programa estrondava a TV.- Olá, rei Simon, o senhor tem recados para os súditos?

Harry sorria falsamente, sentia seu rosto doer com o sorriso que toda vez a câmera desfocava de seu rosto, sumia. Ele só precisava aguentar mais alguns minutos, e estaria livre por pouco tempo, mas estaria.

Depois de muita enrolação, finalmente, a parte mais esperada do programa chegou. Louis se ajeitou no sofá, dividindo uma coberta velha com Jay e um balde de pipoca.

- Eu quero pipoca!- uma das irmãs Tomlinson's, Charlottie se joga no colo do irmão, que afasta o balde.- Louis, seu gordo, me dê pipoca! Mãe, eu quero pipoca!

Para quem ouvisse, jurava que era uma criança gritando, mas era apenas Lottie, que era tão dramática.

Era mal de família esse drama todo.

- Saia daqui, sua falsa oxigenada! Fala que eu sou gordo mas queria ter minha bunda.- o mais velho aperta seu traseiro descaradamente, mandando um sorriso convencido para Lottie.

- Vocês dois, parem! Louis, sua irmã vai comer pipoca também! Agora calem a boca e me deixem assistir em paz.

E eles obedeceram. Todos estavam com os olhos focados na TV.

- Tenho uma notícia para dar a todos vocês, Meus queridos!- começou Eleanor, dando um sorriso antes de prosseguir.- Há vinte anos, meu querido pai, nosso rei Simon, coroava minha linda mãe, Anne, como nossa princesa. Vinte anos aconteceu a última seleção. E agora, eu, futura rainha de Illea, receberei trinta e cinco homens em minha casa, concebendo para um deles, a minha mão.

Harry revirava os olhos internamente. A mão de sua irmã nem era tão bonita, sinceramente, ele preferia a dele.

Só um pouco convencido.

- Teremos vários pontos em todo o reino para que os rapazes possam se inscrever. Na próxima semana iremos anunciar os meus futuros pretendentes. Muito obrigada!- e finalizou com um sorriso que poderia fazer Louis perder o juízo. Só poderia mesmo.

- Eu vou.- depois de um tempo em silêncio após o fim do jornal, Louis se manifestou.- É minha chance de tentar ajudá-las, ganhar dinheiro e voltar para casa.

- Tem certeza, Louis? Eu não quero que se sinta pressionado a fazer isso.

- Eu vou, mamãe. Eu vou.

The New Selection  {L.S.}Onde histórias criam vida. Descubra agora