Capítulo 5

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Acordo já sabendo qual decisão tomar. Me arrumo e desco pro café, todos meus irmãos já estavam la

— Olha só quem apareceu, quer que eu pegue um banquinho pra você não machucar as costas? — Hécla pergunta com um sorrisinho. Juro que as vezes eu queria quebrar a mandíbula dela e arrancar a língua com minhas próprias mãos, o pensamento me faz sorrir

— Obrigado irmã, que bom que esta tão generosa hoje. Conseguiu finalmente arrastar o Lazney pra cama? — Dessa vez ela fica vermelha de vergonha o que me causa um sorriso triunfante. Lazney era nosso irmão e o problema de não convivermos com nossos irmãos é que as vezes não sabemos quem eles são. No passado, a Hécla precisou levar uma mensagem do nosso pai pro Demetry (nosso irmão no comando) ele tinha uma tropa grande, mais a Hécla foi se interessar justo pelo nosso irmão. Quando ela descobriu, voltou pra casa extremamente envergonhada, chorou por dias e culpo nosso pai pelo fracasso da vida amorosa dela. Aquilo sempre me fazia rir

— Esta melhor hoje? — Zeythan pergunta me arrancando das minhas lembranças

— Estou ótima, pronta pra outra

— Essa é minha irmãnzinha — ambos sorrimos e começamos a comer. Meus irmãos começam uma conversa paralela, todos falando ao mesmo tempo. Fico atenta a tudo que eles dizem, uns contam umas historias de batalhas, a Tâmara compartilha algumas delas também. Era incrível como ela se dava bem com todo mundo, eu nem me esforçava pra puxar uma conversa. A maioria deles eram desconhecidos para mim. A conversa cessa quando meu pai finalmente aparece

— Bom dia! — ele diz se sentando e devorando o café da manha. Meu pai sempre nos ignorava no café da manhã, era como se estivéssemos invisíveis para ele. No passado, quando eu queria falar com ele e ele me ignorava eu ficava desejando que ele engasga-se com um osso. Pena que nunca aconteceu. Depois que todos terminam suas refeições ele finalmente diz

— Elizon, sala do trono em 5 min — dada a ordem ele sai. Meus irmãos me encaram

— Perderam alguma coisa aqui? — imediatamente eles caçam coisas pra fazer pra não olhar pra mim.

Respiro fundo e caminho para a maldita sala do trono. Encontro ele sentado e usando uma coroa de ossos, fico imaginando que tipo de coisa ele matou para usar aqueles ossos com tanto orgulho. Me ajoelho perante ele

— Senhor!

— E então, vai continuar bancando a criancinha rebelde ou vai logo querer saber sua missão? — eu queria cuspir na cara dele isso sim, mais já imaginava quais seria as terríveis consequências disso, então simplesmente respondo

— A missão Senhor

— Ótimo. Quero que roube um livro de magia da Katherina

Aquilo era ridículo.

— Sério que vai me fazer perde tempo com isso? Ela é sua esposa, é só pedir

— Isso não é perca de tempo. Além do mais esse livro é importante, mesmo se eu fosse o melhor marido do mundo ela nunca me entregaria

— E ambos sabemos que você não é né?! — sussurro

— O quê disse?

— Como o Senhor desejar então. Mais a Hécla é mesmo necessária? Posso fazer isso com as mãos nas costas

— Quero que ela fique boa e nada melhor do que manda-la logo para uma missão

— Devia manda-la sozinha — e deveria mesmo, assim, se ela fracassar eu não seria culpada também

— Ela precisa de alguém experiente como você, assim como a Kira precisa da Tâmara

Seguro o impulso de revirar os olhos

— Ok. Sobre a missão, o que faço se não encontrar o livro?

— Você vai encontra-lo — dito isso eu sabia que não tinha espaço para fracassos

— Certo. E se a Katherine me descobrir?

— Seja boa e ela não vai descobrir

— Mais e se acontecer?

— Faça o que for preciso para trazer o livro. Qualquer coisa

Mesmo que ele não tenha dito todas as palavras claramente, eu entendi. Era uma permissão para mata-la. Matar a mãe da Tâmara, a unica irmã que eu gostava e que nunca me perdoaria.

— Você não me agradeceu ainda — ele diz e eu olho para ele arqueando uma sobrancelha — Pela minha bondade ontem, você sabe que merecia mais do que 30 chibatadas

Tento manter a expressão neutra, mais por dentro eu estava gritando. Ele queria mesmo que eu agradecesse ele por ter me açoitado feito um animal? Ele era inacreditável. Diversas respostas e xingamentos passam pela minha cabeça, mais simplesmente digo

— Obrigada Senhor. O que seria de nós sem sua grande benevolência?!

Não sei se ele percebeu o sarcasmo no fim, se percebeu não disse nada, só fez sinal pra eu me levantar e sair.

Herdeira do SubmundoOnde histórias criam vida. Descubra agora