Capítulo 13

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— Você vai vestir isso? — Hécla pergunta, como sempre invadindo meu quarto antes de bater

— Eu não vou a esse baile idiota — depois de vestir a calça jeans preta procuro minhas botas — Estamos aqui para cumprir a missão, não pra se divertir. Alias, pode tirar o vestido, você vem comigo

— O quê? De jeito nenhum, eu vou ao baile

— Por quê? Prometeu uma dança pra ela? — dou um sorriso debochado

— Anh? Pra quem?

— Não fingi Hécla, eu vi o jeito que você olhou pra tal Ravena. Só fico impressionada com a rapidez que você se apaixona por alguém

— Vai contar pro papai?

— Fala serio né? Não perco tempo com fofocas inúteis. Alem do mais ele não se importa com nada alem da missão. E é por isso que você vai comigo

— Eu não posso Liz, eu disse pra Ve que eu ia. Que desculpa vou dar por não ter aparecido?

Penso no assunto. Era melhor eu cuidar disso sozinha mesmo.

— Tudo bem. Pode ir no baile, mas mantenha os olhos na rainha. Não posso correr o risco dela me encontrar bisbilhotando. Você sabe invocar demônios mensageiros?

— Obvio, mais tenho meios mais fáceis de te avisar caso alguém resolva vim pros corredores, não se preocupa

Encaro ela decidindo se deveria ou não confiar. Na maior parte do tempo vivíamos nos provocando e querendo nos matar, mais ali estava eu, pela primeira vez na vida dependendo da palavra dela

— Ótimo então — digo por fim

— Obrigada Liz — ela sorri pra mim e vai saindo.

— Não leve flores — não sei porque eu disse aquilo, mais antes que eu pudesse impedir as palavras saíram. Ela me olha confusa enquanto segura um pequeno buque — Pra Ravena, ela não parece o tipo que gosta de flores. De sua tiara pra ela, vai ficar linda

Ela me olha surpresa, ate mesmo eu estava surpresa. Não sei por que tinha ajudado ela, aquilo foi um momento estranho e resolvi culpar a noite mal dormida.

Depois de duas horas resolvo por o plano em ação. A essa hora todos já deviam estar no baile. Quando saio no corredor, estava tudo quieto comprovando minhas suspeitas.

Não ando muito pra chegar ao meu destino. Como o previsto o quarto da rainha estava trancado, mais não era problema para mim, olho a fechadura e me concentro nela, fazendo a tranca girar. Em um segundo o quarto esta aberto.

O quarto era bem bonito e arrumado, eu suspeitava que o livro não estivesse ali, não poderia ser tão fácil, mais tinha que conferi. Começo vasculhando o obvio, a prateleira de livros. Tinha vários de magia, mais nenhum era como o que meu pai tinha pedido. Ele havia dito para procurar um livro velho com capa de couro e um pentagrama desenhando, as primeiras paginas eram escritas com sangue, então seria inconfundível quando encontrasse. Mais não vejo nenhum assim. Procuro embaixo do colchão, nada. Puxo o tapete em busca de alguma porta que leva pro subterrâneo, nada também. Vou pro closet, vasculho todos os possíveis lugares, nada também. Quando saio do closet dou de cara com o anjo, aparentemente ele estava me esperando.

— O quê esta fazendo aqui? — sua voz soa perigosa. Naquele momento me arrependo profundamente de ter confiado na Hécla, deveria saber que ela não ia me alertar sobre isso.

— Eu vim buscar uma roupa emprestada — a mentira sai fácil. Mais ele não parece se convencer — Como pode ver, eu não tenho nada chick para um baile.

— A rainha não ia deixar você entrar aqui sem a presença dela

— Na verdade ela não se importa, morávamos juntas, ela é como uma mãe — tento soar convincente

— Não acho que ela te considere uma filha

— Cada um tem seu jeito de amar — dou de ombros como se tudo aquilo fosse um tédio. Ele continua me encarando e quando caminho para porta ele segura meu braço, o toque dele no meu braço me deixa nervosa — Me solta

Ao invés de me soltar ele me puxa pra perto me encarando profundamente com os olhos frios de sempre

— Eu estou de olho em você princesa, um passo em falso e eu vou atras de você. Sei que o cretino do seu pai não manda ninguém a passeio pra lugar nenhum, você esta aqui em uma missão. Eu não sei qual e não me importo, mais se você colocar a vida da rainha em risco eu vou passar a me importar. Ela é assunto meu, fique fora dos meus assuntos e eu fico fora do seus, ou do contrario vou ter que te matar de novo — ele se aproxima, seus lábios quase encostam no meu ouvido quando ele sussurra — E dessa vez vai ser ainda pior

Ele me solta e sai, eu fico imóvel. Ele se lembrava de mim e havia feito uma ameaça alto e claro. Agora a questão era, quem eu temia mais? Meu pai ou meu assassino?

Herdeira do SubmundoOnde histórias criam vida. Descubra agora