Cap 45. Presente

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Segurei o capacete com uma mão enquanto passava a outra pelo cabelo, o verão estava chegando forte e o calor estava me incomodando. Tentava manter a atenção no que o engenheiro elétrico falava, apontando o projeto em cima de uma mesa improvisada. Faltava pouco pra começar a fase de acabamento daquele prédio e todo o material necessário pra isso chegava sem parar, o que resultava num barulho ainda maior do que o comum.

Suspirei aliviada quando o assunto foi encerrado, verifiquei meu celular, mas não tinha nada que me interessasse. Levantei a cabeça quando vi Matos se aproximando com uma garrafinha de água na mão.

- Olha quem tá servindo pra algo. - Sorri aceitando sua oferta.

- De nada, Jauregui. - Ele respondeu debochado.

Bebi o conteúdo quase todo em um gole só. Aproximei-me da borda da laje e olhei para o chão por um momento, estávamos no 12° andar.

- A instalação do elevador social deu problema, o engenheiro elétrico diz que a parte dele está certa. Seria bom se algum responsável por isso aparecesse. - Falei notando Matos se aproximar da borda também, querendo ver o que tinha chamado minha atenção.

- Tudo bem, falarei com a equipe da instalação. - Respondeu dando alguns passos pra trás, anotando alguma coisa em seu celular.

Recuei e me virei olhando o interior da construção.

- Essa semana a gente termina a estrutural se tudo correr bem. Vero deve vir para dar uma olhada no acabamento, isso de escolher a cor da parede e o tipo de revestimento é com ela. - Segui contando o que Matos já sabia, mas ele só concordava pacientemente. - Você se forma esse mês?

- Sim, está faltando muito pouco. - Ele disse mal contendo sua empolgação com o assunto.

- E prefere continuar na J+I ou quer trabalhar na construtora? - Sua expressão de surpresa chegou a ser engraçada.

- A Jauregui? Eu não sei, quer dizer, eu não estava esperando. - Ele tentava responder, ainda em choque. - Espere, você está me oferecendo um emprego, certo?

- Você acabou de me dar água quando eu estava derretendo de calor. Acho que isso lhe qualifica como o estagiário do ano. - Brinquei. - Sim Matos, estou oferecendo um emprego, onde você prefere trabalhar?

- Eu gosto de trabalhar com vocês, embora a construtora seja maior, estou feliz na J+I. - Ele enfim sorriu relaxado.

- Então, está contratado. - Estendi a mão e ele aceitou entusiasmado, me abraçando em seguida. Sorri com seu gesto espontâneo.

- Sua primeira função como engenheiro é esse prédio. A obra chegou na parte fácil, só me envie relatórios semanais, como os outros. - Dei um tempo pra ele assimilar e segui. - Porém, você ainda tem uma última função como estagiário.

- Qualquer coisa, Jauregui. - balançou a cabeça sorridente.

- Vá no shopping e compre pra mim um iphone sei lá qual número que a Apple lançou pela ultima vez. - Puxei meu cartão do bolso de trás do meu jeans e o estendi em sua direção. - A senha você sabe.

Matos levou um tempo até pegar o cartão, sem saber se eu estava brincando ou não.

- Se você não for logo, eles irão lançar outro modelo e você terá que dormir na fila da loja com seus amigos sem vida social. - Falei rindo, ele acenou antes de sair pra fazer o que eu pedia.       

Mal fiquei sozinha e o rádio apitou, respondi o chamado e reuni forças pra subir até o último andar, eu odiava o calor.

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