A Chuva Me Viu Chorando

Monstros...

Bela! Tão bela!
Anuncia os olhos apaixonados.
O sorriso da minha bela dama é como um lampejo de luz na escuridão.
Envolvido pelo doce aroma dos seus cabelos, me permiti descansar.
Mas fechar os olhos e ser engolido por pesadelos, é apenas uma parte da minha condenação.
Me lembrei de quando o amor ainda tinha o direito de viver.
Quando na calada da noite os maus roubaram esse sentimento de nossos corações, e o usaram, se saciaram, jogaram fora, e friamente o assassinaram diante dos nossos olhos.
Eu era apenas um menino, me perguntando onde vivem os monstros.
Em apenas uma estação descobri que eles não são criaturas deformadas que cospem fogo.
Mas no fim daquela primavera.
Descobri que os monstros se fantasiam de sorrisos, e de boas intenções.
Eles não te engolem de uma só vez.
Eles te cercam e te devoram aos poucos, e mesmo quando eles  forem embora satisfeitos, o cheiro do seu medo continuará sendo um motivo pra eles voltarem.
E quando finalmente você puder pedir ajuda, o seu grito não vai sair.
Porque mesmo se eles se forem, você ainda irá continuar sentindo os olhos deles sobre você.
E até o último dia da sua vida, eles te farão acreditar que você é tão sujo quanto eles.

NOTAS FINAIS

Poema publicado no site Beco do Poeta 03/01/2017.

http://becodopoeta.com/monstros/