Às Margens

16 0 0
                                    

Sim... Meus pés me levaram até as margens do grande rio, com a falsa promessa de liberdade.

Os passos afundados na lama marcaram as trilhas que levavam até mim.

A agitação das águas eram um convite sem volta para as profundezas.

Com as pernas trêmulas da fulga, me pus a me pensar no valor de ser livre, talvez custe tanto quanto a minha vida...Nada!

A movimentação atrás de mim me lembra de que eu jamais atravessarei esse caminho de volta pra casa.

Minhas lágrimas caíram, mas não eram de autopiedade e nem de lamentações.

Eu não choro por mim e nem pela vida que me foi arrancada a força.

Elas molhavam o meu rosto por eles.

Pode ser que eu nunca mais volte para o lugar que eu chamo de lar.

E isso dói tão fundo quanto uma faca de dois gumes cravadas no coração.

Hoje ganharei novas marcas por tentar roubar o que é meu por direito.

Esse ato de desespero visto como rebeldia causará ferimentos em minha casca de de pó, e um espetáculo particular para os senhores dessa terra manchada de sangue inocente.

Meu corpo é prisioneiro das suas ordens e um troféu da sua tirania.

Mas frente a frente... Eu não tenho dúvidas de quem é o verdadeiro escravo.

A Chuva Me Viu ChorandoOnde histórias criam vida. Descubra agora