Espelhos de Manhattan

Capitulo 6

Encaro o homem a minha frente e tento não babar.
Ele possuía um maxilar bem detalhado e uma pele parda, tinha cabelos pretos e lisos cortados perfeitamente. Suas sobrancelhas eram grossas e sua boca bem desenhada e carnuda. Estava usando um terno preto que só de olhar já se podia perceber que era caro. Ele era muito elegante, assim como Jamie.
Eu achei que Jamie era o homem mais lindo desse lugar, mas estou encarando agora o seu concorrente.

- Quem é você ? - ele ainda está parado me olhando.

Eu me ajeito na poltrona e tento parecer mais apresentável.
- Eu sou Cristine. - tento falar firme, mas falhei.

-O que faz aqui? - ele pergunta com as sobrancelhas arqueadas.

-Desculpe, é seu escritório aqui ? - pergunto sem jeito me levantando.

-Sim. É meu escritório. - ele confirma e ainda está me olhando desentendido.

-Eu já estou saindo, juro que não toquei em nada. É que fora indicava ser uma biblioteca. - falo e ele confirma com a cabeça olhando para o livro em minhas mãos.

-Exceto esse livro - digo sem graça e caminho até a estante de onde eu tirei o livro e me esforço para as minhas pernas não falharem.

-Eu não iria te proibir de ler algo bom. A biblioteca é um dos meus escritórios aqui, esse é o de descanso.- ele diz dando a volta em sua mesa e senta no lugar onde eu estava esparramada e apoia os cotovelos na mesa e me olha enquanto estou tento dificuldades de encaixar o livro entre os outros. E acabo não conseguindo. Ele levanta novamente e percebo ele se aproximar.
Ele pega o livro da minha mão e me olha segurando.

- Eu não mandei você devolver o livro. Fiz perguntas, e pode ficar com o livro. - ele fala me encarando com seus olhos castanhos escuros maravilhosos. Mandar? Que autoritário.

-Exatamente porque você não mandou que eu vim devolver, as pessoas não costumam mandar em mim. - respondo séria e com raiva.
Fala sério, o que esse cara tem de bonito ele tem de arrogância.

-Eu sou acostumado a mandar em todos, exatamente todos. - ele diz devagar cada palavra.

-Todos os seus empregados, certo? Ainda bem que não sou uma. - falo e me afasto pegando minha bolsa que estava sobre a mesa dele.

-Primeiramente, eu entro no meu escritório e encontro uma garota desconhecida sentada na minha cadeira de chefe, lendo o meu livro e tento ser gentil com você, mas você é uma ignorante além de feminista. - ele parece irritado e está falando auto.

- Você não grite comigo! - falo e aponto o dedo para ele.

- E você não aponte esse dedo para mim! - ele fala e caminha até mim ficando muito próximo.

-Você é o Harvey? - pergunto com um sorriso irônico no rosto e me acalmando.

-Sim, sou o Harvey. Já ouviu falar de mim, não é? Estava até querendo saber se eu era bonito como o Jamie. - ele enfatiza o nome de Jamie e agora está com uma voz mansa.
Droga! Ele ouviu meus comentários sobre ele.

-Saiba que tirei minhas dúvidas. - respondo com desdém.

- Me diga, gostou do que viu? - ele pergunta também com um sorriso irônico.

-Já vi melhores. - olho para ele por algum tempo o avaliando, respondo e vou até a porta e saio daquela sala.
Sinto meu sangue ferver de tanta raiva. Caminho até o elevador e aperto todos os botões do elevador de uma só vez. Eu só queria ficar bem longe daquele homem!

-Cristine! - ouço Carie me chamar antes de eu entrar no elevador e vejo Carina vindo logo atrás dela.

-O que foi? Você está tremendo. - Carina segura minha mão enquanto Carie me olha esperando uma resposta.

-Estou tremendo de raiva! - respondo entre dentes.

- Você não gostou da história do livro ? -Carie sorrir zombando.

- Não gostei do dono do livro. Ele é um idiota que chegou querendo mandar em mim e ainda gritou comigo. Imagino quão infeliz todos que trabalham aqui são só por terem contanto com esse homem todos os dias.

-De quem você está falando ? Carina pergunta.

- Daquele Harvey. Eu estava no escritório dele sem saber. - falo tentando me acalmar.

- Mesmo? Conheceu ele? Ele é lindão? -Carie arregala os olhos olhando para trás de mim.

- Já veio iniciar suas calúnias ? - Olho para trás e Harvey está me olhando com as mãos no bolso e seu maxilar está travado. - É típico das garotas que eu desprezo. 

Quando ele termina as palavras levo minha mão até o rosto dele dando um tapa forte. Ele pisca e me encara com fúria.

-Eu só estou falando o que conheci de você. Só coisa ruim. - digo tentando manter o controle enquanto Carie e Carina me seguram tentando evitar que eu faça algo novamente.

Carie e Carina apenas assistiam o espetáculo.

-Eu não aceito que venha uma qualquer aqui falar mal de mim dentro da minha própria empresa e ainda me agredir. Então me peça desculpas agora ou se retire daqui antes que eu chame os seguranças! - ele me encara e percebo que ele não está de brincadeira, assim como eu também não estou.

-Eu vou sair sem te pedir desculpas e sem ser carregada pelos seguranças. - desafio ele. Eu jamais iria pedir desculpas desse cara sendo que ele que me deve muitas desculpas.

- Ótimo, então já vou chamar os seguranças. - ele tira seu celular do bolso do terno e digita. - Darlen? Preciso de dois seguranças no meu andar, agora! - ele diz com seu tom autoritário, com certeza fala assim com todos.

- Não precisa chamar, já estávamos indo. - Carie fala segurando pelo meu braço.

-Eu vou esperar os seguranças então. - respondo.

-Eu não quero sair daqui sendo carregada pelos seguranças! -Carie diz para mim e Harvey encara ela.

-Os seguranças irão levar sua Irmã. Ela me desacatou dentro da minha empresa. - Ele olha para nós três surpresos. - Gêmeas?

-Sim, nunca viu irmãs gêmeas ? - respondo ele.

Ele aparta as pálpebras e parece se concentrar.
Os elevadores abrem e os dois seguranças surgem e esperam as ordens de Harvey para iniciarem a humilhação.

- Você vai me pagar! - respondo assim que os seguranças me seguram pelo braço e ele parece se divertir com a cena. - Você me ouviu? Me larga!!! - eu fico tentando me soltar mas a atitude é um fracasso, eu jamais conseguiria. Carie e Carina pareciam desesperadas.
Antes de os seguranças chegarem até os elevadores para desceram comigo para a saída do prédio ele se abre novamente e me vejo salva. Como aquele rosto me fez falta.