capítulo 17

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-Você parece tão pensativa. - Ramon me encara enquanto coloca açúcar no seu café.

-Eu só estou tentando me concentrar para a reunião. - digo e logo olho em volta do café do hotel.

-Acho bom que se concentre mesmo. Hoje você irá fazer as negociações e falar coisas agradáveis sobre o meio-ambiente e de como se importa e acha ele de extrema importância para a vida humana e outras mentiras. - Ramon diz com tranquilidade e encaro ele incrédula.

-Eu me importo com o meio ambiente. Me importo tanto que irei mesmo iniciar um projeto na Global Multi para se tornar uma empresa mais conservadora do meio ambiente, devo dizer. - ele rir com desdém quando termino de falar.

-Por favor! Acredita mesmo que entre todos os empresários que estarão ali algum deles realmente se importa? - ele dá um gole no seu café.

-Acho sim, Ramon. Não sabe como estou decepcionada por saber que você é um ser assim. - pego meu celular na bolsa.

-Eu trocaria todas as árvores por prédios. Eu adoro prédios, sabia?

Os seres humanos tendem a venerar as as coisas fúteis e acabam deixando de dar a mínima importância para o que realmente os sustenta na Terra.

Ignoro as palavras ignorantes de Ramon e dedico minha atenção às notificações que tenho.
Vejo uma mensagem de um número diferente e abro.

" Espero você no seu quarto, não desisti do passeio de hoje"

- Quê? - digo em voz alta e Ramon me encara confuso.

-O que foi? - ele pergunta.

-Não foi nada. - digo me levantando. - Eu vou subir para meu quarto. - explico para Ramon e ele apenas confirma com a cabeça. Ramon estava bem mais distante do que eu nessa manhã.
Caminho em passos apressados e abro o meu quarto e olho no banheiro, na cama e não tem ninguém.
Volto até a porta.

-Aah! - dou um grito abafado. - Você parece uma criança, sabia? - repreendo Harvey enquanto ele rir da minha reação.

-Você caiu direitinho. Ainda bem que não sou um sequestrador ou algo parecido. Nem foi preciso fazer chantagens e você subiu sem hesitar. - ele diz convencido. Muito convencido!

-Não tem graça Harvey. Você não entrou aqui, não é?

-Acho que o Hotel Budapest ficaria desapontado em saber que acha o serviço de segurança deles tão barato a ponto de qualquer um invadir seu quarto. - ele caminha até a janela do meu quarto - E não. Eu não entrei. Eu só queria te trazer até aqui e agora consegui. - ele sorrir. Ele precisa parar de sorrir assim!

-Então iremos passear pela cidade, mas antes poderia por favor sair do meu quarto? - digo caminhando até a porta e abrindo-a.

-Como quiser. - ele levanta a mão se rendendo e caminha para fora. - Mas você vem junto! - Harvey me puxa pelos braços antes que eu possa fechar a porta.

-Harvey!!! - repreendo ele enquanto sorrio e tento lutar contra seus puxões segurando na maçaneta da porta.

-Se você não soltar terá que providenciar uma maçaneta nova para o hotel. - Harvey fala e dá um puxão mais forte e solto. Meu corpo vai com força para próximo do dele e ele me segura.

-Vocês podem abrir caminho para os hóspedes passarem? - Ouço uma voz feminina que eu nunca esqueceria.

Eu e Harvey olhamos para trás e ela está nos olhando com superioridade até olhar com mais atenção para Harvey, assim que percebe que estava falando com seu chefe ela baixa a orelha envergonhada.

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