Espelhos de Manhattan

Capítulo 18

Resolvo buscar a concentração que Harvey me tirou e puxo assunto.

-Sinto muito que uma mulher qualquer tenha sido o motivo de você e Jamie se afastarem. - digo desviando o olhar do dele.

-Havia outros motivos também. - ele balbucia olhando para o Palácio que estava a nossa frente.- A Barbara, os negócios, e a droga do nosso pai.

Harvey está com o maxilar rígido e consigo ver a raiva dominando seu rosto. Me aproximo sorrateiramente e aos poucos passo meus braços em volta do dele com intenção de melhorar a situação. Descanso minha cabeça na lateral de seu braço e sinto ele recuar de início, mas logo deixa eu me aconchegar. 

-É impressão minha ou você está me consolando? - ele tenta me encarar com uma expressão divertida.

-Eu estou aqui e sou muito consoladora. - digo sorrindo - Eu só estou tentando ver você melhor e feliz como estava minutos atrás. - falo com sinceridade e vejo um sorriso fraco em seus lábios.

-Eu te agradeço. - ele responde e vejo que está feliz novamente.

-Viu como até os mais ricos e ocultos resistem a um consolo feminino? - me vanglorio e ele gargalha. 

- Você está carente, isso sim, me usou como desculpa para ter alguém por perto. Você se aproveitou dos meus lindos braços. - ele brinca me fazendo gargalhar também. 

-E você acha mesmo que eu recorreria a você nos meus momentos de carência? - PERGUNTO.

- Hoje foi... - ele dá de ombros.

-Não fiquei bem em saber que Jamie veio com a ficante dele até aqui. - jogo as palavras e fico cabisbaixa por ter compartilhado algo íntimo com o Harvey.

Ele se aproxima e levanta minha cabeça segurando meu queixo até eu encará-lo.

- Jamie só está em um momento de burrices. - ele diz olhando em meus olhos - Você não combina triste e por esse motivo farei de você esta noite uma mulher feliz.

Fico surpresa com as palavras dele. Harvey veio cheio de surpresas para Budapeste.

-Você é capaz? - arqueio as sobrancelhas.

- Pode colaborar? - ele me olha ofendido e segura minha mão me levando para dentro do Palácio.

Estamos com um guia muito atraente que nos explica peça por peça e sala por sala do Palácio Hungaro e o que mais me incomoda são suas olhadas indiscretas para mim. 

- Está tudo bem? - Harvey pergunta me avaliando.

-Claro, eu estou adorando tudo aqui. Tudo é tão bonito e atraente. - respondo olhando os detalhes do lugar.

-Sério que não vai deixar eu te ajudar como me ajudou com a garçonete quando ela estava me secando? - ele fala se referindo ao guia. 

- Não aguento mais! - sussuro - Ele não parou desde que entramos. - falo impaciente e Harvey sorrir do meu desespero.

- Vem cá. - Harvey me puxa para perto e consigo sentir seu cheiro e sua respiração forte enquanto seus olhos encaram meus lábios. Ele leva seus dedos até meu rosto acariciando minhas bochechas e fico congelada e fecho meus olhos para deixar fluir o efeito que ele estava me causando. Sinto seu rosto mais próximo do meu rosto e logo seus lábios tocam o meu delicadamente,ele se afasta e encara o guia que se encontrava vermelho de vergonha e decepção. 

- O que foi isso? - pergunto quando estamos no salão principal a caminho da saída do Palácio.

- Nunca ganhou um selinho? - ele me olha incredulo. 

- Já, Harvey. Só que eu não esperava isso de você. - falo confusa e ele sorrir. 

- Seus lábios são macios, mas fica despreocupada, não significou nada. - ele diz frio sem olhar para mim.

-Ainda bem que não criou esperanças, porque para mim também não significou nada. Acho que nem selinho você sabe dar. - falo com desdém e ele para de andar e me observa tombando a cabeça para o lado.

- O que você disse? - ele frange as sobrancelhas.

-Isso mesmo que você ouviu. - insisto em desafiar ele.