capitulo 37

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Chego em casa e passo direto para o meu quarto assim que olho de canto de olho e vejo toda minha família reunida no jantar. Por um momento tenho a leve impressão de que alguém me notaria, mas ainda bem que ninguém viu minha chegada. Eu só queria evitar qualquer tipo de explicação para o meu pai.

Depois de um banho quente, deito para pensar em 90% de tudo que aconteceu no meu dia. Quando estou quase adormecendo, ouço batidas na porto e apenas ignoro. No máximo era Carina vindo atrás de informações do que aconteceu hoje com o papai. As batidas continuam e vão ficando mais fortes. 

-Que droga! Quem é? - abro a porta exaltada e vermelha de raiva. -Seu idiota! Eu estava quase dormindo. - digo encarando Ramon com muita raiva. - O que quer agora? 

-Nossa, que delícia de recepção. - Ele me encara ofendido. - Adoro quando você está assim, mas o assunto é sério. Preciso que venha comigo e se prepare para o que preciso mostrar.  -Aquele olhar do Ramon era o que eu conhecia quando realmente não se tratava de brincadeiras. 

Sem fazer muitas perguntas, abro meu guarda-roupas apressada e pego um vestido básico, meu tênis e um sobretudo. Tiro minhas roupas de dormir e Ramon revira os olhos. 

-Você deveria falar ao menos ''pode virar de costa?. Tente se fazer de difícil ao menos. - ele diz virando de costa. 

-Só era você não olhar. Ah, não é nada que você não tenha visto antes. Você já me viu na praia de biquíni, são praticamente sutiã e calcinha, mas de tecidos diferentes. - digo fazendo um rabo de cavalo em meus cabelos. 

-Falamos sobre essas diferenças depois, preciso que seja rápida. - ele pega meu tênis no chão e me puxa pra fora do meu quarto. - Calça isso quando estiver no carro, não tenho muito tempo. 

-Sempre os Cios são sem tempo, esqueci. - debocho e ele me ignora. - Calma! Assim vai fazer meu pai me ver. - digo tentando reter seus passos acelerados pela casa. 

-Seu pai acabou de sair, Cristine, e outra, não vai conseguir ficar evitando ele pra sempre. -Ele continua me puxando até o carro. 

A Ferrari grafite do Ramon estava completamente suja de lama e barro pelo lado de fora. Em que lugar ele estava para conseguir deixar seu carro que era sempre tão impecável naquelas condições? 

Entramos no carro e ele dá partida. 

A noite estava mais fria do que o normal. Com o natal se aproximando, eu estava esperando apenas a neve surgir.  Vou aproveitando a ventania em meu rosto e fecho meus olhos para aproveitar aquele clima gostoso e momentâneo em que minhas preocupações e dramas familiares estavam se mantendo distantes da minha mente. 

Uma das minhas maiores ilusões era sair por aí sem limites achando que de alguma forma isso resolveria meus problemas, mas na verdade, só faziam eu esquecê-los por um curto tempo. Abro os olhos e encaro Ramon ao meu lado, ele era tão elegante e bonito, sempre me ajudando e me segurando nas minhas quedas. Ele está concentrado dirigindo por uma estrada que nem conheço. Logo me olha de relance e sorrir. 

-Pra quem teve um dia ruim, até que você parece está muito feliz. - ele volta o olhar para a estrada. 

-Ramon, você é um homem tão incrível. Por que não me apaixonei por você? Por que tenho que te ver como um irmão? Se isso tivesse acontecido, hoje eu estaria de bem com meu pai e não estaria deserdada. - Sorrio o encarando. - Eu te amo de verdade. - Levo minhas mãos até o rosto dele acariciando sua barba bem definida e cuidada. 

Ele reduz a velocidade do carro e pega minha mão que estava em seu rosto e deposita um beijo. 

-Também não entendo o motivo de não ter amado você desde o início ao invés da Carie. Eu e você sempre nos identificamos e sempre fomos tão cúmplices um do outro, não é mesmo? Fora isso, apesar de não ter dado em nada romântico, acredito que estamos sendo um para o outro o que o destino nos cobraria. Tinha que ser assim, Cristine. Sempre existe aquelas pessoas que passam por nossas vidas com o potencial para serem tudo para nós, mas no fim das contas, vamos morrer de amor por alguém que nem faríamos ideia que seríamos capazes de amar. 

-Tem toda razão. Nunca imaginei que conseguiria amar o Harvey, ele me expulsou da Lincons e foi um idiota comigo várias vezes e hoje estou pensando nele 12 horas por dia. Porque as outras 12 eu peno no Jamie.- Coloco pra fora todas as palavras que me entalavam. 

Ramon estaciona o carro em frente a um bordel badalado naquele lugar tão distante. 

-Eu sabia que já estava amando o Harvey. - Ramon sorrir me encarando. - Eu sempre soube. 

Ele tira o cinto e sai do carro. Saio do carro também e o encaro por cima do carro. 

-Um bordel? Sério que queria me mostrar prostitutas? - digo caminhando até ele. 

Ramon me avalia. 

-Você só não pode me perguntar o que eu estava fazendo aqui. Certo? - ele me lança o mindinho da promessa e apenas colaboro traçando meu mindinho. - Boa garota. 

-Como se eu não soubesse o que um homem rico, solteiro e bonitão faz num bordel. - digo caminhando na frente dele e o segurança do lugar abre a porta para nós entrarmos. - Tá, agora me mostra o que esse lugar tem de tão importante. - falo olhando por todo e lugar e vendo a própria selva ali dentro. Tantas mulheres e homens vestidos de forma indecente, isso os que estavam vestidos...  Aquele lugar me dá um embrulho no estômago. - Quero ir embora daqui agora. - viro em direção a saída e Ramon me impede me levando até o balcão do lugar. 

-Tenho uma reserva para as 00:30 no quarto 36. Trouxe uma de fora para mudar as coisas. - Ramon fala com uma moça jovem no balção e aponta pra mim na última frase. Encaro ele boquiaberta. A moça entrega a chave do quarto para ele e subimos uma escada estreita e escura até chegar em um corredor com vários quartos. O lugar era apavorante de tanto cheiro de essências baratas. 

-Que lugar exótico, Ramon. Como se sente sendo um conhecido da casa? - falo me desviando das prostitutas bêbadas no corredor. -Ai, meu pai, socorro. 

-Tinha esquecido que você é patricinha. - ele fala procurando pelo número do quarto. 

-Meu bem, até a pessoa menos afortunada desse mundo ficaria com tontura em um lugar como esse. 

Ramon finalmente encontra o quarto e abre a porta. Até que por dentro os quartos se tratavam de suítes luxuosas e limpas. 

-Agora só é esperarmos. Acredito que você ficará tão surpresa quanto eu fiquei quando vi de longe. Deu trabalho conseguir uma reserva com esse quarto, não sabe como. - Ramon senta na cama e fico em pé. Não sentaria naquela cama. 

Alguns minutos depois o trinco da porta de mexe e antes de a porta abrir encaro o Ramon. 

-Eu vou está aqui com você... - ele diz passivo e logo a porta abre. 

Uma mulher com uma peruca longa e ruiva entra no quarto com uma lingerie e de botas longas. O corpo dela era lindo. Ela está de costa tentando trancar a porta e ainda não consegui ver seu rosto.  

-Fiquei sabendo que vocês tentaram bastante o encontro. - ela diz e vira de frente e logo toma um suto muito maior do que o meu. 

-Ai meu Deus! Não! - Digo com as lágrimas escorrendo e sinto meu ar diminuindo. Ramon levanta da cama para me apoiar em pé. - O que? Isso é alguma pegadinha?  

-Eu falei que precisava se preparar. - Ramon diz baixo. - Por quanto tempo achou que iria se esconder aqui? 

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