Capitulo 30

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Depois que me certifico que Jamie realmente havia ido embora, me jogo na cama e respiro fundo com os olhos fechados.

Ouço meu celular tocar e levanto irritada para atender. Quem seria àquela hora?

Olho a chamada e era o Adam... depois de todo esse tempo sem falar com ele, o que ele queria agora?
Atendo e antes que eu possa iniciar a conversa ouço uma voz diferente, não era a do Adam.

-Sabe me dizer em qual casa o seu amiguinho idiota mora? - o homem pergunta do outro lado da linha.

-Quem está falando? - pergunto e caminho para a varanda do meu quarto. - Cadê o Adam? - pergunto imediatamente.

-Como pode esquecer minha voz tão facilmente? Achei que eu era inesquecível. - logo reviro os olhos. Ramon!

-Não sei o que faz com ele, mas ele mora na casa A34 dois quarteirões depois da minha casa. - respondo saindo da varanda e saio do meu quarto para ir até a rua. - Já passou pela portaria?

-Claro que já. Agora estou chegando na frente da sua casa e tem uma garota vestida horrivelmente aí na frente. - sorrio. Logo Ramon para o carro e entro no carro sem ser convidada.

-Vamos. Como isso aconteceu? - pergunto olhando para o banco de trás e Adam estava com a camisa branca da Marvel preferida dele totalmente rasgada e suja. O rosto dele estava sujo de barro e o de Ramon estava no mesmo estado. - Por que estão sujos de barro? - olho para as vestes de Ramon que ainda usava seu terno de trabalho.

-Pode fazer menos perguntas e mostrar logo a casa dele? - ele foge do assunto.

-Quando chegar eu irei mostrar. - respondo e volto a olhar para Adam.

Depois daquele dia da declaração, hoje é a primeira vez que estou vendo ele. Adam sempre foi tão cuidadoso e não consegui acreditar que estava vendo ele naquelas condições.

-O Adam não está bem da cabeça. Pode ter certeza disso. Você precisa decidir se vai ajudá-lo ou se afastar dele. - Ramon diz sério encarando a rua.

É claro que eu ficaria ao lado do meu amigo. Ele merecia todo meu apoio.

-Aqui é a casa dele. - digo e Ramon para o carro na frente e sai para abrir a porta de trás e desço para ajudá-lo a levar Adam para dentro, mas ele consegue dar conta colocando ele na costa.
Caminho rápido na frente e antes de chegar até a porta a Sr. Carlotte abre a porta assustada e assim que ver Ramon ela fecha a cara com desgosto.
Ela era a madrasta de Adam, mas cuidou dele desde que ele tinha 13 anos e o amava mais do que a própria mãe. Ela tinha cabelos loiros e curtos perfeitamente assentados e uma pele de dar inveja. Suas sobrancelhas arqueadas e delineadas estavam baixas e seus olhos estavam voltados para o estado de Adam. Ela abre espaço para Ramon entrar com ele na casa e logo o coloca no sofá da sala.
A casa do Adam era linda e grandiosa. Com lustres e móveis impecáveis dos quais somente a Sr. Carlote sabia o preço de cada um. Aquele ambiente era muito comum para mim, já que eu vivia na casa de Adam.

-O que aconteceu com ele? - ela me olha apreensiva e encaro Ramon.

-Ele bebeu muito em uma boate. Eu estava passando na frente da boate no momento em que ele estava saindo acompanhado de uma mulher, eu não cheguei a reconhecer a mulher porque assim que parei o carro e me aproximei, ela saiu em direção contrária e deixou ele cambaleando na calçada. Mesmo tendo os problemas do passado, resolvi ajudá-lo e ele quis me bater assim que me reconheceu. - Ramon fecha os olhos antes de terminar. - Eu me defendi e dei um soco leve só para acalmar ele para que eu pudesse ajudar de alguma forma.

Fecho os olhos e coloco minha mãe esquerda no meu rosto e logo encaro a Sr. Carlote que olhava boquiaberta para Ramon.

-Ele estava bêbado... como consegue ser tão covarde? Você desde pequeno não mudou nada, Ramon! Muito sorte você não ter virado um marginal. - a Sr. Carlote fala e vejo Ramon manter o maxilar rígido.

Me aproximo dele e seguro em seu braço para fazer ele se acalmar. A qualquer momento ele iria explodir.
Ele puxa o ar e sorrir.

-Mas não virei um marginal como a senhora sempre desejou. Talvez se seu marido não tivesse traído você com minha mãe eu seria um cara um pouco mais educado e favorito por você, não acha? - ele jogo o passado na cara da Sr. Carlote e ela enche os olhos de lágrimas. - Eu só tentei ajudar o seu filho! - Ramon vira e sai batendo a enorme porta de vidro da casa.

Ela me olha e se aproxima.
- Obrigada por ter ajudado meu filho chegar até aqui. Agora vá, querida. Eu lhe darei notícias pela manhã. Não esqueça de manter esse marginal longe da nossa vizinhança. - ela diz num tom doce e olhando para o rosto dela só conseguia ver amargura. Sr. Carlote era mais uma socialite que suportava tudo e todos os erros do marido para manter as aparências de uma família feliz. Enquanto sua família estava desestabilizada. O Adam estava se afogando no álcool e o pai dele no mínimo em alas Vegas com prostitutas enquanto ela lia revistas de moda e designer de casas. Saio da casa e Ramon está escorado no carro com um cigarro na boca. Caminho rápido até ele e tomo o cigarro.

- Desde quando você fuma? O que tá havendo, Ramon? - encaro ele.

Ele me olha com um pedido de desculpas e me abraça. Eu mesmo sem entender apenas retribuo. Eu precisa do meu melhor amigo hoje e ele precisava de mim.

-Eu te amo, Cristine! Eu queria muito ter uma irmã como você. Só que também queria ter uma namorada como sua irmã gêmea. - sorrimos com o comentário.

-Eu te amo também. Você é meu irmão, só falta meu pai te adotar antes de passar todas as ações da família para você. Você já dirige todas, certo? - brinco e ele sorrir me soltando e abre o carro e entro e logo faço o mesmo.

Ele olha para a casa novamente e a Sr. Carlote estava na janela olhando para o carro.

-Nunca vou entender o ódio dela por mim. Nunca! - ele se escora no banco de carro e balança a cabeça negativamente. - Pior ainda é eu saber aonde eles moram agora, não a vejo alguns meses.

-Deixa isso pra lá. Que tal comermos algo? Estou morrendo de fome. Só que você paga! Desci apressada e nem sandálias eu trouxe, quanto mais dinheiro... - ele logo me encara com seu sorriso irônico. - Isso é um sim?

- É... vou salvar você por essa noite. - ele diz com desdém e dá partida.

Ramon e aquela família tinham muito a resolver. Na verdade, por tudo que ele me contou, ele não passa de uma vítima nesta história toda. A mãe de Ramon namorava o pai do Adam desde o colegial, mas com a vida profissional dos dois, acabaram dando um fim no relacionamento e depois de casados e bem resolvidos caíram por coincidência no mesmo bairro. Aonde Ramon, Adam, Harvey, Max e Jamie também moravam.
Com algumas confraternizações passaram a frequentar a casa um do outro por anos. Nas festas de Natal, aniversários e tudo mais.
Quando Ramon fez 17 anos descobriu que a mãe dele se encontrava todas as manhãs com o pai do Adam em um escritório no centro da cidade. Quando foi contar para Adam, ele acabou não acreditando e fez a dona Sr. Carlote comprar o silêncio do Ramon com chantagens de difamar a mãe dele e separar a família caso ele comentasse com alguém. O pai do Ramon descobriu 2 anos depois, sozinho. E abandonou a mãe dele levando todo o dinheiro da família e deixando sua mãe sem nada. Foi quando conheceu meu pai e conquistou tudo sozinho. A mãe dele saiu da Cidade e mora com um espanhol em Texas.
A Sr. Carlote odeia Ramon porque não teve como descontar seu ódio em quem realmente era culpado. Adam mesmo já me revelou que seu pai nunca deixou de amar a mãe de Ramon e talvez esse seja da Sr. Carlote.

Ramon quebra o silêncio.
- Eu não quis comentar lá, mas eu sei de quem se trata a mulher que estava com o Adam essa noite. - ele tira rapidamente os olhos da pista para me olhar. - Você vai ficar tão surpresa quanto eu fiquei.

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