Capítulo 28

15 3 0
                                    


- Mas ele é seu melhor amigo, como ele teve coragem? – digo pegando meu celular e digitando o número de Carie. – Como ela teve coragem? Ela sabe dos meus sentimentos por ele!

-Ele também sabe tudo sobre o que sinto por ela. Sabe o que mais me intrigou, Carie? – ele dá uma pausa e nego com a cabeça. - Ele que me contou tudo. Eu perdoei ele por ter sido tão sincero comigo, até porque ele foi outro enganado.

O celular de Carie só chama e resolvo sair do escritório para procura-la dentro da empresa.

-Sinto muito, Ramon. – digo saindo e ele apenas assente em agradecimento.

Caminho por todos os setores e não a encontro. Ligo novamente e ela atende.

- Cristine, eu sinto muito. – ela se manifesta antes que eu diga algo. – Eu fugi como uma criança de você e de Ramon.

Reviro os olhos.

-Por que ele, Carie? – pergunto com mágoa. – Você sabe que eu andava sofrendo pelo Jamie e ele ainda mexe comigo de uma maneira inexplicável.

-Achei que Harvey estava fazendo você esquecer o Jamie e eu apenas correspondi o beijo que ele me deu dentro do elevador. Qualquer uma na minha situação corresponderia aquele beijo.

-Carie, quando chegar em casa, precisamos conversar. É complicado a imagem de você com o homem que eu... – dou uma pausa e fecho os olhos. – que eu gosto.

-Tudo bem, eu te espero lá. Beijo. – ela se despede e desliga.

Volto para o escritório do Ramon e ele está esparramado em sua poltrona com as mãos no queixo  encarando o chão. Ele repara minha presença e não dá uma palavra. Respeitando a situação dele, apenas pego algumas cópias que eu precisaria que estavam na mesa dele e saio devagar.

O dia na Global Multi não foi um dos mais agitados, meu pai passou o dia trancado trabalhando no seu escritório, Ramon seguiu o ritmo e nem se quer me chamou hoje para mandar eu fazer algo para ele ou para almoçar, com certeza se manteve com água e café. Aquilo estava acabando comigo, ver meu melhor amigo daquela forma e me sentir da mesma forma.

O relógio marca 17:30 e resolvo me organizar para sair. Arrumo meus pertences na bolsa e ouço a porta de Ramon se abrir, viro na mesma hora para olhar para ele. A vista não era a que eu pretendia ter.

Ele caminha até mim com sua gravata pendurada ao redor do pescoço e com o terno nos ombros. Seus olhos estavam vermelhos e inchados. Ramon estava derrotado.

-Entregue isso para o seu pai e diga para ele que não poderei ficar até as 19 horas. – ele deixa o papel em minha mesa sem manter contato visual e vira de costas.

-Claro, eu vou entregar. Você vai ficar bem, não vai? – pergunto baixinho e ele me olha por cima do ombro.

-É claro que vou, você me conhece. – ele responde com sarcasmo e entra no elevador.

Respiro fundo e me escoro na mesa. Meu coração dói a todo momento que penso em Jamie com outras mulheres e principalmente com Carie. Meu celular vibra e olho a mensagem que chegou.

'' pode descer aqui? Só se não correr o risco de ser demitida''

Sorrio com a mensagem e reconheço o número que me mandou mensagem ainda em Budapeste. Harvey...

Ver ele não me ajudaria, mas ele sempre me deixava bem e me fazia esquecer os problemas.

Levo poucos minutos para descer e logo quando o elevador se abre vejo Harvey sentado elegantemente nas cadeiras da recepção lendo uma revista. Ele levanta o olhar no mesmo momento e me laça um grande sorriso e sou incapaz de não retribuí-lo da mesma forma.

Espelhos de ManhattanOnde histórias criam vida. Descubra agora