Espelhos de Manhattan

Capitulo 8

Encaro Harvey a minha frente, ele me olha de relance e vai pra cima do homem que estava com dificuldades para levantar do chão.

-Entre no carro! - ele apronta para o carro dele. Sendo autoritário de novo? Enfim, mas agora não é hora de discutir com ele. Apenas entro no carro dele e vejo quando ele dá um soco no rosto do grandalhão que estava machucando meus braços minutos atrás. Harvey é atingido com um soco também. Aí não! Ele reage dando um soco forte do homem e o empurra em uma parede e aperta o pescoço dele, em poucos segundos o homem para de se mexer e cai ao chão. Harvey caminha e entra no carro. Ele está todo molhado e sua boca está sangrando.

-O que fez com ele? - pergunto nervosa.

-Sério? O cara iria te agredir e fazer sabe-se lá o quê com você e você me pergunta o que fiz com ele? - Ele me pergunta incrédulo ligando o carro.

-Eu só não quero que tenha uma fixa suja. - falo sem graça.

-Tarde demais para querer isso. - ele acelera e olho para trás onde o homem ainda está estirado ao chão. Ah não.

-Ele está morto? - pergunto e recebo um olhar rápido de Harvey. Ele balança a cabeça negando.

-Apenas desmaiado. Eu não seria capaz de matar alguém por um motivo qualquer.

Uau. Mesmo não precisando dos sentimentos de Harvey, qualquer mulher se magoa em ser tratada como uma qualquer ou que o motivo dela seja um qualquer.

-Entendi. - digo com os lábios e todo o meu corpo tremendo.

- Por Deus. Você está muito pálida. - Harvey fala ao me observar ao seu lado.
Ele para o carro em um posto de gasolina e liga o aquecedor. Algo que não adiantou muito.
Harvey está todo molhado porém não está com tanto frio como eu.
Ele começa a desabotoar sua camisa branca social e tira a gravata. Fico observando descaradamente seus movimentos.
Harvey possuía o mesmo porte físico de Jamie. Forte, definido, mas nada de exagerado.
Harvey me encara e desvio o olhar para baixo.

-Eu espero que não pense coisas ruins de mim ou que eu esteja tentando me aproveitar de você. Mas você...- Harvey parece sem jeito. - quer um abraço? Eu aprendi quando criança que quando se tem muito frio, o calor do corpo humano ajuda a aquecer.

Eu apenas fico olhando boquiaberta para ele enquanto ainda estou tremendo.

-Eu... Harvey, não quero seu abraço. Eu estou muito bem. - falo com dificuldades. Mesmo que eu morresse de frio eu não aceitaria receber o calor dele. Ainda não esqueci o que ele fez ontem.

-Então tudo bem. Tomarei outra providência para tentar ajudar você mesmo você sendo uma garota ingrata. - ele liga novamente o carro e entra na pista.

-Tenho um sobretudo no banco de trás. Vista-o, não quero que você morra dentro do meu carro. - ele diz com frieza e olhando para a pista.

-Eu realmente não preciso, e outra coisa, eu estava de carro. -digo e olho para ele. É tão bonito, mas é tão frio por dentro.

-Por favor, desculpe aquilo que fiz ontem, apenas quero ajudar você hoje, faça o que eu pedi. - ele diz com a voz mansa.

-Que bom que você pediu. Eu vou pegar, já que você não mandou dessa vez. - ele parece sorrir, mas volta para seu semblante sério novamente.

-O que você fez para ele? - Harvey pergunta.

-Eu não fiz nada mais nada menos do que bater naquela picape velha dele. Eu iria pagar o concerto. - me explico e vejo ele sorrir novamente.