Eles tinham ao menos duas semanas para a tão sonhada viagem de formatura. Depois de tantas discussões a sala chegara em um acordo. A viagem de formatura do Ensino Médio teria como destino o litoral norte de São Paulo. Praia, sol e calor os aguardavam. Os passeios paradisíacos a serem realizados ao longo de uma gloriosa semana sondavam as cabeças daqueles trinta e sete jovens. Toda a euforia do fim de mais uma etapa de suas vidas seria convertida em festas e muitas comemorações.
Quando Leonardo abriu os olhos naquele dia se sentiu cansado só de pensar em arrumar suas malas. Enquanto se orientava e se lembrava das tarefas a serem feitas naquela tediosa terça-feira, percebeu com estranheza que a casa estava vazia dessa vez. Àquela hora do dia seus pais ainda deveriam estar em casa.
Franziu o cenho e, após ouvir barulhos estranhos vindos do lado de fora de sua casa, sentiu um estranho formigamento percorrer sua espinha.
Algo estava errado.
Resolveu tirar a coberta de cima do corpo, calçou os chinelos e foi até a janela ver o que estava acontecendo.
A cena com a qual se deparou não parecia das melhores e provavelmente só teria aparecido antes em alguns de seus sonhos. Sua série preferida, The Walking Dead, fora trazida para o portão de sua casa. Formas humanas estavam tentando atravessar as grades, um grupo de pelo menos oito ou dez figuras humanas deformadas. Seus rostos estavam com a pele apodrecida, as roupas todas rasgadas e seus membros inferiores e superiores, em alguns casos, estavam faltando. Aquilo parecia surpreendentemente improvável e para verificar isso ele acabou dando um beliscão em seu braço.
Aí!, gemeu.
Sua mente se atirou nas possibilidades reais de estar mesmo acontecendo. Um apocalipse zombie em pleno interior de São Paulo? Só podia estar sonhando. A população não poderia ter sido transformada em mortos-vivos, isso era só coisa da sua cabeça...
Como que em resposta aos seus questionamentos, o telefone tocou e em um salto ele foi até o aparelho.
"Droga. Tenho que evitar ao máximo o barulho."
Tirou o fone do gancho e o atendeu em sussurro.
— Alô?
— Leonardo? — perguntou a voz do outro lado.
— O próprio. Quem está falando?
— Sou eu, Kelvin. — agora que o amigo havia dito, ele reconheceu a voz grave. — Acho que todos nós estamos em uma grande encrenca...
Ao fundo era possível ouvir alguns murmúrios incompreensíveis.
— Não... Isso tudo é verdade mesmo? — Leonardo bateu a mão em sua testa. — O que aconteceu com todo mundo? A cidade toda foi infectada? Onde você e os outros estão?
— Espero que não resolva nos matar e tudo o mais... — fez uma pausa e Léo pode jurar que o rapaz engolira em seco antes que prosseguir. — Porém, estamos aqui embaixo da sua casa, mais precisamente no seu porão.
— Mas o quê?! Você e mais quem? — Léo rapidamente saiu da sala e foi andando até o porão. — O que diabos vocês estão fazendo aí?
— Desça logo e vamos conversar. — e finalizou a ligação.
Chegando próximo a porta do porão notou que ela havia sido arrombada por algum pé de cabra. Girou os olhos e com a ajuda de uma lanterna, a qual havia encontrado no chão, foi descendo os degraus. A luz estava ligada lá embaixo e agora ele podia ouvir vozes... Essas eram bem fáceis de serem reconhecidas.
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Cidade do Paraíso
Science Fiction"A única coisa que você pode escolher é pelo que você irá arriscar".