Cap. 10

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Meus olhos pareciam não querer abrir, parece que todo meu corpo quisesse me prender naquele pesadelo.

   — HOJE É UM NOVO DIA! — Berrei dando um pulo da cama.
   — TÁ FICANDO DOIDO, MENINO!? — Minha mãe berrou do andar de baixo.
   — Ainda precisa perguntar? — Respondi descendo às escadas. — O que tem de café da manhã?
   — Além de louco ficou cego? Olha na mesa oras.

Revirei os olhos e me joguei na cadeira.
Minha mãe fez o café da manhã de quase todos os dias: ovos e bacon.
Empurrei a comida goela abaixo e me aprontei o mais rápido possível.

Ao sair de casa me deparo com Kai descendo minha rua.

   — Eu estava indo te buscar. — Ele falou com um sorriso.
   — Bom, aqui estou eu. Vamos?

Kai sorriu como sinal de positivo e segurou minha mão.
O caminho até a escola foi bem calmo, apesar de estranhar estarmos calados o caminho todo.

   — PETERSON BAKER! — Lívia gritou.
   — O que eu fiz dessa vez?
   — Nossa professora de artes vai fazer um show de talentos próximo mês então eu, você e Sia dançando no palco, neném.
   — Wow! Pera! Só podemos nos apresentar uma vez?
   —  A professora disse que podemos fazer até duas apresentações, por quê?

Eu abri um grande sorriso.

Okay, Peterson, você finalmente tem a oportunidade de cantar em público, mete o pé que vai dar certo.

   — Por nada, só algumas ideias minhas. Posso escolher qual música iremos dançar?
   — Tu que sabe. — Ela sorriu.

***

Os dias de aula passaram a se tornar cada vez mais repetitivos, era sempre a mesma rotina: acordar, ir a escola, beijar Kai, voltar para casa, fazer as lições e dormir. E nos fins de semana que eu não saia com Kai, eu passava os dias deitado ouvindo música ou estudando pro vestibular.

   — Filho, acorda! — Mamãe me cutuca.
   — Mãe, hoje é domingo, não enche. — Resmunguei ainda de olhos fechados.
   — Lívia ta aqui e se você não acordar eu mando ela subir aqui e te acordar com um balde de água igual a última vez.
   — Já acordei! — Dei um pulo da cama. — Diga para ela que desço em alguns minutos.

Com os olhos quase fechados eu caminhei até o banheiro e liguei o chuveiro.
Eu amava aquela sensação, a sensação de água caindo sobre o corpo, fazia eu relaxar.

Após o banho coloquei a primeira roupa que vi na frente e desci para falar com Lívia.

   — Achei que a mocinha nunca iria descer. — Lívia debochou.
   — E eu achei que só veria você amanhã.
   — É só que amanhã já é dia 4 de outubro e você sabe muito bem o que significa.
   — MEU DEUS! EU ESQUECI COMPLEMENTE! — Arregalei os olhos.
  — O que tem amanhã, Lívia? — Minha mãe perguntou.
  — Nada que a senhora ainda precise saber, mãe.
 
Ela revirou os olhos como resposta.

   — Bom, como amanhã você vai estar bem ocupado, eu decidi que vamos ensaiar hoje e não se atreva a recusar porque o show de talentos já é nessa sexta.
   — Okay, okay. — Puxei Lívia para mais longe da minha mãe. — Mas você vai ao shopping comigo antes pra comprar o presente de Kai.
   — Tabom, então se arruma logo!

Sentei-me na mesa e enfiei o café da manhã goela a baixo e subi para o meu quarto e troquei de roupa mais uma vez.

E cá estava eu, mais uma vez nesse mesmo shopping. A lembrança de eu esbarrando com Andy naquela mesma livraria parecia não estar mais tão distante assim.

Verde - A cor do amor [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora