Cap. 13

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Chegando em casa eu noto mais um carro na porta e a luz da sala ligada.

- Mãe, a senhora está com um amante? - Perguntei confuso.
- Filho, além desse troféu você tem mais uma coisa a ganhar hoje. - Ela sorriu.

Fiquei confuso. Logo descemos do carro.
Assim que a porta foi aberta meus olhos se encheram de lágrimas. As mesmas lágrimas que jamais serão derramadas por Kai. Era meu pai.

- Pai? - Perguntei já ao choro.
- Quanta saudades, meu filho. - Ele correu para me abraçar.
- Você não sabe a saudades que senti do senhor. O senhor não faz ideia do tempo que esperei por esse abraço.
- Eu sei filho, me desculpe por isso, mas agora estou aqui.

Ele separou o abraço e foi em direção a minha mãe.

- Querida. - Ele a beijou. - Quanta saudades eu senti.
- Você faz muita falta, querido.

Após um longo período de beijos e abraços para matar a saudades, nós finalmente sentamos no sofá.

- Pai, o senhor vai ficar por quanto tempo?
- Filho, receio que não muito e sua mãe também.
- O que? - Berrei.
- Sim filho, eu irei abrir novas empresas, dessa vez no Brasil e outra da Rússia. Nossos negócios estão aumentando e sua mãe, bem... - Ele suspirou. - Ela quer sair do emprego dela e ter seu próprio negócio.
- Ainda não estou entendendo. - Engoli seco.
- Filho, sua mãe vai abrir seu próprio escritório psiquiátrico. Ela é formada nessa área e quer seu próprio negócio.
- E o que isso tem a ver com ela sair de casa?
- Sua mãe quer trabalhar em outro estado mas ela sabe que sua vontade é ficar aqui para ingressar na universidade de Oregon.
- Filho, daqui a uns meses você se forma na escola e essa casa é longe demais da universidade, então eu e seu pai te compramos uma casa. Ela fica em um condomínio fechado, tem dois andares, um grande quintal e lá fica perto da universidade. - Minha mãe tomou a voz
- Mas e a escola?
- Eu conversei com seu diretor e a escola oferece o ensino a distância. Você terá aulas normalmente só que em casa via internet.
- E meus amigos? - Meus olhos se encheram de lágrimas novamente.
- Eles podem te visitar nos fins de semana e durante às férias também, a casa é espaçosa podem até dormir lá.
- E quanto a dinheiro?
- Eu e seu pai abrimos uma conta em seu nome e depositaremos dinheiro lá todo mês e além disso, seu pai conseguiu um emprego para você lá perto, se quiser.
- Posso pensar?
- Filho, não temos opção. Não irei te deixar nesse bairro faltando poucos meses para se formar. Você precisa focar na universidade, é o que você sempre quis e este é o seu começo. - Meu pai tomou voz dessa vez.

Eles tinham razão, por mais que eu odeie perder uma discussão, eles venceram. Eu iria me mudar de qualquer jeito, só que dessa vez eu posso morar numa casa só minha e não precisarei ficar nos dormitórios de faculdade.

- Então eu irei sair da Califórnia e vou morar em Oregon?
- Não exatamente, encontramos uma casa que fica a uma hora da universidade porém a casa ainda fica na Califórnia.
- O.K. já que vieram aqui meter a faca no meu coração e dizer que sou obrigado a me despedir dos meus amigos antes da hora, eu vou tirar proveito disso.

Meus pais fizeram um olhar confuso.

- Pai, o senhor tem mais de 15 empresas de carro espalhadas pelo mundo. Eu quero um carro e mãe, já que a senhora ta tendo tanta influência com meu diretor, diga que eu ainda irei no anexo escolar me apresentar, já que venci o show de talentos, e ainda irei para o parque aquático com meus amigos e além disso vocês vão alugar um ônibus para essa viagem toda. - Falei com o tom mais confiante possível.
- Não acha que está pedindo demais, filho? - Meu pai me encarou.
- Pai, eu amo o senhor, mas o senhor passou mais de um ano fora de casa e quando chega me arranca da cidade em que cresci e dos meus amigos e me joga lá na baixa na égua. - Pareci a Charlie falando isso. - Então não venha aqui dizer que estou pedindo demais.
- Querido, como ele disse, você tem mais de 15 empresas espalhadas pelo mundo, pagar um carro e uma viagem pro seu filho não é nada.

Ele suspirou.

- Certo. O caminhão de mudança chega aqui no domingo. Você tem o sábado inteiro para arrumar suas coisas e se despedir dos seus amigos. Eu e sua mãe iremos com você e ficaremos lá até a terça. Quando é sua viagem mesmo?
- A professora disse que é daqui duas semanas.
- Ótimo, é o tempo que fecho com a empresa de ônibus e para você não pensar que vim aqui estragar sua vida e passar meses com raiva de mim, eu vou pagar o hotel com serviço de quarto para você e seus amigos durante toda viagem e darei dinheiro para você sair por lá. Pode ser? - Ele sorriu.
- É o mínimo que você pode fazer. Estou indo para o meu quarto, hoje foi um dia cheio de notícias desastrosas.

Subi as escadas e me tranquei no quarto.
Tomei um longo banho e peguei meu celular.

Pete: Gente?
Charlie: Oi.
Clarke: Oi.
Pete: Onde está Daisy?
Clarke: Ela e Charlotte tiveram uma discussão, então ela saiu do grupo.
Pete: Agora conta uma novidade.
Charlie: Foda-se essa briga. Vamos falar de outra coisa.
Pete: Então, eu terminei com Kai hoje e também descobri que vou morar sozinho.
Clarke: QUE?
Charlie: Masoque?
Pete: Descobri que Kai estava me traindo com aquele Allan maldito, bati na cara dos dois e humilhei eles no palco cantando uma música divina e expondo os dois em público.
Charlie: Eu tenho muito orgulho desse garoto, minha gente.
Clarke: Bateu nele? Ele sangrou? Queria ter visto essa cena.
Pete: Sim, Allan ficou com o olho roxo. Kai ficou apenas com a bochecha vermelha mas foi humilhado em público. Além do mais, eu venci o show de talentos, queridas. Existe humilhação maior?
Charlie: VOCÊ VENCEU? NÃO CREIO!
Clarke: EEEEEEH.
Pete: Sim, e ganhei prêmios também, mas explico isso mais tarde. Irei dizer sobre minha casa nova e a visita do meu pai aqui.

Expliquei toda a situação com meu pai e sobre minha mudança. Logo depois soltei o celular e abri meu diário.

Querido caderninho infeliz, hoje foi um dia cheio de altos e baixos. Meu romance com Kai foi por água abaixo devido a uma traição e descobri que irei morar sozinho. Estou sendo forçado a me despedi dos meus amigos mais cedo e deixar a casa onde cresci pra trás e isso dói meu coração.
EU NÃO QUERO DIZER ADEUS PROS MEUS AMIGOS.

Uma lágrima caiu no meu diário.
Eu o fechei e coloquei debaixo do travesseiro.

Joguei minha cabeça contra o travesseiro e comecei a chorar, chorei até pegar no sono.

***

A escuridão tomou conta da minha visão. Não acredito que estou tendo esse pesadelo de novo.
Dessa vez não havia névoa nem frio.
Eu ainda estava chorando.
Logo ele apareceu, seu rosto maléfico fazia minha coluna tremer.
- O que quer? - Gritei.
- O que eu quero? - Ele sorriu. - Quero falar aquilo que todos amam dizer. Eu avisei. Eu tinha razão o tempo todo. Você não passa de um tolo.
- Sabe, se você realmente sou eu, sabe o quanto estou sofrendo, eu irei perder meus amigos. Daqui uns meses eu serei só uma lembrança distante deles, nem irão querer mais me visitar. - Chorei.
- Tolo! - Ele berrou.
- Sou tolo mesmo! Mas idaí? Por quê se importa tanto?
- Não quero habitar no corpo de um idiota.
- Se adapte!

Sentei-me na cama e voltei a chorar.
Ele me olhou e disse apenas uma frase:

- Do meu rosto caem frias lágrimas de dor, elas que molharam este coração e esse maldito frio na barriga fez tudo virar gelo. - Ele suspirou.

A névoa tomou conta de todo o ambiente novamente e ele havia sumido.

Verde - A cor do amor [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora