- Ô filho, pega aquela coisa em cima do negócio pra mim! - Minha mãe berrou.
- Super entendi o que é pra fazer, mãe. - Soltei o celular.
- O meu celular em cima do balcão menino! - Berrou novamente, dessa vez com raiva.Levantei da cama e caminhei até a cozinha. Apanhei o celular e caminhei até o quarto da minha mãe.
- Você se estressa por nada. Como eu iria saber o que é "coisa"? Muito menos o que raios é "negócio"?
- Ai Pete, não estressa a minha paciência que já estou atrasada pro serviço.
Ela passava o protetor solar com pressa no rosto, deixando pequenas marcas esbranquiçadas sobre a testa e nas bochechas.
- A senhora está manchada aqui. - Passei o dedo pelas marcas brancas.
- Saiu? Que seja, tenho que ir. Vai sair pra algum lugar hoje?
- Estou querendo ir ao shopping hoje comprar uns livros com o dinheiro que papai me deu.
- Então vai com cuidado e tranque bem a casa antes de sair. Tchau.Ela puxou sua bolsa e, com passos rápidos, saiu pela porta. Ela sempre está atrasada pro serviço.
Liguei o chuveiro. A água fria escorrendo sobre meu corpo fazia minha mente viajar aos mais profundos pensamentos e lembranças que já vivi.
Lembrei-me do dia em que conheci David, estávamos na praia, ele me encarou com seus olhos escuros e a luz da lua clareou levemente sua pele morena. Ele sorriu pra mim. Eu senti meu rosto corar e o coração palpitar com mais intensidade.
Quão bobo eu era. Pensei.
Naquele dia achei que tentar algo com ele seria saudável, até sentir na pele o poder de uma sedução e de uma ilusão. Chega de pensar sobre isso, já passou, se controla.Desliguei o chuveiro. Caminhei em direção ao espelho e admirei meu reflexo.
- Queria eu ter o dom de ser bonito. - Sorri. Estava falando com meu próprio reflexo.
Coloquei meu óculos novamente no rosto e me vesti. A luz do sol que refletia em minha pele clara me fazia lembrar o calor do sol na Califórnia. Mais uma vez olhei meu reflexo no espelho, meus cabelos castanho claro estavam levemente desgranhados. meus olhos verde escuro são as únicas coisas bonitas do meu rosto. Penteei meu cabelo e escovei os dentes.
***
Depois de quase 20min esperando o táxi ele finalmente chegou. Não estava mais aguentando essa demora.
Me acomodei no banco traseiro, pus meu fone no máximo e ouvia o doce som da voz de Sia.Eu adorava admirar a vista da cidade pela janela do carro, me fazia esquecer os problemas, fazia minha mente se ocupar apenas na vista.
- Será que pode desligar o ar-condicionado? - Perguntei.
- C-claro.Abaixei o vidro e senti a brisa salgada dos ventos dá Califórnia e, mais uma vez, ocupei minha mente com a vista dos prédios e dos pedestres caminhando pelas calçadas com seus cachorros ou fazendo exercícios.
Depois de mais ou menos meia hora dentro do táxi ver o shopping já não me pareceu tão encantador. Talvez eu só quisesse passar um tempo longe de casa e não ir ao shopping. Desci do veículo e paguei ao taxista.
Caminhei pelos corredores do shopping e parei em uma loja de esportes.
- Anne? - Cutuquei suas costas.
- Pete, quanto tempo! O que veio fazer aqui, menino? - Ela me abraçou.
- Vim comprar alguns livros e aproveitei pra visitar minha "Tia" favorita.Anne não era minha tia de sangue, era a irmã da minha madrinha, a caçula, apesar de não sermos do mesmo sangue, ela é bem mais próxima de mim do que muitos parentes meu.
- Só nos rolézinho né? - Ela riu. - Daqui a pouco é meu intervalo, depois que comprar os livros passa aqui pra lancharmos juntos, beleza?
- Beleza. - Sorri.Abracei-a novamente e saí da loja.
A livraria ficava no último andar, só pra chegar lá eu precisava caminhar uma maratona, mas valia a pena.
Meus olhos ficavam maravilhados pela quantidade de livros. Eu amava ler. Ainda amo. E estar dentro de uma livraria enorme como essa me fazia me sentir em outro mundo.Fitei o corredor dos livros de fantasia. Meu gênero favorito. Eu deslizava o dedo indicador sobre a lombada dos livros, nenhum deles me interessava, eu estava procurando um em especial. Coroa cruel.
Enquanto estava concentrado nos livros meu corpo foi de encontro ao de um garoto. Eu o derrubei.Estendi minha mão para ajuda-lo, ele aceitou.
- Mil... - Olhei em seus olhos, olhos perfeitamente azuis claro. - Perdões. - Engoli seco.
- Relaxa, a culpa foi minha, eu deveria olhar por onde ando. - Ele passou a mão nos seus cabelos verdes.
- Não te culpo por quê sou do mesmo jeito. - Sorri.
- Está procurando um livro em especial?
- Na verdade sim, ele se chama coroa cruel. Conhece?
- Que coincidência! Eu estava justamente procurando esse livro. - Ele abriu um sorriso.Meu santo Deus que garoto lindo!
- Talvez possamos procurar juntos. - Ele acrescentou.
- É... É uma boa ideia. - Engoli seco.
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Verde - A cor do amor [Romance Gay]
Ficção Adolescente[Romance Gay] Gostaria de contar que toda essa história é feliz, que sou um adolescente com uma vida perfeita e que no final tudo estará mais perfeito ainda. Mas nem mesmo eu sei como isso acaba e pra falar a verdade nem quero saber. Por que a vida...