Cap. 09

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Assim que o último horário tocou saí a procura de Kai pelos corredores. Essa escola pareceu ficar sete vezes maior agora que estou procurando alguém.

Eu estava prestes a desistir de procura-lo na escola quando escuto um barulho de risos vindo da última sala.
Caminhei até lá. Escutei a voz de Kai, mas ele não estava sozinho.

Abri a porta lentamente.

   — MAS QUE PORRA TA ACONTECENDO AQUI!? — Berrei.

Havia um garoto beijando Kai no pescoço.

   — P-Pete! Não é o que você tá pensando!
   — Não Kai, com certeza não é o que eu tô pensando, porque eu não tô pensando nada, eu estou vendo com os próprios olhos. — Me virei e caminhei para longe de lá.
   — PETERSON! — Kai berrou.

Comecei a correr.

   — Volta aqui! — Ele segurou meu braço.
   — O que quer, Kai?
   — Allan é apenas meu amigo, meu melhor amigo, estávamos apenas brincando um com o outro.
   — Lógico, porquê é super normal brincar de beijar o pescoço do outro. — Revirei os olhos.

Kai suspirou.

   — Nós temos nossas brincadeiras, agora se você acha que eu perdi meu tempo fazendo tudo aquilo pra você ontem pra poder ficar com outro garoto hoje, que ache.
   — Não tente se fazer de vítima e não aja como se beijar o pescoço do outro fosse normal. Mas relaxa, já passou e eu acredito em você.

Ele sorriu.

   — Me da um beijo, vai. — Ele se aproximou.

Eu hesitei.

   — Tenho algo a dizer antes.

Sua expressão mudou.

   — Kai, eu acabei de te conhecer, mas você me faz sentir bem comigo mesmo, apesar de tudo que tem acontecido comigo atualmente, é como meu pai disse: Temos que tomar decisões loucas. K, eu quero namorar você.
   — I-Isso é sério?
   — Sim.
  
Eu mal pude ver seu sorriso, ele logo me puxou para um beijo.

***

Quando saímos da escola e fomos para minha casa a mão de Kai não saía da minha cintura. Parece até que ele quer mostrar pra todos que eu sou dele.

   — Já pode me soltar agora, K. Já estou em casa.
   — Achei que iria conhecer meus sogros hoje.
   — Wow, wow, wow... Começamos a namorar agora. Dê tempo ao tempo, K.
   — Eu só estava brincando, Amor.

Amor? Quando chegamos nesse nível tão rápido?

   — Tudo bem. Vai com cuidado e avise quando chegar em casa. — Sorri.

   — Tabom. — Ele me deu um selinho e caminhou até sua casa.

Depois de um longo banho tirei a noite pra falar com minhas amigas. Faz quase dois dias que não fico online. EU PASSEI DOIS DIAS SEM VIVER.

Pete: Meninas?
Clarke: Oi, Pete.
Daisy: Hmmmm... Oi!
Charlie: Deusépainumépadrasto! OLHA QUEM APARECEU!
Pete: Eu só sumi por dois dias.
Clarke: Muita coisa pode acontecer em dois dias.
Daisy: Clarke por exemplo, perdeu o BV dela.
Pete: MAS O QUE!?
Clarke: Com certeza! E nesse meio tempo também aprendi a falar coreano, alemão, russo e a escrever o alfabeto japonês todo!
Pete: Merda, Clarke. Achei que fosse sério. Tinha ficado até feliz aqui!
Clarke: Vocês sabem que eu serei a velha dos gatos! Que vai morrer BV e feliz!
Charlie: Você com certeza não é minha prima.
Daisy: Charlie, você também não é BV? Na verdade, todas nós aqui somos, menos Pete.
Charlie: Estou me guardando para o Ed Sheeran.
Pete: Sim gente! Já chega! Vamos falar sobre o babado... EU ESTOU NAMORANDO!
Charlie: COM QUEM?
Pete: Kai me pediu em namoro e eu aceitei.
Daisy: Assim tão rápido? Vocês não começaram a sair um dia desses?
Pete: Eu pensei a mesma coisa, Daisy. Mas foi como meu pai disse: As vezes precisamos tomar algumas decisões loucas.
Charlie: Own! Fico feliz que você tenha tomado essa decisão e espero que você não quebre a cara.
Clarke: WJDHKANDKABF. Todas esperamos.

Desliguei o celular e deitei, estava exausto.
Meus olhos lentamente pesaram e si fecharam.

~~~

A escuridão me cobriu novamente. Dessa vez parecia estar mais escuro que das outras. Um grande frio percorreu meu corpo, até meus ossos pareciam estar tremendo.

— Peterson Baker, como sempre ignorando a voz da razão.
— O que você quer dessa vez?
— O que eu quero? Talvez que você pare de ser você! Você me fez uma promessa e eu exijo que cumpra-a! — Ele mostrou mais uma vez a página do meu diário.
— Tem um pequeno erro nisso. Eu disse que desisto não disse que prometia. É diferente.

Seu olhar ficou ainda mais vermelho e dessa vez seus dentes perfeitamente brancos estavam selados, os de cima com os de baixo.

— PARE DE SER TÃO TAPADO! — Sua voz agora estava grossa e medonha. — Você, mais do que ninguém, sabe que para nós dois desistir é sinônimo de prometer não fazer mais aquilo. Será que você entendeu ou terei de desenhar?

Ele tem toda razão. Desde que ganhei esse diário, há três anos, eu fiz meu próprio dicionário e na sua primeira página está escrito que desistir é uma promessa.

— O que quer que faça então? — Engoli seco.
— Cumpra sua promessa.
— Não acha que mereço sentir o amor?
— Acho que você deveria pensar mais com o cérebro e não com a estupidez.

Sua silhueta ficou coberta de escuridão e em questão de segundos eu estava sozinho novamente.

— Essa é a hora onde eu deveria acordar! — Resmunguei com o nada.

De repente uma névoa rodeou meu corpo.
Senti uma penca de sentimentos sobre mim como se tudo de ruim que já senti tivesse voltado de uma vez. A gravidade me jogou para o chão, onde até mesmo respirar era um desafio.

— Isso é só o começo. — Uma voz sussurrou.

Verde - A cor do amor [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora