Durante o café da manhã o clima não estava muito bem, eu comia os waffles em silêncio enquanto meus pais bebiam café e esperavam eu falar algo.
— Eu não irei dizer que estou de bem com vocês se é isso que estão esperando. — Quebrei o silêncio.
— Filho, já dissemos que estamos fazendo isso para o seu bem. Estamos te dando uma casa apenas sua, esse é o sonho de qualquer adolescente, qual é o seu problema com isso? — Meu pai soltou o café.
— O problema não é ir embora e morar sozinho, vocês não entendem o que é criar o vínculo forte de amizade e imaginar que vai perde-lo pela distância. Eu achei que só ia sofrer isso depois do próximo verão, mas olha o senhor aí antecipando minha dor.
— Filho, se esse é o grande problema eu estou te fazendo um favor. Se seus amigos forem amigos de verdade eles irão te visitar ou ao menos falar com você todos os dias, caso o contrário eles não merecem sua amizade.Engoli seco e dei uma golada no meu chá de menta. Eu odeio perder uma discussão.
— Tudo bem, o senhor está certo. Eu só não queria perder isso cedo. — Suspirei.
— Filho, eu sinto muitíssimo vir aqui e te obrigar a se despedir dos amigos, mas eu quero o melhor pra você, quero que meu filho tenha as oportunidades que não tive e precisei dar meu sangue para conseguir.
— Ah! Eu odeio o senhor. — Levantei da mesa. — Sempre faz eu querer abraçar-lo. — Abracei-o — Como ficar com raiva de um pai que diz isso para o filho?Ele sorriu e me apertou.
— Agora se me dão licença, eu preciso encontrar meus amigos e me despedir.
Eu subi as escadas e me tranquei no quarto.
Vesti minha calça jeans preta de sempre com uma camisa cinza e saí para a casa de Susan.Ao chegar lá Susan, Lívia e Rey estavam lá me esperando.
— Ué, onde estão Leon e Luke? — Perguntei.
— A gente sabe que você só atura eles porque são nossos namorados, lá no fundo você os odeia. — Susan falou.
— É, não posso dizer que é mentira. — Sorri.Elas sorriram de volta e vieram para me abraçar.
— Não acredito que vamos nos despedir. — Lívia falou.
— Isso não é uma despedida, ao menos não para sempre. Iremos nos ver na viagem para Oregon e vocês podem me visitar sempre e vice versa.
— A escola não vai ser a mesma sem você lá. — Rey murmurou.
— Vou sentir falta das aulas de artes. Agora quem vai entregar quadros encharcados de glitter para a professora? — Susan falou segurando às lágrimas.
— Olha, acho que o Clay vai fazer esse trabalho por mim, meu gaydar sempre apita pra ele. — Sorri.Continuamos a nos abraçar, dessa vez eu não conti as lágrimas.
— Vocês sempre serão minhas melhores amigas e sempre marcaram meu coração, eu não quero que isso seja um adeus e sim um novo olá. Nossa amizade é mais forte que a distância e nada vai mudar isso.
Elas consentiram.
— Você sempre será nosso unicórnio furta-cor, Pete. — Rey disse mostrando um sorriso.
— Sempre. — Susan falou
— Sempre. — Lívia falou logo em seguida.
— E vocês sempre serão minhas três kengas, amo vocês.
***Na manhã seguinte o dia pareceu sorrir pra mim. Talvez essa mudança não seja tão ruim assim, olhemos pelo lado bom, eu nunca mais terei de olhar para Kai.
— Filho! Já tá pronto? — Meu pai berrou do andar de baixo.
— Já estou indo!Puxei minha mala e minha mochila e, pela última vez, encarei aquele quarto.
— Sentirei saudades. — Falei.
Ao entrar no carro eu pude ver pela última vez minha casa. Ela foi ventre de muitas lembranças minhas e a guardiã de todas as vezes que chorei escondido dos outros.
Coloquei meus fones de ouvido e fiquei observando a paisagem enquanto meu pai dirigia.Eu adorava ver as árvores, sentir a brisa salgada da Califórnia e ouvir os barulhos das árvores se mexendo devido ao vento, era uma terapia pra mim.
Assim que chegamos ao condomínio eu fiquei impressionado, as casas eram perfeitamente simétricas umas com as outras, cada uma tinha um gramado bem verde na porta e algumas casas tinham pequenos jardins encostados na frente da casa. Preciso montar um desses pra mim. Minha casa ficava no final da segunda rua, meu pai estacionou em frente ela e logo começamos a carregar às coisas.
— Posso ajudar? — Disse um garoto já ajudando a carregar minha mala.
— C-claro. — Encarei seus olhos perfeitamente castanhos, eram quase um amarelo de tão claros.Ele me ajudou a tirar a mala e a colocar na frente da casa.
Ele tinha o cabelo levemente ondulado, sua pele era mais bronzeada que a minha, ele era alto, mais ou menos da minha altura, tinha um porte atlético mas nada exagerado demais. Ele usava uma bermudinha curta juntamente com uma regata completamente branca.— Desculpe chegar assim, me chamo Lorenzo, Lorenzo Prandes.
— Prazer, me chamo Peterson Baker, mas pode me chamar de Pete... Não, me chame de Peter. — Sorri e apertei sua mão.
— Certo, Peter. Eu moro duas casa depois da sua se precisar de algo é só bater lá, ficarei feliz em ajudar.
— Pode ter certeza que se eu precisar eu bato lá.Ele sorriu e seguiu seu caminho.
— Você não perde tempo hein, filho. — Minha mãe falou.
— Quê? Não é nada disso mãe! — Fiquei envergonhado.
— Só estou dizendo. — Ela sorriu. — Ele é bonito.
— E a senhora deveria estar me ajudando a carregar as caixas. — Revirei os olhos.Ao entrar em casa ela já estava mobiliada tinha uma grande sala com uma televisão de 42 polegadas com um sofá médio em frente e logo no meio uma mesinha de vidro com meu Notebook. A cozinha era aconchegante, tinha uma geladeira, um microondas, um fogão 4 bocas, armários, vários armários e uma lava-louças. Havia um quarto de hóspedes com uma cama de casal, cabides espalhados pelas paredes e uma janela com vista para o quintal e um banheiro. Meu quarto estava em frente a ele, também tinha um banheiro, meu guarda-roupas novo, uma penteadeira, minha cama de casal e minhas caixas cheias de bagulhos que ainda irei arrumar e uma janela com vista para a vizinhança. O quintal era espaçoso, tinha uma grande árvore e uma daquelas mesas de piquenique e cadeiras de madeira.
— Gostou da casa, filho? — Meu pai perguntou.
— Está perfeita, pai.
— Fico feliz que gostou.
— Bom, eu vou arrumar as coisas do meu quarto.Subi as escadas e entrei no quarto, logo comecei a organizar minhas roupas e meus bagulhos.
Talvez eu goste dessa nova vida. Pensei.
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Verde - A cor do amor [Romance Gay]
Teen Fiction[Romance Gay] Gostaria de contar que toda essa história é feliz, que sou um adolescente com uma vida perfeita e que no final tudo estará mais perfeito ainda. Mas nem mesmo eu sei como isso acaba e pra falar a verdade nem quero saber. Por que a vida...