Cap. 12

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Kai arregalou os olhos, Allan mostrou um pequeno sorriso.

- A-amor, não é o que você está pensando! - Kai falou.
- Irei falar a mesma coisa que disse pra você antes. Com certeza não é o que estou pensando porque eu não estou pensando em nada, eu estou vendo com meus próprios olhos.

Durante um segundo eu pude ver a imagem do meu outro eu, os olhos vermelhos dele estavam brilhando e eu só pude ver seu maligno sorriso perfeitamente branco. Ele tinha razão o tempo todo.

- Você é muito idiota, Peterson. Achou mesmo que tudo o que Kai sentia era verdadeiro? - Ele se aproximou. - Olha pra mim, olhe para o que você nunca será.

Engoli seco.

- Parece que alguém ficou caladinho, bem com medinho. - Ele começou a me empurrar com os dedos. - Aquele babaca tinha razão quando falou aquilo pra você no refeitório, você não é ninguém sem suas amiguinhas. - Ele empurrou novamente.

Kai puxou ele pela cintura e ele chutou minha perna.
Toda minha paciência se esgotou.
Levantei a mão e dei um tapa não só nele mas em Kai também. Os dois mereciam. E continuei batendo.

- Sabe, vocês dois não passam de uns babacas, estão aí se achando pensando que vão me humilhar mas esqueceram de uma coisa, eu não discuto só com a boca. - Dei um soco em Allan. - Sabe, Kai você também merecia esse soco mais quero que você veja nitidamente o que farei com você naquele palco.

Saí de cima dos dois e andei em direção a saída.

- Só mais uma coisa. - Arranquei o cordão do meu pescoço e joguei no chão. - Acabou entre nós, babaca. E Allan, passar bem queridinho.

Logo pude ouvir eles me chamando para o palco. Ajeitei meu cabelo rapidamente com as mãos e subi correndo para o palco.

Em questão de segundos eu pude ver Kai sentando em uma cadeira lá no fundo com Allan(que estava com um hematoma no rosto).

- Sabe, eu subi aqui essa noite com a intenção de cantar Pretty Hurts, porém com alguns acontecimentos eu decidi mudar os planos. Professora, você pode pedir para me arranjarem um teclado?

Em alguns minutos um dos ajudantes da professora aparece com um teclado musical no palco e um banco.
Assim que comecei a tocar eu pude ver minha mãe chegando lá no fundo, ela logo sorriu para mim e reconheceu a música.
Eu comecei a cantar. Era Bird Set Free, de Sia.

A melodia, a letra era exatamente como eu estava me sentindo, um pássaro livre. Poderia voar sem peso, ir para aonde eu quisesse. Como se tivessem tirado aquilo que estava amarrando minhas asas para voar.

Quando a música terminou e todos aplaudiram, eu levantei daquele banquinho e com o microfone ainda na mão comecei a falar:

- Antes de tudo, antes de avaliarem minha performance ou minha nota eu gostaria que todos olhassem para trás, para aquele garoto bem ali. - Apontei para Kai. - Estávamos namorando, claro que não durou muito, ficamos mais ou menos um mês juntos. Ele, talvez, possa ser a pessoa mais desprezível que vocês veram nessa escola, ele finge ser "o garoto dos sonhos", te trata como qualquer garoto merece ser tratado e sempre está ao seu lado, pelo ou menos é o que você pensa. Por trás das cortinas Kai é um garoto egoísta que só quer te usar para uma transa, que te ilude com tudo o que falei, ele me traiu no mesmo dia em que me pediu em namoro e como se não bastasse continuou me traindo com esse mesmo garoto que está de olho roxo do lado dele. Eu sei muito bem que um palco não é local de tratar brigas de relacionamento, mas um verme desse merece ser exposto em público. Na verdade, esses dois vermes se merecem. E essa música que cantei é exatamente como me sinto, livre, livre para voar e para viver longe de ilusões. - Deixei o microfone em cima do banco e desci do palco.

Logo outra pessoa foi chamada no palco, a plateia ficou em choque, todos começaram a cochichar sobre Kai. Não coisa boa, assim espero.
Minha mãe correu em minha direção e me puxou para um abraço.

- Mãe, desculpa não ter falado nada sobre o namoro, achei que estava cedo demais para isso.
- Não, meu filho, não precisa se desculpar. É preciso muita coragem para bater na cara de alguém e ainda humilha-lo em público. Esse é o filho que eu criei, um garoto forte que não tem medo das coisas. Você cantou lindamente, nunca te vi cantar dessa forma, eu estou muito orgulhosa. - Ela beijou minha testa.
- Obrigado, mãe. - Eu sorri.

As apresentações prosseguiram.
Susan, Rey e Lívia sentaram do meu lado e eu expliquei todo o ocorrido com Kai. Elas me abraçaram e ficaram me dando apoio.

Assim que as apresentações terminaram a professora subiu ao palco com os resultados.

- Hoje foi uma longa noite. Nunca achei que meus alunos pudessem ser tão talentosos, os resultados que darei agora não mostraram quem é o melhor ou pior e sim quem conseguiu se destacar no palco. Tivemos apresentações incríveis, alguns acidentes no palco, algumas discussões, alguns momentos engraçados, mas dentre tantas danças, malabarismos, truques de mágica, peças e cantos houve uma pessoa que se destacou não só por ter coragem de subir ao palco e expor seus sentimentos mas também por enfrentar os problemas sem medo e cantar com o coração. Nosso vencedor é Peterson Baker, cantando Bird Set Free.

A plateia começou a aplaudir. Eu fiquei em choque, jamais achei que ganharia apenas cantando.

- Nosso vencedor pode subir ao palco?

Eu comecei a sorrir e subi no palco.

- Quando você subiu nesse palco, cantaria uma música porém mudou devido a acontecimentos, como nosso vencedor poderia canta-la para nós? - A professora perguntou me entregando o troféu.
- Seria uma honra. - Sorri. - Eu deixei um playback da música com sua equipe.

A professora desceu do palco e eu comecei a tocar. Kai havia saído da escola após a humilhação. Eu estava me sentindo nas nuvens.

Verde - A cor do amor [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora