Cap. 07

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   — Conta tudo! — Susan falava.
   — Contar o que, garota?
   — Garota é a senhora sua madrinha. Já falei que não gosto que me chame assim. — Ela me olhou séria.
   — Garota! Garota! Garota! — Eu berrava.
   
Susan me fuminou com o olhar e beliscou meu braço com força.

   — Me chama de garota de novo que eu exponho seus segredos pra escola toda.
   — Chata!
   — Anda logo, Peterson, conte logo sobre seu encontro de uma vez.
   — Pera, Pete está falando sobre o encontro dele? Quero ouvir também. — Rey falou enquanto se virava pra mim.
   — Acho que ouvimos a palavra encontro. — Luke e Lívia se viraram também.
   — Quem ta se encontrando com quem? — Leon apareceu na porta da sala.
   — Da próxima vez eu faço um cartaz pra todos saberem também. — Revirei os olhos.
   — Desembuxa! — Lívia murmurou.
   — Tá, vou contar tudo.

Em um milésimo de segundo a porta se abre novamente, só que desta vez não era Leon, era Kai.

   — Pete? — Ele olhou pra mim. Ou tentou olhar, mas a muvuca de amigos não permitia.
   — Oi? — Levantei.
   — Posso te roubar por cinco minutinhos?
   — Até cinquenta! — Lívia berrou.

Durante um segundo senti meus olhos queimarem em direção ao rosto de Lívia.
Caminhei até Kai e o puxei para longe da sala.

   — Gostei da sua amiga. — K disse com um sorriso no rosto.
   — Lívia me mata de vergonha. — Bati minha mão contra a testa.
   — Relaxa.
   — Tudo bem. O que queria falar comigo?
   — Não posso ir na sua sala apenas pra te olhar?
   — C-claro que pode. — Senti meu rosto corar. — Apenas olhar?
   — Isso também. — Ele colocou uma de suas mãos em minha cintura e outra em minha nuca e me puxou para um beijo delicado.

Deixei o beijo prolongar e, lentamente, mordia seus lábios. Só então me toquei que estava na escola, no meio do corredor do lado da sala onde estão minhas amigas loucas que vão perturbar minha mente a vida toda por esse beijo. Num milésimo de segundo exitei o beijo e me distanciei dele.

   — O que foi? — Ele mordeu o lábio.
   — N-nada, é que... — Engoli seco. — Lembrei que tenho prova de português agora e preciso estudar, falo com você no intervalo. — Dei um selinho rápido em sua boca e corri para a sala.

Logo me deparei com minhas amigas boquiabertas e olhos tão arregalados que parecia que iam sacar de seu rosto. Que comece a explosão de perguntas.

   —  PETERSON BAKER FINALMENTE DESENCALHOU! — Lívia berrou.
   — Cala a boca, garota! — Sentei-me. — Eu achei que tinha deixado a porta da sala fechada, como olharam a gente se beijando?
   — Essa sala pode até ter ar-condicionado, mas tem janelas, eu simplesmente abri. Tirei até algumas fotos e já estão na minha história do Snapchat. — Lívia mostrou o celular.
   — SANTO ZEUS DO OLIMPO! — Arregalei os olhos. — Lívia, eu vou te dar cinco segundos para correr.
   — Você não seria cap...
   — UM... — Interrompi sua fala.
   — Você está blefando!
   — DOIS... — Encarei-a. — TRÊS....
   — MEU DEUS! — Lívia levantou.
   — QUATRO... CINCO!

Sem pensar suas vezes Lívia correu como se não houvesse amanhã.

***

Quando o sinal do intervalo bateu fui o primeiro a me retirar da sala. Morrendo de fome, como sempre.
Caminhei rapidamente até o refeitório e puxei uma bandeja com o lanche. Sentei-me na mesa de canto, coloquei meus fones de ouvido. O que é um lanche sem Sia? E ataquei a comida.

   — Eita, nem esperou o horário bater direito! — Rey falou.
   — Sorry bitch, estou de fones de ouvido, não to escutando nada. — Voltei a comer.
   — Ata, se não estivesse escutando não teria me respondido, vadio.
   — Não ouvi nada. — Cantarolei.

Rey revirou os olhos e começou a comer.

   — To interrompendo alguma coisa? — Kai apareceu de surpresa e beijou meu rosto.
   — Kai, ele ta de fone de ouvido, não ta escutando nada. Melhor voltar só mais tarde. — Rey piscou pra ele.
   — Ah, então to saindo. — Ele levantou devagar.
   — Fica. — Segurei-o. — Escuta às graças de Rey não, ela inventou isso.
   — Cara de pau, tu acabou de falar isso pra mim.
   — Shhhh.

Rey revirou os olhos novamente e voltou a comer.

   — Não ganho nenhum beijo? — Kai murmurou.

Dei um pequeno selinho dele e voltei a comer.

   — Quando formos embora eu te beijo de verdade, minhas casamenteiras vão surtar se me virem te beijando de verdade duas vezes no mesmo dia.

Kai sorriu baixinho.

   — Tabom. — Ele segurou minha mão.


Após o término do último horário, Kai foi até minha sala me buscar pra irmos juntos. Me despedi das minhas amigas e fui de mãos dadas com Kai até minha casa.

   — Pete, você fica tão lindo quando ri.
   — Obrigado, K. Você fica lindo quando finge que não está me encarando.
   — Nossa, eu jurava que estava sendo discreto. — Ele riu.
   — Precisa melhorar um pouco isso aí.
   — Acho que não, você disse que acha bonito, então não quero mudar o que te agrada.
   — Para de ser fofo. — Sorri.

Ele sorriu de volta pra mim.

   — Acho que chegamos em casa. — Disse.
   — É, acho que sim. — Ele me encarou.
   — Bom, você precisa ir pra sua casa também, melhor ir logo.
   — Não está esquecendo nada?
   — O que? — Mordi o lábio.
   — Achei que me beijaria, de verdade.

Meu rosto corou.

Dei um passo à frente e o beijei. Ele mordia meu lábio e procurava minha língua. Eu prolongava cada vez mais o beijo.
Durante um segundo tudo ficou escuro, Kai já não estava mais ali, nada estava mais ali.

   — Você me fez uma promessa, Peterson.

Aquela voz...

   — Eu não te prometi nada!
   — Lembra disso? — Ele mostrou a página do meu diário. A página que eu prometi à mim mesmo não me apaixonar por mais ninguém.
   — Isso não significa nada!
   — Você me fez uma promessa, não permitirei que à quebre. — Ele me empurrou com força.

Eu estava de volta na realidade, ainda nos braços de Kai, abri os olhos e exitei o beijo.

   — O que houve? — Ele molhou os lábios com a ponta da língua.
   — Ahn... Nada, só preciso fazer minha lição de casa. Me liga mais tarde.

Corri pra dentro de casa.

***

Querido caderninho infeliz... Parece que aquela coisa dentro da minha cabeça não é tão imaginária quanto eu estava imaginando, estou ficando com medo disso tudo, mas de uma coisa ele tem razão, eu prometi pra mim mesmo que não me apaixonaria, não posso quebrar essa promessa, não posso me magoar novamente. Eu preciso por um fim nisso com Kai.

Antes que eu pudesse guardar meu diário, meu telefone toca.

   — Alô?
   — Pete? É o Kai, podemos conversar?

Verde - A cor do amor [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora