Colin e Penelope: 1841

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Colin Bridgerton acordou com uma dor de cabeça anormal. Abriu os olhos piscando algumas vezes para se acostumar com a claridade.

— Que Deus me ajude! — resmungou.

Ao seu lado, Penelope, com um caderno de couro na mão, escrevia algo. Seus cabelos caiam nos ombros de encontro à fina camisola.

— Já pedi para trazerem o café da manhã — falou Penelope, sem tirar os olhos de sua escrita.

— Obrigado, querida. Julgo que ontem à noite passei da conta com os cavalheiros.

— Percebia-se quando Anthony e Gareth trouxeram você para nosso quarto. Eles estavam pouco mais sóbrios que você.

— E você, se divertiu com as damas?

— Sim — Penelope deu um sorrisinho com o canto da boca. — Aproveitei bastante.

— Penelope... Penelope, eu não sinto cheiro de álcool em você. — Colin levantou de uma vez, fazendo sua cabeça latejar ainda mais e seu mundo girar.

— Ora, Colin. Uma dama sempre se limpa após uma festa.

A verdade era que Penelope de fato não havia encostado nada líquido com álcool em sua boca. Toda taça servida para ela, era despejada no vaso de planta próximo ao sofá em que estava sentada. Claro, sem que as demais companheiras percebessem.

Os festejos nas casas dos Bridgertons eram sempre agitados. Com todos os filhos de Violet e Edmund casados e com filhos, era difícil perceber tudo o que estava acontecendo ao mesmo tempo. Após as crianças irem para a ala infantil e os cavalheiros se retirarem para uma conversa mais particular e com modos mal-educados para damas, as damas tiveram seu tempo a sós.

Penelope continuou escrevendo, sabendo que estava sendo observada atentamente pelo marido.

— Penelope... — Com um longo suspiro, Penelope colocou seu caderno de lado e voltou o olhar para Colin. — Por que não bebeu?

Alguns instantes se passaram, antes que Colin direcionasse o olhar para sua barriga.

— Não — negou Penelope. — Não que eu saiba, pelo menos.

— Então...

— Você sabia que pessoas alteradas falam coisas que não falariam se estivessem sóbrias?

— É claro que eu... — Penelope o encarou — Ah! A minha gatinha soltou as garras novamente — Colin sorriu.

— O que você andou falando, Colin Bridgerton?

— Não me recordo muito bem, mas lembro-me de ouvir algo sobre cavalos vindo do Michael... Diabos!

— Não entendi... — Colin levantou uma sobrancelha antes de Penelope ruborizar — Céus, Colin! Ela é sua irmã!

— Eu tenho culpa do que escutei? — Colin levantou as mãos em um gesto de rendição. — Eu preferia nem saber essa informação.

Porém, Penelope sabia mais. Bem mais. Lá pela terceira taça, as damas começaram a ficar alegres. Alegres demais. Até Francesca, que sempre foi a mais fechada dos Bridgertons deixou passar algumas coisas.

Penelope escutou tudo calada. Como a Lady Whistledown fez por vários anos. Como ela fez por vários anos. Apenas observando as cunhadas rodopiarem e contarem sobre suas vidas de casadas, sobre o que mais odiavam nos maridos e até o modo que os enganavam em certas horas.

— O que você sabe, minha querida? — Colin perguntou, lançando seu charme para a esposa.

— Oh! Sem chance. São segredos de mulheres.

— Eu contei para você o que ouvi.

— Contou por livre espontânea vontade. E outra, eu acho que você não ia gostar de saber mais coisas das suas irmãs.

— Oh, céus! Não. Mas... Vou ficar sem saber nada?

Antes que Penelope tivesse a oportunidade de responder, houve uma batida na porta.

— Só um instante — pediu penelope. — E, sim. Ficará sem saber de nada. Ou você pensa que a Lady Whistledown contava tudo o que descobria para o primeiro que aparecesse?

— Tecnicamente a Lady Whistledown contava tudo para a sociedade — Colin resmungou.

— Era assim que a Lady Whistledown trabalhava. — Penelope piscou para o marido, deu um beijo em seu rosto e levantou-se para atender a porta.

Coletânea de Contos Os Bridgertons [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora