Colin e Penelope: 1826

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Penelope Bridgerton que outrora fora Featherington, observava o céu noturno desenhado com estrelas pela janela de seu quarto em sua casa situada em Bloomsbury. Com um dos diários do marido nas mãos e a cabeça pipocando informações para um de seus romances, ela sorriu quando uma ideia com grande possibilidade de desenvolvimento surgiu em sua mente.

Deixando o diário de lado, Penelope sentou-se em sua escrivaninha para fazer as anotações necessárias antes de tudo evaporar e ela perder uma das melhores ideias que já tivera.

Colin Bridgerton entrou em seu aposento parcialmente despido: a camisa se fora, assim como os sapatos. O peito peludo e bronzeado estava à mostra, e esta foi a primeira coisa que Penelope notou. A garota parou no meio de sua anotação, levantou o olhar e falhou miseravelmente ao tentar repreender o marido pelos modos.

— Colin! — Ela arquejou, corando. — Não deveria andar assim pela casa!

— Eu sei, eu sei, eu sei. As criadas passariam mal.

— Colin!

— Todos estão dormindo, minha querida.

— Colin. — Ela pressionou.

— Ah, tudo bem — ele jogou a mão desocupada ao alto — A criada que estava na ala infantil com Agatha não conseguia me dirigir o olhar de tão vermelha que ficou.

Penelope levantou-se e foi em direção a filha, que estava nos braços de Colin. Com a cabeça apoiada no ombro do pai e uma pequena boneca de pano firme em uma das mãos, a menina dormia profundamente.

— Você não deveria fazer isso, Colin.

— Fazer o quê? Trazer Agatha para o quarto dos pais?

— Você me entendeu. — Penelope lhe direcionou um olhar cortante.

— Você ainda fica ruborizada quando me vê neste estado.

Penelope engasgou tentando falar algo, mas era impossível negar o que era uma verdade estampada em seu rosto. Literalmente.

— Muito bom saber que ainda causo esse efeito em você.

— Céus! Com quem eu me casei?

Colin gargalhou, fazendo Agatha se assustar.

— Seu ego vai fazê-la acordar! — Penelope pegou a filha e sentou-se em sua cama, embalando-a para que continuasse a dormir.

O terceiro irmão Bridgerton possuía uma admiração genuína pela esposa. Tanto pelos anos que ela passou escrevendo anonimamente, quanto agora, por ser uma ótima mãe: Carinhosa, cuidadosa e muito atenciosa com a filha

— Penelope — Colin sussurrou.

Penelope desviou o olhar de Agatha para Colin, que lhe beijou suavemente. Em seguida, colocou a mão na barriga da esposa e sorriu ao sentir que o bebê cada dia que passava, crescia mais e mais e logo estaria pronto para abrir os olhinhos para o mundo.

— Quando cheguei você estava escrevendo. Algo em especial?

— Na verdade é um rascunho.

— Posso saber do que se trata?

Afirmando com a cabeça, Penelope colocou a filha ao seu lado na cama, e com um pouco de dificuldade, levantou-se e pegou o papel entregando-o para Colin.

— Leia.

Poucos minutos se passaram até Colin erguer a cabeça com os olhos brilhando.

— Penelope... A história de um viajante?

— Sim. É um romance sobre um homem que viaja sozinho por anos conhecendo vários lugares do mundo, sempre fazendo anotações sobre os lugares por onde passa, até que um belo dia ele resolve ter um lugar para onde voltar, só que ele descobre que não era exatamente um lugar que ele procurava, mas sim, um alguém.

Colin ficou em silêncio.

— Eu queria falar com você antes porque eu me inspirei um pouco em você... Então... Seria justo sua opinião... Colin? — Penelope chamou quando notou o silêncio do marido.

— Como termina?

— Bom, eu ainda não sei muito bem, mas é algo entre ele descobrir que sempre teve uma pessoa debaixo do nariz dele, esperando por sua volta.

— Você... — Colin pigarreou — Você vai escrever sobre nós?

— Hum, não exatamente... Só em... Partes. — Ela disse insegura. — A menina invisível tem bastante coisa biográfica então não seria legal repetir e ter duas histórias praticamente iguais. O foco é no viajante.

— Esse viajante teve filhos?

— Creio que sim — ela respondeu. — Eu só sei da história até onde falei, pouco mais do que já foi rascunhado. Colin, você ainda não me disse o que achou...

— Oh, Penelope, a ideia é incrível! Eu me surpreendo com cada ideia que você tem e tenho certeza que ficará lindo.

— Dizem que quando temos um sentimento forte dentro da gente, as histórias que escrevemos saem mais bonitas, mais intensas.

— E você tem esse sentimento? — Colin perguntou o óbvio.

— Você tem esse sentimento? — Ela devolveu a pergunta, travessa.

Colin não respondeu, apenas começou a beijá-la. Penelope sabia onde a sequência de beijos os levariam, então antes que qualquer coisa pegasse fogo, interrompeu o marido.

— Colin, temos uma criança na cama conosco — ela sussurrou, apontando para Agatha.

— Só um segundo que vou resolver isto. — Colin levantou e tocou a campainha, que chamava pelas criadas.

Alguns minutos mais tarde, Colin – agora vestindo a primeira camisa que viu pela frente – entregou Agatha para uma das criadas. Ao fechar a porta de seu aposento, rapidamente despiu-se da camisa e foi ao encontro da esposa, que suspirou antes que o marido a tomasse nos braços e continuava de onde tinham parado. 

Coletânea de Contos Os Bridgertons [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora