Gregory e Lucy: 1841

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Pela janela do quarto, Lucy Bridgerton observava os filhos brincando no jardim. Para que eles não a vissem, a dama ficou escondida atrás da cortina. O dia estava lindo; com pouco vento e um sol radiante.

Nove filhos — pensou Lucy. Nunca em sua vida ela imaginou ter nove filhos e ainda ultrapassar a matriarca da família Bridgerton em questão de quantidade. Ela riu. Faltou apenas colocar o nome dos filhos em ordem alfabética, mas aquela função era da cunhada Daphne.

— Lucy? — Gregory entrou no quarto, fechando a porta atrás de si. — Do que está rindo?

— Nós temos nove filhos — Lucy virou-se para o marido — ultrapassamos sua mãe na quantidade de filhos.

— E encontramos a felicidade da mesma maneira que ela — Gregory foi para perto da esposa. Rapidamente, Lucy exibiu uma expressão triste. — O que houve? — Gregory levantou o queixo da dama.

— Eu... — ela engoliu em seco — Vocês quase me perderam... Eu sempre imagino como teria sido para vocês, principalmente para os mais novos, ficar sem mim.

Gregory sentiu um aperto no coração ao lembrar da aflição de não poder fazer nada após o parto das gêmeas, quando Lucy lutava para sobreviver.

— Não pense nisso — ele afastou seus pensamentos. — Por mais que tenha sido difícil, está tudo bem agora. Em perfeita sintonia.

Lucy concordou com um gesto e voltou olhar pela janela. Sorrindo, mais uma vez, observando os pequenos pedaços de sua vida correndo pelo gramado.

— O que está fazendo? — Gregory aproximou-se de Lucy por trás.

— Não deixe que te vejam, ou, em segundos, esse quarto estará cheio e com muito barulho — Lucy recostou-se no marido.

Gregory contemplou a cena: os filhos mais velhos brincando de cabra-cega enquanto Colin, Eloise e Francesca, os filhos mais novos que ainda necessitavam de colo, batiam palmas e gritavam para os irmãos.

— Você lembra quando eu lhe disse que esperava o nosso primeiro filho? — Lucy quebrou o silêncio. O olhar de Gregory encontrou-se com o dela.

— Com toda a certeza — ele afrouxou o colarinho da camisa.

Quando a esposa anunciou para Gregory que esperava o primeiro filho, o Bridgerton de número sete faltou fazer uma festa. Afinal, seu maior desejo era encontrar o amor da mesma maneira que os irmãos encontraram, e constituir uma família.

Após a notícia, Gregory saiu de casa feliz para caminhar e, ao longo do caminho, entrou em desespero. Céus, ele iria ser pai! Sem pensar duas vezes, mudou a rota que faria e foi para a casa de Anthony.

— Anthony — disse, assim que entrou no escritório do irmão mais velho.

— Gregory — o Visconde o cumprimentou.

— Eu tenho uma notícia.

Anthony encarou o irmão com uma sobrancelha levantada.

— Eu não escuto essa frase desde que Gareth St. Clair veio pedir a mão de Hyacinth em casamento e espero não escutá-la tão cedo vindo de um cavalheiro, para pedir a benção do casamento com Charlotte — Anthony sentiu um calafrio.

— Por Deus, Charlotte tem apenas seis anos.

— Ah, meu caro irmão, o tempo ele corre. Irá descobrir isso quando for pai.

— Então, é sobre isso que eu queria falar: Lucy está grávida.

— Ora, minhas felicitações — Anthony disse, feliz por ser tio mais uma vez, agora, de um filho de Gregory. — Isso merece uma bebida. — Anthony abriu uma garrafa e serviu dois copos, entregando um para Gregory, que bebeu de uma vez.

— Vamos com calma, rapaz.

— Eu serei pai, Anthony. Pai. Diabos, quanta responsabilidade isso implica?

— Não muita — Anthony foi irônico e deu um gole na bebida.

— Eu vim aqui pedir alguns conselhos. — O Visconde fez um gesto com a mão, indicando para Gregory ir em frente. — Como foi com Kate?

— Eu acho que Katharine não é o melhor exemplo de gravidez. Você deveria ter ido até Colin para perguntar como foi com Penelope, aliás, como está sendo novamente. Penelope está grávida.

— Diabos, Anthony, eu vim até você que entende mais do assunto. Você assumiu a família aos dezoito anos quando mamãe ainda estava grávida de Hyacinth, e, céus, Hyacinth está grávida novamente. Essa família resolveu engravidar tudo na mesma época?

— Maldição, Gregory! Para que tanto desespero? Respire, está bem? Nem o Gareth ficou tão desesperado quando Hyacinth engravidou pela primeira vez.

— Tem certeza? — Gregory levantou uma das sobrancelhas.

— Retiro o que disse. Enfim, faça tudo o que Lucy quiser, ajude-a. As mulheres nesse momento ficam muito sensíveis, com mudanças drásticas de humor — Anthony fez uma careta — ou é só com Kate que isso acontece.

— Certo... Obrigado.

De certa forma, naquele dia, Gregory saiu aliviado do escritório do irmão. Preparado para o que viria a seguir: a sua pequena família. E, mesmo já sendo pai, virou um ritual: cada vez que Lucy anunciava uma gravidez, Gregory corria até o irmão mais velho, para conversarem.

— Como se sentiu quando anunciei minha oitava gravidez? — Lucy tirou o marido dos devaneios.

— Bem mais tranquilo que da primeira vez — respondeu.

Lucy virou-se para ele.

— Não vai me contar que esteve desesperado com Anthony da primeira vez?

— Como você... — O rosto de Lucy sorriu de uma forma expressiva que Gregory conhecia muito bem: a esposa sabia de tudo. — Kate — ele completou a frase. — Não é à toa que você escolheu Katharine para o nome da nossa primeira filha.

— Apenas uma homenagem a minha grande amiga — Lucy sorriu, em seguida, tocou o rosto do marido — Fico feliz que você tenha conversado com Anthony da primeira vez. — Ela fez uma pausa — E das outras sete vezes também.

— Kate! — Gregory exclamou, indignado com a cunhada.

— Vejam — Lucy escutou uma voz infantil — é a mamãe e o papai no quarto. Vamos até eles! — A dama viu o pequeno Benedict de cinco anos gritar e sair correndo. Seguido de todos os irmãos mais velhos e algumas criadas, que tentavam controlar a bagunça das crianças.

— Fomos descobertos — Gregory deu um beijo leve nos lábios da esposa.

— Ah, sim! — Lucy aproximou-se mais do marido — Fomos descobertos. 

Coletânea de Contos Os Bridgertons [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora