Amelia e Daphne: 1835

4.9K 185 16
                                    

Amelia Basset, filha primogênita do Duque de Hastings e de Daphne, a mais velha das irmãs Bridgerton, escovava os cabelos diante do espelho da penteadeira. Seu casamento seria no dia seguinte, e ela sabia que a mãe, a qualquer momento, iria entrar em seu quarto para ter uma conversa só de mulheres, assunto do qual Amelia já tinha conhecimento.

Era a primeira neta a se casar, portanto, as expectativas da família estavam altas. Seria um grande casamento, com certeza. Reuniria tios, tias, irmãos e primos. Sem contar na avó que ela tanto adorava.

Tivera uma infância feliz, sempre cercada dos primos e das irmãs, suas duas melhores amigas. Pensar em Belinda e Caroline a fez sorrir. Sabia que a mãe, uma mulher que ela tanto admirava, também tinha uma relação de amizade com o irmão Colin, o mais próximo de sua idade. Sem esquecer as primas Agatha e Penelope que eram tão ligadas quanto às mães, Penelope e Eloise.

Uma batida fraca na porta a tirou de seus pensamentos. Pensamentos dos quais fez Amelia perceber, mais uma vez, que a família em que teve a sorte de nascer, podia ter como sobrenome a palavra união.

— Atrapalho? — Era a mãe.

— Nunca. — Amelia sorriu ao vê-la.

— Como se sente? Afinal, amanhã é o seu grande dia. — Daphne fechou a porta atrás de si e apontou para a cama, para que Amelia a seguisse.

— Com um pouco de frio na barriga, confesso, mas muito feliz. — Amelia sentou-se diante da mãe.

— Você o ama.

— Muito.

— Então será feliz com Robert, assim como sou com o seu pai.

Daphne tocou a mão da filha.

— Querida, vim aqui esta noite, agora que todos dormem, porque tenho um pequeno assunto para discutir. Na verdade, é mais uma orientação.

Amelia ficou atenta. Ela sabia o que estava por vir.

— Pode falar.

— Quando um homem e uma mulher se casam, eles fazem coisas... Os homens, eles... Céus! Agora entendo a minha mãe quando ela veio discutir esse mesmo assunto comigo.

— Mamãe... A senhora veio conversar sobre fazer bebês, certo?

Daphne engasgou.

— Basicamente.

— Oh! Não precisa se preocupar! Eu já sei de tudo.

— Sabe... de tudo?

— Sim. Quando a senhora comunicou à família que ia ter mais um bebê, eu e Belinda, que já tínhamos certa idade, ficamos curiosas e perguntamos as nossas damas de companhia. Claro, ocultamos o fato de Caroline, apesar de ela tanto querer saber. Sabíamos que a senhora não iria responder nem uma de nossas perguntas, e como tínhamos ideia que papai estava envolvido de alguma forma, preferimos não perguntar. Era isso ou perguntar para a tia Hyacinth, e é óbvio que a senhora ficaria sabendo.

Daphne ficou em silêncio.

— Nós não sabemos tanta coisa, mas entendemos como funciona o processo.

Mais silêncio.

— Mamãe?

— Certo! — Daphne sentiu certo alívio. — Vocês devem ter mais orientação do que tive. As damas de companhia contaram de bom grado? — Ela perguntou curiosa.

— Hum, algumas libras foram envolvidas no processo.

— Meu bom Deus! Vou ter uma conversa com Hyacinth! Todas as crianças dessa família vão acabar assim.

— Tarde demais — Amelia sorriu travessa.

Daphne balançou a cabeça de modo indignado. Colocando as mãos no colo, disse a filha:

— Espero que você seja muito feliz, minha menina.

— Eu serei. Tenho certeza. Mas julgo que vovó está ainda mais feliz que nós.

— Ah, com certeza! Sua avó casou todos os filhos e agora vai casar a primeira neta. — Daphne sorriu melancólica.

— Os Bridgertons nunca se importaram com títulos, não é mesmo? Mesmo o papai sendo um duque e o tio Michael um conde.

— Ah, não. Nós sempre pensamos na felicidade acima de qualquer título ou posse. Quando o seu tio Benedict, se apaixonou pela Sophie, ela era uma criada. Ele tinha receio quanto ao que a sociedade poderia pensar dos dois, mas o seu tio Colin, que era solteiro na época, instruiu-lhe. Bom, a história deles, um dia você conhecerá na íntegra.

— Tio Colin? — a menina perguntou espantada.

— Sim. Colin é uma espécie de cupido, ajudante do amor ou até mesmo casamenteiro. Ele só não percebeu isso. Logo você entenderá.

Daphne se levantou.

— Vou deixá-la descansar. Irei até à ala infantil olhar Edward e depois também me deitarei. Tenha uma boa noite, minha querida.

— Boa noite, mãe.

Quando fechou a porta atrás de si, Daphne respirou aliviada. Ela poderia esperar para ter certa conversa apenas com Caroline. Isso se as irmãs não se adiantassem, atiçassem a curiosidade da menina e lhe dissessem tudo antes que ela tivesse a oportunidade. Oh! Com certeza ela torceria para aquilo acontecer. 

Coletânea de Contos Os Bridgertons [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora