Capítulo 14

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Ema

-Está tudo bem contigo, Ema?- pergunta Jota parando o carro à porta do meu prédio.

-Não, mas vai ficar. Obrigada, Diogo- digo sincera.

-Quem era aquela? Porque é que discutiram? O que é que o André tem a ver com isso?- pergunta visivelmente confuso.

-Um dia eu conto-te, prometo. Agora tenho ir. Obrigada por tudo, Diogo- digo dando-lhe um beijo na bochecha e saindo do carro, entrando no meu apartamento.

Mal entro na minha habitação o meu telemóvel toca, dando indicação de que recebi uma mensagem.

Número desconhecido: Olá, Ema.

Eu: Quem és? Como é que tens o meu número?

Número desconhecido: Parece que afinal não trocaste de número.

Eu: Quem és?

Flashback

2 anos atrás

-Tenho que ir para o treino, amor- diz André dando-me um último beijo antes de sair de minha casa.

-Bom treino- digo acenando-lhe, fechando a porta, no entanto em vão, pois logo tocam à campaínha- Deve-se ter esquecido de alguma coisa- falo para mim mesma, abrindo a porta- Rita? Por aqui?- pergunto abraçando a minha melhor amiga.

-Vim saber como é que correu a ecografia?- diz enquanto vamos até ao meu quarto.

-Não muito bem- confesso.

-Então porquê?

-O médico disse que eu tenho uma gravidez de risco. Tenho que estar em repouso total- digo deixando cair algumas lágrimas, abraçando-me a Rita.

-Então quer dizer que não posso fazer isto- diz dando-me uma cotovelada muito forte na parte de baixo da minha barriga, causando-me uma enorme dor.

-Porque é que fizeste isso?- pergunto a chorar, apercebendo-me que comecei a sangrar- O bebé vai morrer, Rita.

-E??????- pergunta irónica.

-Liga para o 112- digo, ficando tudo preto depois.

André

Vou o mais rápido que posso até ao hospital, assim que recebo a notícia de que a Ema foi para lá. Mal lá chego vou a correr ter com o médico que se encontra juntamente com Rita.

-Como é que eles estão, Doutor?- pergunto desesperado.

-Lamento, André. O bebé não aguentou. Só conseguimos salvar a mãe- diz e nesse momento consigo sentir o meu coração a ser estilhaçado em pequenos fragmentos.

-Como é que isto aconteceu?- choro sentando-me numa cadeira.- Como é que pudeste fazer-me isto, meu Deus?- pergunta totalmente desesperado à entidade que acredito governar a nossa vida.

-Tem calma, André- diz Rita- Ao menos a Ema está bem.

-E o meu filho morreu. Sabes o que isso é?- pergunto aos berros.

-Eu disse-lhe para parar, mas ela não me ouviu- diz Rita.

-Não parou de quê?- pergunto sem perceber nada.

-Quando eu lá cheguei a casa, a Ema estava a beber alcoól descontroladamente. Eu tentei avisá-la, mas ela não quis saber, André. Foi ela que matou o vosso filho.

Atualmente

Número desconhecido: Já não reconheces uma velha amiga, Ema?

Eu: Rita?

Número desconhecido: Sabes onde é que eu estou agora?

Eu: Deixa-me em paz. Não percebes que eu não quero saber de nada relacionado contigo?

Número desconhecido: Achei que quisesses saber que o teu querido André, mais uma vez, não me resistiu.

Número desconhecido: Isso mesmo. Mais uma vez ele reconheceu que eu sou melhor que tu.

Número desconhecido: Sempre fui.

Número desconhecido: Parece que bastou ver-me outra vez para me levar para a cama.

Número desconhecido: Sim. É onde estou agora.

Número desconhecido: Ganhei.

Número desconhecido: Mais uma vez.

Mensagem visualizada à 01:21 h.

-Odeio-te- grito o mais alto que posso, atirando o telemóvel para cima do sofá e desfazendo-me em lágrimas.

Lies- André Silva Onde histórias criam vida. Descubra agora