Capítulo 15

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Ema

Acordo com o som da campainha a invadir a minha casa. Apercebo-me de que adormeci no sofá ontem à noite. Não posso continuar a fazer isto a mim mesma. Não posso continuar a chorar pelo André. Ele não merece as minhas lágrimas.

-Óliver?- pergunto abrindo a porta.

-Bom dia para ti também, Ema- diz rindo.

-Só se for para ti.

-Ui? Que mau humor é esse? O André disse-me que tinha estado contigo, mas nunca pensei que ficasses de tão mau humor.

-Nem me fales desse, Óliver. Estou-lhe cá com um pó. Se ele me aparece à frente juro que não respondo por mim.

-Isso está mesmo mau. A julgar pelo estado do teu telemóvel é mesmo melhor ele nem sequer te aparecer à frente- diz pegando no meu telemóvel que se encontra no chão desde a noite passada e apercebendo-se de que tem o ecrã partido.

-O meu telemóvel está como a minha cabeça, Óli- digo deitando a minha cabeça no seu colo.

-Eu acho que é mais como o teu coração, Ema- diz mexendo-me no cabelo.

-Não é o coração que sente as emoções, já te disse mil vezes, Óli. O coração só serve para bombear o sangue- digo fazendo beicinho.

-O que quer que seja continua a sentir emoções e muito fortes pelo André, princesa.

-Eu odeio-o. Ele não tem o direito de me fazer apaixonar por ele aos 15 anos, destruir-me e fazer-me gostar dele na mesma- digo soltando algumas lágrimas.

-Esse é o teu problema, Ema. Tu continuas a gostar dele. E é por isso que te sentes assim. Porque ele te magoou mas continua a ter o teu amor.

-Mas ele não me merece, não percebes? Ele faz sempre os mesmos erros. Ainda ontem foi para a cama com a Rita. Como é que ele consegue? Depois de saber que foi ela que matou o nosso bebé?

-Isso não é verdade, Ema. Ele passou a noite em minha casa de rastos- diz o Óliver.

-Se calhar foi antes de ir para tua casa, Óliver. Eu já não confio nele. E pára de mexer no telemóvel- digo e no instante a seguir tocam à campaínha e o Óliver levanta-se indo abrir a porta.

-André? É preciso ter muita lata. Sai daqui. Nem sei como é que sabes a minha morada- grito mal vejo o moreno à minha porta.

-Isso fui eu, Ema. Por isso é que estava a mexer no telemóvel.- diz o meu melhor amigo e eu fuzilo-o com o olhar- Ele tinha de saber o que é que a Rita inventou e vocês precisam de falar. Eu vou andando. Ouve-o pelo menos.- diz e sai empurrando André para dentro.

Flashback

André

Passaram-se duas semanas desde que a Ema perdeu o bebé. Eu sei que devia apoiá-la, mas cada vez que olho para a cara dela só consigo culpá-la. Ela matou o nosso bebé. Ela sabia que tinha uma gravidez de risco e foi beber. Pelos menos foi o que a Rita me contou. Ela nunca foi de beber. Parece-me tudo tão estranho. A Ema diz que foi a Rita que lhe deu uma cotovelada, mas ela não se lembra de nada em concreto. Sim, a Rita sempre se fez a mim, mas nunca ía matar o nosso filho. Não ía matar o filho da melhor amiga. Já não sei o que pensar. Só sei que não estou bem assim. Não consigo perdoar a Ema.

-Está tudo bem, amor?- pergunta a Ema.

-Não, não está tudo bem, Ema. Precisamos de falar. Tens a certeza que não bebeste?

-Tenho, André. Foi a Rita. Porque é que não acreditas em mim? Eu nunca te menti- diz.

-E a Rita nunca ía matar uma criança, Ema. Por muito que ele possa gostar de mim, ela é a tua melhor amiga.

-Não, André. Ela já não é minha amiga. Ela matou o nosso bebé. Como é que és o único que não acredita em mim?- grita comigo.

-Eu vejo a culpa na tua cara- grito de volta.

-Tu estás a dizer que a culpa é minha, André?

-Estou, Ema, Estou a dizer que a culpa é tua. Foste tu que mataste o meu filho.

-O teu filho? Até parece que foste tu que o fizeste sozinho. Eu já não te conheço, André. O que é que aconteceu ao meu André? Onde é que foi o nosso amor?

-Morreu juntamente com o bebé que tu mataste. E eu já não consigo olhar para a tua cara, Ema.

-O que é que tu queres dizer com isso?- pergunta já em lágrimas.

-Quero dizer que acabou tudo entre nós- digo saindo do quarto da minha ex-namorada, deixando com ela todo o meu amor e toda a minha tristeza e sabendo perfeitamente que lhe destrui o coração, tal como ela destruiu a vida do meu bebé.

Atualmente

-Tens 3 minutos, André. O que é que queres?- digo séria.

-O Óliver acabou de me contar tudo por mensagem. Eu tive que vir. Tinha que te vir dizer que é tudo mentira. Eu não fui para a cama com ela, Ema- diz o moreno aproximando-se de mim.

-Já não era a primeira vez. Ambos sabemos, André. E nem é que tenhas que te justificar comigo. Há muito tempo que deixaste de me afetar.

-Então porque é que os teus olhos me dizem o contrário? Porque é que estiveste a chorar, meu amor?- pergunta passando a sua mão pelo meu braço destapado, o que me faz arrepiar.

-Não me chames isso. E não me toques- grito com o moreno afastando-me dele.

-Eu não fui para a cama com ela. Acredita em mim- quase implora.

-Eu não quero saber, André. Por favor, vai embora. Eu não te quero ver mais à frente. Tu destruiste a minha vida. Culpaste-me pela morte do bebé e mesmo assim ainda não estás satisfeito. Porquê? O que é que eu fiz de tão errado para merecer isto. Eu só queria ser feliz. Deixa-me seguir em frente, por favor- quase suplico.

-Eu não posso, Ema. Perdoa-me por isto- diz caminhando lentamente até mim e agarrando na minha cara- Amo-te- suspira antes de colar os seus lábios aos meus e iniciando o beijo mais doloroso e ao mesmo tempo mais amado da minha vida.

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Olá.

Não me matem. Sei que já não atualizo há meses mas o 11º ano está a acabar comigo e mal tenho tempo para dormir. NO ENTANTO, sou apaixonada por escrever e por esta história. Tenho uma dívida com vocês pelo apoio que sempre me deram nas minhas histórias e por isso vou voltar a escrever sempre que puder. Peço desculpa por vos ter falhado. Espero que este capítulo enorme compense. Obrigada por tudo. P.S: Vale a pena continuar a escrever esta história?

Lies- André Silva Onde histórias criam vida. Descubra agora