Capítulo 8 ~ JADE

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Olho o relógio no meu pulso pela milésima vez desde que chegamos na Zem. Odeio lugares cheios, música alta; não consigo me sentir à vontade. Sinto-me sufocada com esse som alto, as luzes fazem minha cabeça doer. Literalmente, aqui não é o meu lugar.

Tento me enturmar, dançar, fazer parte disso, mas não consigo; não aguento. É demais para mim, não dá.

— Vou dar uma volta — grito no ouvido da Deby enquanto ela dança ao som do Dj que não sei o nome, mas que ela adora. Para mim é um som eletrônico como outro qualquer, não vejo diferença nenhuma.

Caminho entre as pessoas que estão dançando. Zem é uma casa noturna bem badalada da cidade, já vim outras vezes e só tem um lugar aqui dentro que eu gosto.

A área aberta, onde o som da pista de dança chega com um volume reduzido, assim como o número de pessoas. Caminho até do banco afastado que sempre acabo sentando para esperar dar o horário de ir embora.

Sento-me e estico as pernas sobre o banco. Queria cruzá-las ou abraça-las, mas o vestido que estou usando não me permite fazer isso sem pagar calcinha.

Olho novamente no relógio e são 23h15. Mais uma hora e quarenta e cinco minutos e estou livre, estarei voltando para casa. Vou tomar um banho, lavar esse rosto cheio de massa corrida, vestir uma roupa bem larga e me jogar na minha cama.

O vento gelado faz-me encolher e me abraçar, livro meus pés cansados do sapato apertado e desfaço o rabo de cavalo do meu cabelo, para tentar me proteger do vento gelado.

Observo as pessoas rirem e se divertirem, nunca fiz parte desse mundo. Na idade que tenho era para eu curtir, estar dançando, rindo, conhecendo gente nova e não aqui em um canto afastado observando as pessoas se "divertirem".

Acho que em nossas vidas temos prioridades e escolhas a fazer. Sair à noite e ir em festas, nunca esteve nas minhas. Momentos como esse me fazem refletir sobre a minha vida. Tudo o que eu preciso é de um emprego, alguém que me dê uma oportunidade. Com emprego, vou ter um salário fixo e as coisas vão começar a melhorar. Não posso ser ingrata, vó e eu já estivemos em situações bem piores, mas sei que ainda vamos ficar melhores do que hoje.

Algumas vezes tenho vontade de falar para a vó vender a casinha que moramos e tentarmos a vida em outro lugar, onde as pessoas não nos conheçam. Talvez as portas comecem a se abrir. Mas logo desisto dessa ideia, a casinha que moramos é a única coisa que meu avô deixou, sei que ela gosta da casa e se lembra de bons momentos de quando ele era vivo. Lembranças de uma vida a dois.

— Posso me sentar? — me assusto com uma voz próxima a mim. Mesmo antes de olhar para a pessoa meu coração acelera, meu estômago fica como se tivesse várias borboletas. Respiro fundo e tento disfarçar as minhas emoções. Olho para ele e respondo em um sussurro:

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