chapter five

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"A esperança é a única coisa mais forte que o medo"

Presidente Snow em Jogos Vorazes

- Não esqueça do sal - Rafael observava a menina do outro lado da tela.

Estavam a vinte minutos conversando enquanto Clarissa preparava um omelete para jantar.

A chuva caia sobre a cidade sem piedade alguma. O barulho dos pingos batendo no telhado, hora se intensificava, hora diminuía. Fazia algum tempo também, que Samuel estava desaparecido entre os cômodos do casarão.

- Prontinho - Duval cantarolou, passando a massa amarelada da frigideira para um prato de louça.

- Então nos falamos novamente amanhã? - Rafael sugeriu.

- Amanhã.

Depois de finalizar a chamada e deixar o celular sobre um dos armários, a menina caminhou até o balcão de mármore da cozinha e puxou um dos bancos para se sentar e comer. O tilintar do garfo batendo no prato a distraiu, e quando Clarissa ergueu os olhos novamente, o espírito estava sentado à sua frente.

- Samuel, não faça mais isso - pediu chateada.

- Então segunda-feira você voltará para casa?

- Sim, eu preciso voltar à trabalhar - ela disse, levando um pedaço do omelete até a boca.

- Vocês costumam cozinhar juntos? - ele perguntou.

- Rafael e eu? As vezes.

- Vocês... namoram ou algo desse gênero?

- Samuel o que há com você? - ela riu.

Eles se entreolharam. O rapaz se levantou e foi até a pia, ficando de costas. Sua calça jeans preta já estava surrada e levemente encardida diante da observação da garçonete. Esta, não entendia direito o que estava acontecendo. O espírito se virou e visualizou a menina de pé a dois passos de distância de seu rosto.

Agora ele precisava apenas se empenhar o quanto lhe fosse cabível para conseguir tocá-la.

- Samuel, o que - ela foi interrompida quando sentiu o dedo do rapaz encostar a sua bochecha.

Clarissa tremia como gelatina. Estava frente a frente com o rapaz mais lindo que tivera a oportunidade de encontrar em dezoito anos. E então ele se aproximou juntando os seus lábios nos dela e pressionou-os durante alguns instantes, até que voltasse a ser apenas um espírito e ela, a menina que herdara a casa da mãe biológica.

- Clary eu... eu sinto algo muito forte por você. Muito forte. Talvez o fato de você ter me ajudado em meio a toda essa confusão, com a minha vida e com a sua, tenha me influenciado nessa conclusão, mas...

- Mas...?

- Mas eu também sei que você vai embora assim que a noite cair amanhã e eu vou continuar sendo... sendo isso - suas palavras saíram com pesar. Samuel meneou e disparou em direção a porta do chalé, e a atravessou direto, deixando Clarissa sozinha naquele imenso casarão.


As Luzes do CasarãoOnde histórias criam vida. Descubra agora