Takai desceu para o templo satisfeito com a conversa que teve com Kamisama. Ele adiaria a viagem ao máximo e já traçaram um plano para proteger Akise se necessário. O templo era passagem obrigatória para chegar à casa do deus dragão. Qualquer movimento suspeito Ryusei seria avisado.
Assim que o monge foi embora o dragão entrou, seu pequeno estava dormindo. Resolveram conversar do lado de fora para não o acordar. Olhando seu amante dormindo, sorriu. Nunca imaginaria marcar alguém. E realmente tinha ervas que buscava em lugares longínquos. As vezes viajava na sua forma humana, outras na forma de dragão que é mais rápida e resistente. Com as desconfianças do monge Ryusei resolveu viajar mais tarde. A caravana de Katashi só saia daqui 40 dias. Iria com eles até metade do caminho.
Ouvindo os barulhos do seu ômega acordando se aproximou dele. Foi logo envolvido pelos braços e sofreu um ataque de pequenos beijos. Sorrindo afastou com carinho o menor.
- Bom dia, dorminhoco! Vamos lá!! Vou te ensinar a colher as ervas certas e fazer os remédios.
Com muita preguiça Akise levantou-se, comeu alguma coisa e saiu.
**
Tinha passado 20 dias desde o Solstício de Verão. Akise foi cedo até o templo falar com Takai. Ele precisava tirar umas dúvidas. Será que tinha alguma coisa nos registros do templo sobre o passado amoroso de Ryusei? Ele não falava nada. O menino já tinha dado várias indiretas. Se o deus tivesse tido filhos estaria registrado, não estaria? Afinal, ele diz ter 3 mil anos de idade. Nesse tempo todo não teve família? Isso o angustiava demais.
- Aqui estão os registros sobre Ryusei Kamisama desde sua chegada. Tem alguns diários feitos por ele próprio e guardamos aqui. Acredito que algum antepassado meu roubou de dentro da caverna durante seu sono. – Takai apontava para algumas prateleiras da biblioteca do templo. – Fique à vontade. Vou fazer um chá para nós.
Depois de umas horas fuçando nos papeis Akise desistiu e foi tomar um chá com o monge. Chegou todo empoeirado e cabisbaixo.
- Pelo jeito não encontrou o que estava procurando.
O rapaz sacudiu a cabeça em uma negativa e pegou a xícara de chá que lhe era oferecida sentando-se.
- O que esperava encontrar?
- Algo sobre Ryusei, se teve família, amores. Ele não se abre muito. Sempre que toco no assunto ele se fecha.
- Bem, garoto... imagina que ele já viveu 3 mil anos. A média de vida dos dragões é bem longa entre 5 e 7 mil anos. Ele agora deve estar na meia idade. O equivalente aos 40 anos para nós. Ele viu gerações surgirem e morrerem. Eles não esquecem com tanta facilidade seus sentimentos como nós. Vivemos uma vida curta, então temos mais facilidade em excluir certas lembranças de nossa mente, de nosso coração. Mas, ele... deve ter lembranças de muito... muito tempo atrás que deve assombra-lo vez ou outra.
- Nunca tinha pensado nisso. – Disse Akise, pensativo. – Mas, mesmo assim... quero conhece-lo melhor. E... preciso falar sobre outra coisa também... mas essa é segredo. Não quero que Ryusei saiba. Você precisa dar sua palavra.
- O que é?
- Primeiro dê sua palavra de que não vai comentar com ele.
- Está bem. Eu dou minha palavra que o que for falado aqui, fica aqui.
- Tenho sentido enjoo de manhã. Como posso saber se não estou carregando um filho dele? Uma das coisas que procurava era registros... se alguém tinha tivera um filho com ele... registros da gravidez, do parto. Pra saber o que esperar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Solstício de verão [Completo]
Short StoryUm amor capaz de curar o corpo, o coração e a alma. Akise não acreditava no amor. Depois de ser vendido, ter o corpo usado e quebrado, seu coração estava frio e sua alma pesada. Ele só acreditava em sua determinação. Tudo isso muda quando ele é dado...