Capítulo 2: Aflitiva condição! Tragédia entre dois irmãos.

193 32 7
                                    


Dentre as pessoas que mais foram afetadas (mesmo que indiretamente) pela Lei do Desvio Nulo estava Rodrigues, jovem de vinte e três anos grande fã de natação e dos locais onde era possível jogar videogames, morador da cidade de Santos, que ele adorava e considerava como seu insubstituível lar. Rapaz de cabelos castanhos com uma franja repartida que se colocava para frente de sua testa, um metro e oitenta e oito, olhos negros e pequenos, magro, de rosto jovial, porém que imprimia certa urgência e senso de observação, seu maior desejo era poder arrumar meios que ajudassem a diminuir e a eliminar as coisas que impediam as pessoas de realizar seus sonhos e objetivos. Isso muitas vezes o fazia fica mais do que obstinado. Poucas coisas pareciam o desanimar ou desistir de sua busca. O que mais ressaltou e incentivou isso eram as lembranças do que havia acontecido ao seu irmão Carlos, há mais de sete anos atrás. Até hoje está fixo em sua mente a última vez que ele falava com alegria na voz...

Bastou uma minúscula reação durante uma briga na saída do banco onde trabalhava para que o futuro de Carlos mudasse para sempre a partir dali. Um tiro que alguém tão jovem, de um metro e noventa e um de altura, com cabelos espessos e muito curtos, inteligente e com uma carreira em um banco e noivado praticamente consolidados não precisava ter recebido.

Não demorou muito para que Rodrigues, que usava um jeans surrado e uma camiseta negra chegasse ao local, acompanhado de seu pai Antonio e de sua mãe Maria, sendo que eles mal tiveram tempo de se prepararem para um evento tão trágico. Observando com temor seu irmão estirado no chão e com a respiração fraca, Rodrigues logo pressentiu ou que ele não sobreviveria, ou então...

-Isso não! – gritou logo ele, ficando irritado com um temor que não saia de sua cabeça ao ver aquele sangue no chão saindo das costas dele, manchando sua camisa social branca e sua calça cinza. Seu susto naquele momento foi tão grande que ele quase havia empurrado os policiais para poder chegar mais perto e saber o que exatamente havia acontecido de fato.

-Como ele está? – perguntou logo Antonio, se aproximando com a mesma aflição também:

-Pelo que nos foi relatado, o sujeito que atirou nele era um "amigo" que não suportou vê-lo conquistar a mulher que ele queria, e ele aproveitou para tirar satisfações com seu filho assim que ele saiu do trabalho... – foi logo explicando um dos oficiais, mas os médicos haviam chegado tão rapidamente que ele teve que cortar a sua fala pelo meio.

Rodrigues esperava que o fato de seu irmão ter sido imobilizado com um apoio para o pescoço assim que os médicos haviam chegado era tão somente para que fosse atendido de maneira mais eficiente. No entanto, ouvir o prognóstico de um deles já foi o suficiente para deixá-lo transtornado:

-Ele recebeu um tiro nas costas; felizmente não foi fatal, mas em todo o caso temos que levá-lo o mais depressa possível daqui... Por favor, com licença todo mundo! Não obstruam o caminho...

-Ei, esperem... – disse logo ele, e por mais que estivesse sim feliz de saber que seu irmão sobreviveria, seu temor agora era outro. -Vamos lá, o quão grave isso realmente foi? MAS QUE "AMIGO" FILHO DA... – perguntou e vociferou Rodrigues, quase não acreditando que aquilo estava acontecendo, tal qual seus pais. Eles também sentiam o mesmo, e só não externarem isso em voz alta por causa do choque que estavam sentindo...

Já o chefe de Carlos ligou tanto para a delegacia local como também ao hospital mais próximo e a família dele informando rapidamente sobre o ocorrido... mas não antes de dizer logo de cara que um DESVIO surgido da briga foi cometido (como se o incidente em si não fosse desgraça suficiente). Claro que ele não deu esse aviso para atrasar o socorro que estava por vir, mas sim para ver se podiam fazer algo a respeito daquilo para que não fossem perdidos mais recursos; isso fez com que todos que estavam envolvidos no resgate misturassem rapidamente seus olhares de preocupação com um de certo ressentimento assim que perceberam que quem teriam que resgatar era a pessoa apontada pela Lei do Desvio Nulo.

O Manipulador de Consequências Vol.1: RodriguesOnde histórias criam vida. Descubra agora